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Quadriênio 2016 - 2013

Total de teses defendidas: 51

TESES DEFENDIDAS EM 2016

Total de teses defendidas: 06

Ronaldo Eduardo Ferrito Mendes
Título: A ESSÊNCIA DO AGIR E O CÍRCULO DA EXISTÊNCIA:INSTÂNCIAS DA PERFORMANCE Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro Páginas: 105 Resumo A tese em questão se compreende enquanto um posicionar-se (thesis) essencial pelo pensar o nosso estar na existência a partir de um agir originário, isto é, um agir auto e ontopoético, numa permanente referência à performance. “Pensar o nosso estar na existência” e o agir (não sendo “pensar sobre”) necessita de uma travessia apropriada, do perfazer-se de um método próprio que se torne o próprio performar – esse assume o movimento do que passaremos a compreender e nomear por ekporeusis (imergir na pro-veniência originária das questões que, no percurso, emergem). Sendo o próprio performar, o método se torna de fato metá-hodós (caminho através do qual algo vem a ser, surge e se torna) para a performance e para o agir poético no transcurso do círculo existencial, com suas instâncias (imagem e presença), a ser percorrido. Cada instância demarca o âmbito e o centro de algumas questões radicais a serem pensadas ex-centricamente (imergimos ao centro da questão para dele emergir, ex-, o sentido que guarda para nosso estar – no mundo). Cada instante nas instâncias encerra e descerra o que nos concerne (cum cernere), e pelo que se performa a nossa pro-cura (cura, cuidado e cura) – as questões nas quais nos movemos (moção), por co-moção, em nosso agir. É uma tese (posição de nosso estar na existência) nunca sobre, mas por e para esse agir. Agir e estar – no ser – é a primeira questão de um performar. Por essa posição, pensamos e performamos pela ekporeusis, isto é, em pro-cura e pela pro-veniência essencial, as questões radicais para a ação e, portanto, para a própria performance, tal como a sua própria essência, mas também a essência das representações, da ética, do agir, da existência, de corpo, o sentido, a presença, o estar, ser com e entre; todas no horizonte do agir e da performance, na travessia do círculo da existência, pelas instâncias da imagem e da presença.  
Patricia Maria dos Santos Santana
Título: O PUER AETERNUS E O PAI RECRIADO PELA AMBIVALÊNCIA NO JOGO CRIATIVO PÓS-MODERNO DE HILDA HILST Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Helena Parente Cunha Páginas: 280 Resumo A poesia e a prosa de Hilda Hilst estão muito marcadas pela presença de determinados componentes responsáveis por tornar a sua escrita peculiar. A múltipla representação da figura paterna em seus discursos particulariza seu trabalho dentro de uma perspectiva pós-moderna, refletindo intenções nas entrelinhas dos textos da autora, como, por exemplo, manifestar uma eterna preocupação em não crescer e eternizar-se na condição de puer aeternus (puella aeterna), ou seja, na condição de criança eterna que busca atenção e, por consequência, gera bastante trabalho. Apresentar-se puer/puella foi estratégia para se mostrar também como ser desejante. Analisar essas questões são partes da proposta deste trabalho que procura entender como Hilst pode mostrar-se assim e abrir caminhos para enfrentar também os estereótipos de uma sociedade ainda enraizada no conservadorismo. Prenderemo-nos a um estudo da obra poética Do Desejo, que é uma reunião de sete livros de poemas e de três obras narrativas da autora intituladas O caderno Rosa de Lori Lamby, Cartas de um Sedutor e A Obscena Senhora D.. As mencionadas obras revelam bem, na sua criação artística, as ambiguidades relacionadas ao nome do pai com o sentimento puer .  
Maria Rita Vieira Coelho
Título: CASOS ARQUIVADOS CRÔNICAS E PARECERES DE MACHADO DE ASSIS SOBRE POLÍTICAS LEGISLATIVAS EMANCIPATÓRIAS Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Teresa Cristina Meireles de Oliveira Páginas: 120 Resumo Casos arquivados – crônicas e pareceres de Machado de Assis sobre políticas legislativas emancipatórias é tese de Doutorado em Ciência da Literatura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que encerra os estudos de pós-graduação stricto sensu iniciados em O caso Quincas Borba, dissertação de Mestrado em Letras, da Universidade Federal Fluminense, em que foram enfatizados aspectos jurídicos na arquitetura da produção artística de Machado de Assis, realçando as relações, por ele estabelecidas, entre a Literatura, a História, o Direito e a Sociedade.  
Mario René Rodríguez Torres

Título: A LITERATURA FORA DO LUGAR NA AMÉRICA LATINA: TRÊS MOMENTOS INDECISIVOS (UM CONTO INACABADO DE GUIMARÃES ROSA, DOIS TEXTOS IRREMEDIÁVEIS DE BOLAÑO E A ESCRITA POSTERGADA DE MACEDONIO).

Orientador(a):  Prof. Dr. Luis Alberto Nogueira Alves

Páginas: 245

Resumo

Neste trabalho defendemos que não é possível dizer que a literatura é ou alguma vez foi uma ideia no lugar na América Latina. Tal defesa parte da constatação de que não houve formação de Estados nacionais soberanos e inclusivos, e não é mais possível acreditar que haverá; motivo pelo qual falar de uma literatura brasileira ou latino- americana formada perdeu o sentido. Como consequência, afirmamos que é preciso reler com outra perspectiva os autores que foram considerados o ponto de chegada de um processo formativo. Em um primeiro momento, nos ocuparemos de alguns textos de um deles, Guimarães Rosa, escritor que, entre outras coisas, predisse que para o ano 2000 o colonialismo chegaria ao seu fim na América Latina. Posteriormente iremos analisar o conto “El gaucho insufrible” de Roberto Bolaño, que transcorre na crise da Argentina de 2001, um dos acontecimentos que desmentiram a previsão de Rosa. A análise do conto será seguida da do ensaio “Literatura + enfermedad = enfermedad”. Estes textos nos permitirão indagar sobre o significado de escrever “literatura” desde a “América Latina” em tempos sem perspectiva formativa. Renunciando intencionalmente a linearidade histórica, a tese termina com um estudo de Macedonio Fernández, cujos escritos não tem como horizonte a formação de uma literatura nem de um Estado nacional, mas sua histerização e suspensão. Com a análise dos autores citados tentaremos mostrar que se já não é mais possível acreditar em um fim formativo nos velhos termos, também não é possível simplesmente deixar de falar de literatura e da América Latina, nem de reivindicar uma formação global e local menos assimétrica.

 

Fábio Galera Moreira
Título: SER HOMEM NO GRANDE SERTÃO: TRAVESSIA, TEMPO, SER Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro Páginas: 235 Resumo Dos muitos temas que poderiam ser ressaltados a partir da obra, um chamou mais atenção: a temática do tempo. As questões gerais que irão orientar esta tese giram em torno da temática do tempo, bem como em torno daquilo que se relaciona com as questões do tempo na obra Grande Sertão: Veredas. Quais sejam: o que é o tempo, na obra? O que diz o tempo na obra? Como ele se realiza? Em virtude do quê o tempo é tempo em Grande Sertão: Veredas? Como a narrativa se oferece a uma interpretação temporal? Todas essas questões visam explicitar o que vem a ser a vida do homem enquanto destino de existência, destino de liberdade e ação, em uma palavra, destinação. No caso de Riobaldo, seu destino foi permeado pelo medo e pela coragem. Assim, medo e coragem também constituem a temática da temporalidade em Grande sertão: veredas. Tudo isso perfaz a destinação do homem enquanto um acontecimento extraordinário. Resguardar a realização desse acontecimento é tarefa de todo homem e isto é o que pretendemos demonstrar como sendo a travessia de Riobaldo.  
Cristiane Brito de Oliveira
Título: Mulheres orientais na literatura: a desconstrução de um estereótipo orientalista na obra de Gibran Khalil Gibran Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho Páginas: 269 Resumo A tese aqui apresentada tem como objetivo o tema da mulher oriental árabe. Ao traçarmos um contraponto entre o estereótipo da mulher fatal oriental, impresso nomeadamente na mulher orientalista do século XIX, amplamente estudada por Edward Said, e a mulher oriental presente na obra de Gibran Khalil Gibran, em que o papel tradicional da mulher é altamente questionado, discutiremos a condição da mulher no mundo árabe, especialmente no Líbano, e avaliaremos a contribuição que suas obras tiveram para a mudança dessa visão. Nosso corpus será composto de narrativas produzidas em momentos distintos de sua carreira, e, em nossa análise desse material, serão focalizadas questões como a casa, a família e o casamento, para mostrarmos como se construiu a dominação masculina e como ela foi habilmente denunciada por Gibran  

TESES DEFENDIDAS EM 2015

Total de teses defendidas: 11

Alexandre de Oliveira Fernandes
Título: Axé: Apontamentos para uma a-tese sobre Exu que jamais (se) escreverá Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Helena Gomes Parente Cunha Páginas: 343 Resumo Axé. Encruzilhadas. A-tese. Corpo/Corpus de Exu. Estudos da desconstrução. Ambivalências. Gozo. Dor e prazer: da esquerda e da direita. Cachaça. Gargalhadas. Padê. Ritos e mitos. Exu é: Mãe Menininha do Gantois, Mãe Senhora, Mãe Aninha, Martiniano Eliseu do Bonfim, o Mestre Didi. Um multiplicado: Edson Carneiro, Artur Ramos, Juana Elbein dos Santos, Muniz Sodré, Síkírù Sàlámi, Ronilda Iyakemi Ribeiro, Reginaldo Prandi. Ao infinito: Michel Foucault, Jacques Derrida, Sigmund Freud. Exu erótico: potente estrovenga, fodilhança. Diáspora: Exu africano batizado no Brasil, compadre de Ogum. Diásporas: Exu nas Américas. Exu-Jorge Amado: cúmplices, mabaças, parceiros, compadres – Dorival Caymmi, irmão-gêmeo – a expressão ―trabuquear o croquete‖ é poesia das audácias manuais; Carybé, Mirabeau, Eduardo Portella. Amizades e controvérsias: Gilberto Freyre, Antônio Carlos Magalhães. Controvérsias: Abdias do Nascimento. Tenda dos Milagres: colonialismo, neocolonialismo, o bestialógico importado do imperialismo e a malandrice de Darcy Ribeiro, Leonardo Boff, teólogo da Libertação, Roberto Da Matta, antropólogo do alegre Brasil. Dona Flor e seus dois maridos: indecidibilidades. Nem Eros nem Tânatus. Ordem e Desordem. Origem, Verdade e Metafísica. Corpo/ Corpus de Exu: substâncias, órgãos, funções, histórias, acontecimentos, movimentos, afetos, pulsões, sensações, inconsciente, consciente, referências, dissertações, teses, teses de teses, citações de citações, notas de rodapé. Imaginários de Exu: O outro é instância simbólica. Cultura e Imaginário. Suportes de Exu: fotografias, textos literários. Literatura exuriana de Jorge Amado, grande tocaia: dizer não, quando todos dizem sim uníssono. Poemas, filmes, música, esculturas. Exposição de Exu: Carybé, Mestre Manu, Mirabeau, Mário Cravo – Junior e Neto; Christian Cravo. Documentários. Memórias. Carnaval. Ex-periências: colocar Exu para fora, fora de si. Derrota de Exu: retirar Exu da rota. Inventar Exu. Exclusão, seleção, borradura, marcas, rastos, fantasmas, recalque, retorno, différance. Fundamentalismos. Histeria, perversão, paixão. Mal-estar de Exu. Contextos: terrenos, terreiros, encruzilhadas múltiplas do imaginário. Bricolagens, mestiçagem. Samba carioca, jazz norte americano, música: Bezerra da Silva, Bob Dylan, Bob Marley, Fela Kuti, Gilberto Gil, James Brown, Jimmy Hendrix, Racionais Mc´s, Tim Maia, Tupac Shakur. Axé de Exu. Exu é Axé. Quem é Exu? O que ―significa‖ Exu? O que significa ―Exu‖? Um multiplicado ao infinito. Um que é mais de um: deve haver mais de um. ―Um‖ quem/o quê? ―Infinito‖ quem/o quê? Quem ―possui‖ Exu? Quem assume tal responsabilidade? A quem endereçar tais perguntas (senão a Exu)? Como endereçar cartas a Exu, este mensageiro? O mensageiro e a mensagem. Cartas roubadas. Exu manipula as cartas: entrega e não entrega. Chamado à tese responde sem ―interposição‖? Quem assume a responsabilidade por falar em nome de Exu? Quem lhe deu este nome? A questão do nome. Nome, violência, alteridade. Tradução de Exu. Que língua restitui Exu? Que língua fala (para/sobre) Exu? Linguagem, língua, tradução. Pode Exu dizer ―eu‖ como em uma autobiografia? Texto, autobiografia, o im-possível. Exu, para onde? Por onde? Em que arquivo? Em que arkhé? O outro-Exu e as diabruras da mesmidade: o Ocidente, o Oriente, a Cruz da Salvação. Alteridades absolutas de Exu. Hospitalidade absoluta. Acontecimentos e experiências: macumbas, igrejas, memórias, encruzilhadas e becos de Salvador, Bahia. Bara. Lonan. Ojisé Ebó. Odara. Yangi. Elegbara. Tranca Ruas e Maria Padilha: Exu-homem em tempos des-humanos: o mais humano, pênis provocador. Zé Pelintra e Dona Maria Navalha. Pedro Archanjo e Tereza Batista, Quincas Berro D´água e Gabriela. Vadinho, Dona Flor, Doutor Teodoro: signo do três. Exu homem-mulher: mestres de saveiro, capitães da areia, jagunços, vagabundos, prostitutas, putas. Exu-persona: inocência e fantasia, entranhas de Jorge Amado fecundadas pelo pênis do povo, coração, miolos, tripas, culhões. Apropriações, ironia, deboche: Pomba-gira no Templo de Salomão, pedras importadas de Israel, acarajé de Jesus, atabaque de Jerusalém, Exu salva, Exu te ama. Exu-Edir Macedo, Exu-Glauber Rocha, Exu-Jorge Amado, ateu que viu milagres como eu. Exu-Silviano Santiago, democrático, dança, batuca, ri no entre-lugar, intervém, mistura, enfeitiça, embaraça, causa embaraço, sataniza a divisão entre o alto e o baixo, o sublime e o funk, o sagrado e o profano: casa grande na senzala e vice-versa. Disseminação e pluralidade: o Indecifrável. Encruzilhadas de Axé. Exu encruzilhado. Aporias. Axés de um Exu por vir, que é meu sendo do outro. Axé.  
Francisco Renato de Souza
Título: Na trilha das recorrências da escrita de João Gilberto Noll Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Ana Maria Amorim de Alencar Páginas: 176 Resumo Esta tese analisa a escrita ficcional de João Gilberto Noll através de certos elementos discursivos percebidos por mim no decorrer do percurso literário deste escritor gaúcho, elementos estes que denomino de recorrências, a saber: a não-nomeação, a errância, o silêncio, a memória, a cidade e o sexo, dentre outras. A partir dessas recorrências que se desdobram em continuidade pela escrita de Noll, estabeleço um diálogo entre as suas narrativas, tendo como base teórica o pensamento sobre literatura do escritor francês Maurice Blanchot. Do diálogo proposto, constato que essas recorrências direcionam a escrita de Noll cada vez mais em direção a si própria, colocando em discussão a sua construção textual nos seguintes aspectos: a quebra da autoridade do autor, a instabilidade temporal e espacial da escrita; a impossibilidade da morte, entendida enquanto fim e objetividade; e a errância dos personagens, que, por sua vez, é o elemento propulsor das demais recorrências em destaque. Por fim, com esta tese, proponho um jogo de espelhos, no qual investigo as recorrências a fim de constatar um percurso que se dá em constante continuidade, em uma trilha incessante e interminável, a da escrita deslizante e ininterrupta de João Gilberto Noll.  
Frederico Antunes de Oliveira Figueiredo

Título: Uma reentrada na forma: Cem dias sobre uma tradução inacabada do romance de estreia de Lukas Bärfuss

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Vera Lucia de Oliveira Lins

Páginas: 344

Resumo

Esta tese se propõe a apresentar ao público brasileiro, pela primeira vez, uma imagem do escritor suíço contemporâneo Lukas Bärfuss a partir de seu romance de estreia, Hundert Tage, publicado originalmente em 2008, na Alemanha. Seu marco teórico é esboçado a partir das refexões do próprio escritor, seus ensaios e sua obra de dramaturgia, com breves digressões de Teoria Literária sobre o húngaro Imre Kertész e a americana Ruth Klüger. Para aferir a consistência das teses sugeridas neste trabalho de apresentação, uma tradução experimental do romance, sob o título Cem dias, é inserida em anexo.

 

Janaína Laport Bêta

Título: Prospecções: Artes Visuais, História e Crítica no Vigorar do Poético

Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro

Páginas: 210

Resumo

Acreditamos seja a arte a porção mais humana do homem, constituindo sua essência tanto quanto a liberdade. Vivemos dias ensombrecidos, onde, em nome da arte, desde Marcel Duchamp, apresentam-se dispositivos conceituais que nos causam perplexidade. Uma fissura abissal se instala entre arte e obras. Obras ausentes de arte. Onde o homem se perdeu de si mesmo e da essência do criar? Neste estudo imbricam-se artes visuais e sua escrita nos descaminhos do contemporâneo. Na modernidade o homem embrenha-se pelos caminhos do desvelamento explorador, e, enveredandose pela técnica moderna desconecta-se da face originária da arte. Tudo passa a girar em torno da funcionalidade e dos fins. Proclama-se o fim da arte e o fim da história. Mas o que é o homem sem arte e história? O que é arte? O que é história? Tais questões nos conduzem ao pensamento originário de Martin Heidegger acerca das questões do sentido do ser e do vigorar do poético. Para compreendermos os descaminhos da produção artística em nosso tempo e da escrita que a acompanha, antes haveremos de nos interrogar a respeito do que seja arte. Do que seja homem. Do que seja a humanidade do homem. Haveremos de pensar a essência do agir humano, a que os gregos nomearam poiésis.

 

Mauricio Chamarelli Gutierrez

Título: Notas a um plano contemporâneo

Orientador(a):  Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto

Páginas: 203

Resumo

Este trabalho visa abrir o caminho para um leitura do contemporâneo e de sua poesia, marcadamente no Brasil, recusando, no entanto, qualquer figura de época ou sentido epocal preconcebido, bem como qualquer recorte geracional. Interessa-nos chegar a um desenho anacrônico, desde o qual o contemporâneo, de acordo com uma provocação de Giorgio Agamben, define-se menos por um corpus referente a um período histórico (a outro período da história) do que por uma relação de ressonância que é anterior a quaisquer de seus termos. A espacialização fundamental a toda ressonância – formulada a partir da escuta de um texto de Jean-Luc Nancy – nos leva, então, a postular a figura de um plano, aparentado ao plano de imanência que atravessa o projeto de Gilles Deleuze e Félix Guattari: um plano contemporâneo como um espaço de relações e de experimentação contínua do contemporâneo e da história. O plano assim concebido desmonta cronologias; comporta fluxos anacrônicos, provenientes dos mais diversos tempos, abrindo (e abrindo-se como) a possibilidade de uma escrita anacrônica da história – escrita que perseguimos, marcadamente nas provocações de Walter Benjamin. A partir de tal plano, pretendemos formular algumas perguntas sobre a relação do poema com o tempo, com seu tempo e sua história.

 

Marco Aurelio Reis

Título: O subúrbio feito letra: o cotidiano da periferia em crônicas ácidas e carnavalizadas

Orientador(a):  Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes

Páginas: 112

Resumo

A presente pesquisa de tese tem como tema principal o estudo de uma tradição nas crônicas ambientadas no subúrbio do Rio de Janeiro. Nas obras de Lima Barreto, João Antônio e Léo Montenegro verificou-se que é grande a recorrência à crítica contra as condições de vida dessa região da cidade, merecendo, portanto, um estudo aprofundado. Foram feitas análises de crônicas dos três autores, nas quais se verificou que, em algumas delas, os elementos intertextuais, como referência e alusão, contribuem para crítica que os cronistas, ora de forma ácida e até brutal e ora de forma carnavalizada, imprimem em suas obras. Menos conhecido dos três, Léo Montenegro tem parte de sua obra resgatada.

 

Maria Clara da Silva Ramos Carneiro

Título: A metalinguagem em quadrinhos: estudo de Contre la bande dessinée de Jochen Gerner

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Ana Maria Amorim de Alencar

Páginas: 281

Resumo

Contre la bande dessinée, do autor francês Jochen Gerner, compõe-se de citações em torno das histórias em quadrinhos, às quais Gerner “responde” com desenhos. Em uma espécie de colagem de textos e imagens em justaposição, Gerner cria um efeito estético e epistemológico que demonstra seu posicionamento ético sobre os quadrinhos e sua crítica. É uma obra que coloca em jogo os próprios códigos que a constitui, em uma metalinguagem em quadrinhos recorrendo às práticas literárias e artísticas do acúmulo, do inventário, da assemblage e da citação. A presente tese analisa esse livro a partir de uma matriz teórica pós-estruturalista e contemporânea francesa.

 

Paraguassú Tavares Pereira Abrahão

Título: Percussão: toque de sentido

Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro e Marcia Sá Cavalcante Schuback

Páginas: 232

Resumo

A questão que se coloca com esta tese é, mais propriamente, um convite para a experiência de um toque que se diz como percussão. Como o próprio título sugere – Percussão: toque de sentido –, compreende-se aqui que toque é percussão e que percussão é toque. Há aí um jogo que revela a pluralidade da percussão. Observa-se, a partir desse jogo, o desdobramento de vários sentidos. Percussão é toque que ora diz respeito a quem toca os instrumentos, ora é toque que toca quem está aberto à escuta. Percussão é toque que traduz afeto, é sentido que orienta. Percussão como toque é fenômeno que, ao produzir um sentido poético, se dá como e pela linguagem marcando sua presença no mundo ao ser toque percussivo – que toca e é tocado, instaurando sentido, ou seja, toque. Com isso, pode-se observar que percussão é o que transcende a mera constituição instrumental. Ao ser toque de sentido ela não se restringe a um conjunto de instrumentos musicais, mas se instaura como possibilidade de a própria música ser e realizar-se como sentido poético. Percussão é experiência de mundo atravessada pelo afeto. É pensamento e criação que se dá em diálogo.

 

Raphaella Mendes Silva de Castro Lira Yaakoub

Título: Cartografia de um naufrágio: Reflexões sobre estilo tardio na literatura latino-americana

Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho

Páginas: 219

Resumo

Em um estudo comparativo de obras de autores latino-americanos, como Jorge Luis Borges, João Guimarães Rosa, Reinaldo Arenas e Roberto Bolaño, verificamos que todos eles apresentam, na fase mais avançada de suas carreiras literárias, certa mudança de estilo, que poderíamos designar, na esteira de Edward Said, de “estilo tardio”. Este conceito, proposto primeiramente por Theodor W. Adorno em um ensaio sobre a música de Beethoven, foi ampliado por Said, passando a significar a expressão encontrada por artistas que, ao serem confrontados com a finitude e o desaparecimento, trilharam uma rota lúcida de contrariedade e rebeldia. Mais do que a mera expressão do choque entre o ser e o seu fim, o “estilo tardio” é, assim, um complexo de elementos contraditórios que, resultante da consciência de um fim irremediável, exprime uma conexão entre biografia e expressão artística, e pode constituir-se como uma via de acesso à obra de autores que vivenciaram essa experiência. No caso específico da América Latina, cujos escritores acima mencionados constituem o corpus de nossa pesquisa, buscamos investigar em que medida o “estilo tardio” empregado por esses autores pôde manifestar, ao lado da consciência de um fim próximo, o confuso amálgama de realidades que constitui a América Latina.

 

Sheila de Almeida Machado

Título: Impetuosos coros profanadores, centrifugados ânimos incontinentes: uma perspectiva sobre erotismo, profanação, exílio e inexistência em Crônica da casa assassinada, Lavoura arcaica e O quieto animal da esquina

Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho

Páginas: 219

Resumo

Com fundamento na abordagem comparativa dos romances Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso; Lavoura arcaica, de Raduan Nassar; e O quieto animal da esquina; de João Gilberto Noll, a presente tese estabelece vínculo entre os eventos epigráficos de profanação, erotismo e exílio – em que os protagonistas de tais narrativas investem – e o seu subsequente colapso em termos de identidade. A flagrante aceleração da crise identitária contemplada neste trabalho é marcada por uma sucessão de perdas e espoliações, por meio de despejos físicos e metafísicos: os corpos são exilados das casas; as almas, exiladas dos corpos. Os dois níveis de exílio, concêntricos, contribuem para a diluição e o escoamento dos traços que formavam uma identidade já insegura dos sujeitos em questão, desde os pontos de partida dos romances. Os personagens aqui submetidos à acareação sofrem gradativa e intensificada desconstrução de sua identidade, até atingirem uma despersonificação traduzida em inexistência. As fissuras e a consequente derrocada da identidade dos protagonistas, confrontados neste estudo sob metodologia de base comparatista, acompanham a própria fissura no gênero romance, para a qual Lúcio Cardoso, Raduan Nassar e João Gilberto Noll contribuíram decisivamente, no âmbito da literatura brasileira. Os três escritores transgrediram a estrutura enunciativa, apaziguadora, representacional e moralizante da narrativa cristalizada ao longo do século XIX, e colaboraram para a instituição de um romance marcado pela errância discursiva e pela confluência de linguagens múltiplas, extrapolando larga e gradativamente a singularidade antes centralizada pelo estatuto do literário.

 

Teresa Andrea Florêncio da Cruz

Título: Intelectuais e vozes da guerra urbana: uma poética da narrativa mediada

Orientador(a):  Prof. Dr. João Camillo Penna

Páginas: 264

Resumo

Em um cenário no qual a “fala do crime” é responsável por uma inédita escalada do medo nas grandes cidades, especialmente a partir de fatos dramatizados na mídia popular, inscreve-se uma guerra de relatos que traz, de um lado, um discurso hegemônico sobre os infames, e, de outro, discursos mal-ditos (mal-falados) produzidos pelos próprios infames. Nesta pesquisa, objetiva-se estudar as representações da realidade nas obras de sujeitos que ocupam um entre-lugar no campo da produção simbólica, visando a estabelecer uma linha de coerência entre diferentes tendências observadas ao longo das três últimas décadas e, a partir daí, pensar três possibilidades de fala (ou de balbucios) dos infames. A proposta central desta pesquisa é desenvolver uma leitura do processo de autorrepresentação e do papel da mediação na produção recente, através do estudo de três obras que resultam das tensões estabelecidas entre as produções imagético-discursivas e a realidade do Rio de Janeiro no final do século XX e início do século XXI: Quatrocentos contra um (1991), Abusado (2003) e Elite da tropa (2006). Trata-se de um conjunto de obras que oferece um modelo para pensar – com base nas noções de subalterno, bárbaro, infame, dispositivo, estar lá, fala do crime, atitude textual, estado de exceção e metáforas da guerra, entre outras – a fala dos “planetas sem boca”, sujeitos que não escrevem a partir de nenhuma tradição literária, mas sim a partir da experiência e dos fragmentos de discursos jornalísticos, literários, legais, sociológicos e antropológicos que lhes chegam oriundos de diferentes arquivos. O trabalho visa a analisar três textos de produção recente que, mesmo sendo publicados por grandes editoras (Vozes, Record e Objetiva), foram escritos por autores que faziam suas primeiras incursões no mundo das letras. Investiga ainda de que maneira sujeitos infames puderam sair da invisibilidade de sua condição de vidas redundantes para projetar sua voz como autores (ou co-autores) de textos contemplados com publicação e ampla difusão no circuitos de produção simbólica. Nesse sentido, a leitura aqui proposta sugere um olhar para o resgate de memórias e experiências de três atores importantes do sistema de vigilância e controle: o criminoso (no caso, o traficante de drogas), o policial e prisioneiro. Considerando que em todas essas obras notamos, além da presença de linhas temáticas que se tornariam dominantes da literatura do presente, a importância do lugar de fala e da mediação, impôs-se nesta pesquisa a discussão sobre certos atores sociais que se identificaram no papel de mediadores e que atuaram de modo determinante no processo de construção de uma identidade subalterna, contribuindo para a transformação dessas autobiografias de infames em textos nos quais se destaca uma percepção da memória coletiva e do lugar dos refugos humanos na sociedade carioca.

 

TESES DEFENDIDAS EM 2014

Total de teses defendidas: 18

Aline Bezerra da Silva

Título: Caetés, São Bernardo e Angústia: mundo-prisão

Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Pereira Lima Lins

Páginas: 220

Resumo

Esta tese analisa três romances de Graciliano Ramos: Caetés, São Bernardo e Angústia. Fundamenta-se em conceitos filosóficos concernentes à memória e à angústia, visando relacioná-los à questão do cárcere fractal, como reflexo da inevitabilidade do fim trágico dos seres humanos, a solidão inescapável. Tendo em comum um narrador- personagem que almeja escrever um livro, as considerações de ordem íntima imbricadas com questões de ordem social e o esmagamento das humanidades pelo fator econômico irão transparecer nas metaobras e o exercício da escritura se configurará ora como liberdade ora como aprisionamento. Por fim, o estudo dos aspectos técnicos que cercam os romances irá diferenciá-los, estabelecendo relação entre teor e talhe.

 

Aline Alves de Carvalho

  Título: O espetáculo do mundo: Pessoa

Orientador(a):  Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno

Páginas: 283

Resumo

Fernando Pessoa cria a biografia de seu heterônimo Ricardo Reis, que se exila no Brasil em 1919. Em 1935, Fernando Pessoa morre, e a partir desse evento, José Saramago decide dar a continuidade à biografia de Ricardo Reis que Fernando Pessoa não deu, e traz de volta a Portugal o heterônimo hedonista e distanciado da realidade. Essa apropriação de Ricardo Reis é o leitmotiv para a construção do romance O ano da morte de Ricardo Reis, escrito em 1984. O romance se desenvolve a partir de um narrador que persegue seu protagonista, que passa seu último ano de morte observando o presente histórico do ano de 1936, quando o salazarismo, o nazismo, o fascismo, a crise econômica compunham o cenário daquele real que Ricardo Reis chama de espetáculo. Neste trabalho, analiso as relações entre ficção e história que o romance apresenta.

 

Andrea Teresa Martins Lobato

  Título: ESCREVER-SE: SIMONE DE BEAUVOIR NA SALA DE ESPELHOS

Orientador(a):  Profa. Dra. Ana Maria Amorim Alencar

Páginas: 195

Resumo

Propõe-se uma leitura da obra autobiográfica Memórias de uma moça bem comportada (Mémories d’une jeune fille rangée), de Simone de Beauvoir. Em Memórias de uma moça bem comportada, Simone de Beauvoir engendra uma narrativa cronológica, em que, na voz de Simone, conta sua infância, o início de sua jornada de estudos em uma escola particular católica da elite burguesa parisiense (Institut Adeline Désir), onde conhece a sua amiga Elizabeth Lacoin (em Memórias de uma moça bem comportada, Elizabeth Mabille), a Zaza; em seguida, sua adolescência quando, na “idade ingrata”, sem atrativos e ainda mais interessada por estudos, deixa de acreditar em Deus; por fim, na voz da universitária que encontra com Sartre – com quem protagonizará, num futuro que não está contemplado nas Memórias de uma moça bem comportada, uma das relações mais controvertidas e conhecidas do mundo ocidental entre as décadas de 1930 e 1970 – e que foi, até aquela época, a mais jovem estudante e a nona mulher a ser aprovada na agrégation. Dessa forma, interrogando Memórias de uma moça bem comportada pretende-se refletir, a partir da urdidura da trama autobiográfica, uma escrita de si que se configura como distanciamento e alteridade. Tal reflexão tomará como ponto de partida que o texto autobiográfico é um mirar-se no espelho a fim de mirar-se a si mesmo. Que imagem está aí refletida? O que está disponível ao olhar? Esses questionamentos partem da hipótese de que o que é ser mulher é a pergunta crucial que Simone de Beauvoir se faz ao mirar-se no espelho, assim como da hipótese de que Simone de Beauvoir opera uma escrita de si para efetuar uma desconstrução de si, para entender como Simone de Beauvoir se fez Beauvoir.

 

Cassiana Lima Cardoso

  Título: Samuel Beckett: o jogador melancólico

Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo Mattos Portella

Páginas: 258

Resumo

Investigação, a partir da categoria do jogo, da composição poética na cena beckettiana. Mimicry, ilinx, alea e agôn. O jogo das máscaras e a descentralização do eu. Vertigem e alegoria. As artimanhas do Acaso em face da Necessidade. Esticomítia e quiproquó. O hibridismo de gêneros e o apagamento de fronteiras entre o cômico e o trágico. O grotesco. Compreensão da obra beckettiana como uma crítica aos valores da cultura ocidental. Apontamentos sobre a liberdade no espaço poético. A infância como espaço privilegiado para acolhimento de silêncios procriativos. O impulso libertário do jogo. A melancolia como disposição poética.

 

Dinacy Mendonça Corrêa

Título: Da Literatura Maranhense: romance e romancistas maranhenses do Século XX

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira

Páginas: 218

Resumo

Um panorama da nossa literatura local, das suas raízes à contemporaneidade, situando, nesse universo, o nosso objeto de estudo: o romance e os romancistas maranhenses do século XX, numa visão sincrônica e diacrônica do gênero, perspectivando-o, em termos gerais – em suas origens, conceituações e referenciais teóricos; e específicos – identificando-o, no contexto espaciotemporal, sociopolítico e cultural em que foi produzido e do qual se faz testemunha e documento representativo; enfocando-o, em seus primórdios e precursores, autores e obras. Este trabalho, que se justifica na escassez e na necessidade de material básico e específico para o estudo/pesquisa do assunto em pauta, tem como objetivo maior o conhecimento, o resgate e possivelmente a divulgação de um patrimônio cultural ainda desconhecido e/ou esquecido, no constructo de uma historiografia literária especificamente maranhense.

 

Francine Pereira Fontainha de Carvalho

  Título: As escritas íntimas. Análise das escritas de si.

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Flávia Trocoli Xavier da Silva

Páginas: 150

Resumo

A presente tese, intitulada: Penas e pinceis: retratos de Frida Kahlo, propõe um estudo acerca da artista mexicana Frida Kahlo a partir de suas cartas e diários e pretende traçar a trajetória da dor e do dilaceramento presentes em sua vida, portanto, ganharão relevo os escritos em que a expressão e o percurso do sofrimento estão mais visceralmente expressos e transmitidos. A principal e pulsante questão que este trabalho propõe desvendar é: Por que e para quem se escreve? Para a artista, a escrita funciona como um contradepressor, por permitir o registro dos sentimentos e a comunicação com o mundo exterior, nos longos exílios e prolongadas internações. Nesse sentido, a pintura e a escrita – por nós privilegiada na pesquisa – desenvolvem papel essencial na existência de Frida Kahlo por proporcionarem mecanismos de sobrevivência e convivência com a dor.

 

Iran de Jesus Rodrigues dos Passos

Título: O ESPAÇO DA LITERATURA NA CULTURA POPULAR MARANHENSE: em cena o Auto do Bumba Meu Boi

Orientador(a):  Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes

Páginas: 147

Resumo

A presente Tese de Doutorado faz um exame do espaço da Literatura na Cultura Popular maranhense. Tendo como objeto o Auto do Bumba Meu Boi, ela foi construída a partir da constatação de que o Auto do Bumba Meu Boi é uma narrativa dramática, apresentando, portanto, todos os elementos do gênero literário a que pertence, como enredo, ação, personagens, tempo, espaço e diálogo. O Auto do Bumba Meu Boi vem, ao longo do tempo, sendo examinado mais como elemento da Cultura Popular maranhense. Nessa condição, tem sido objeto de pesquisa da Antropologia, do Folclore e da Sociologia, ciências que, inegavelmente, emprestam conhecimentos acerca do fenômeno. Não poderiam assumir comportamentos diferentes, na medida em que essas ciências são afins à Literatura. Na presente Tese, recorre-se a essas ciências afins. No entanto, ela assume mais um viés literário. Examina-se, então, a literariedade do Auto do Bumba Meu Boi. Traz-se à tona a história, as ações das personagens, o lugar e tempo em que essas ações ocorrem.

 

Lucimar Ribeiro Soares

Título: O romance Um beiral para os bentevis: a visão lúcida de Josué Montello

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Teresa Cristina Meireles de Oliveira

Páginas: 166

Resumo

Análise da narrativa Um beiral para os bentevis, de Josué Montello (RJ: Nova Fronteira,1989 ) cujo enredo é constituído de personagens ficcionais e outros retirados da realidade local, em São Luís. Destes últimos o autor apropriou-se de seus nomes e ocupações reais, desvelando-lhes o caráter individual e ações que rotineiramente executam ou executaram. As lembranças, as alienações e os devaneios das personagens ficcionais permitem ao leitor estabelecer relações e desvelar a memória histórica da cidade e a crítica ao contexto social e político maranhense.

 

Luciana da Costa Ferreira

  Título: Entre a Colombo e a Academia: O intelectual boêmio Emílio de Menezes

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Vera Lúcia de Oliveira Lins

Páginas: 283

Resumo

A proposta deste trabalho é desenvolver reflexões sobre a figura do escritor paranaense Emílio de Menezes (1866-1918). A análise foi centrada nos aspectos biográficos e bibliográficos e no que diz respeito à sua ambiguidade em suas trajetórias pessoal e profissional. O satírico transgressor contrastava com o bem comportado poeta parnasiano; o boêmio da “Confeitaria Colombo” com o imortal da “Academia Brasileira de Letras” (ABL). Sua obra satírica era comparada a do escritor baiano Gregório de Matos, já o seu apreço pela forma poética arrancava elogios dos críticos da época. O auge da tensão entre o satírico e o lírico ocorreu na luta empreendida entre o escritor e a Academia na redação do discurso de posse à cadeira de imortal. A censura do discurso de posse pela instituição machadiana criou uma das mais comentadas polêmicas literárias da Belle Époque Brasileira. Polêmica essa que ressoou na memória da obra emiliana que de uma grande popularidade na sociedade de outrora caiu em um profundo obscurantismo após o seu falecimento. Este trabalho teve como pano de fundo discussões sobre os conceitos de memória, relações de poder, gêneros literários e cânone literário. O objetivo, ao final da Tese, é comprovar que as indecisões artísticas de Emílio de Menezes (ser um acadêmico conservador ou um satírico transgressor) foram os pontos principais para uma crise de identidade que resultou na ausência de seu nome do cânone literário brasileiro.

 

Luciane Maria Said Andersson

  Título: As cadeias da humanidade são feitas de papel – O testemunho da ditadura civil-militar no romance K.

Orientador(a):  Prof. Dr. João Camillo Penna

Páginas: 204

Resumo

A tese tem por objetivo analisar a tensão entre literatura e testemunho que move o romance K., de Bernardo Kucinski. A contribuição original da pesquisa é demonstrar a maneira como o autor construiu um relato a partir da ausência da cena central do romance: o desaparecimento. A partir desta hipótese, trata-se de investigar as implicações éticas suscitadas pela utilização da ausência como metáfora da representação em um relato tardio sobre uma cena inexistente, com a finalidade de representar aquilo que não se dá à representação ou não se quer representado. A tese investiga a maneira com que a ficção testemunhal de Bernardo Kucinski, K., resgata e apresenta através da ficção o passado de um país afogado no estado de exceção e no trauma. A hipótese defendida pela tese é a de que a ficção tem embutida nela a possibilidade de testemunho, assim como, por outro lado, todo testemunho jurídico tem implícito nele a possibilidade do perjúrio e da mentira, ou seja, de ficção.

 

Maria Sílvia Antunes Furtado

  Título: MARGUERITE DURAS: NO RAVINAMENTO DA ESCRITA

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Flavia Trocoli Xavier da Silva

Páginas: 158

Resumo

A presente tese analisa o ravinamento da escrita em Marguerite Duras, a partir de romances e roteiros de teatro produzidos em épocas distintas. Nos três capítulos da tese, a análise se faz pela delimitação de escritos que estabelecem um diálogo entre si, nas mais diferentes perspectivas. Os romances Barragem contra o Pacífico (1950) e O amante (1984) têm um mesmo fundo temático, mas formas distintas; o primeiro estabelece uma narrativa metafórica e o segundo uma narrativa topológica. O arrebatamento de Lol V. Stein (1964), O vice-cônsul (1965) e India Song (1973) trazem a questão das figuras de exílio, a transitividade entre essas personagens e a prevalência dos temas do olhar e do esquecimento. O jardim (1955), Destruir, diz ela (1969) e O caminhão (1977) trazem uma linguagem hermética, que é impossível de ser acessada pelo entendimento. Em comum, a literatura durassiana levanta questões sobre a escrita que, ao mesmo tempo em que se desfaz e se torna estilhaçada, constrói uma nova subjetividade.

 

Maria do Socorro Carvalho

  Título: OS TAMBORES DE SÃO LUÍS: ECOS DA MEMÓRIA E ESPAÇOS RECONSTRUÍDOS NA FICÇÃO DE JOSUÉ MONTELLO

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira

Páginas: 113

Resumo

O objetivo desta tese é uma análise dos espaços culturais maranhenses, habitados e
percorridos pelos personagens, e reconstruídos através da memória, no romance Os tambores
de São Luís, de Josué Montello, visto que há uma preocupação do autor em manter vínculos
com o passado formador de uma história, e os espaços reconstruídos rememoram o legado de
um povo. Os espaços externos e internos; amplos e restritos, contem uma troca entre os
grupos que os habitam, e constroem suas identidades de homens negros, brancos e mulatos.
Tudo acontece com a trajetória de um homem negro, que atravessa a cidade de São Luís,
sempre ao som dos tambores da Casa-Grande das Minas, para encontrar o seu trineto que o
aguardava para nascer. Essa pesquisa acontece de forma interdisciplinar, unindo Literatura, a
História, a Geografia, Sociologia, Antropologia e Filosofia, possibilitando a relação
personagens/espaço culturais, espaço/tempo.

 

Maria Iranilde Almeida Costa

  Título: O múltiplo e o uno: os (des)caminhos bolañianos em Putas Assassinas

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira

Páginas: 127

Resumo

A tese propõe-se a analisar o livro de contos Putas assassinas (2001), do escritor chileno Roberto Bolaño, tomando-o como uma obra marcada pela multiplicidade de gêneros, de temas e de modos de narrar, que inscreve um discurso autoficcional problemático ao mesmo tempo em que desestabiliza o lugar da representação literária. A pesquisa visa problematizar o sujeito autoral que aponta para fora de um eu, revelando outros sujeitos, e também para uma interioridade denunciadora da memória ficcionalizada, ao mesmo tempo em que se constrói performaticamente numa nova subjetividade que não se apaga no texto nem se apropria de uma verdade transcendente à obra. Desse modo, a pesquisa desenvolve-se a partir dos seguintes pontos: a crise na representação, dado que a narração de eventos traumáticos culmina em silenciamentos de narradores e personagens, sinalizando a própria impossibilidade de narrar; a inserção do autor no universo do narrado, conferindo-lhe um protagonismo ficcional que potencializa o evento autobiográfico; a literatura como problema, demarcando um procedimento autorreflexivo em que a ficção é questionada dentro dela mesma. Na pesquisa foi privilegiada a escrita ensaística por esta se coadunar melhor à dinâmica da obra, cujo inacabamento dos contos é uma marca recorrente. Como método de abordagem dos contos, optou-se tanto por cotejá-los em diálogo uns com os outros como também estudá-los individualmente, como no caso do conto Putas assassinas, o qual apresenta a personagem que é o epítome da obra.

 

 

Plínio Fernandes Toledo

Título: A ASTÚCIA DA DIALÉTICA: O DESVIO EM GUY DEBORD

Orientador(a):  Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno

Páginas: 315

Resumo

Neste trabalho procura-se realizar uma leitura dialética e fenomenológica da densa obra Debordiana, através da construção de uma síntese textual do procedimento estilístico usado amplamente pelo pensador situacionista: o détournement (desvio). Mediante um conjunto de ensaios articulados segundo um plano coerente de composição, tenciona-se demonstrar o modo pelo qual Guy Debord, através de um simples procedimento estilístico exemplificado no détournement (desvio), propõe e executa uma complexa atualizaçao da filosofia por meio da superação da arte moderna. Inserindo uma força contraditória no interior das formulações canônicas da cultura burguesa, Debord opera a subversão imanente das expressões fundamentais da cultura literária e filosófica, revitalizando a linguagem e a potência dialética da teoria crítica. Através da leitura de textos fundamentais de Debord, conduzimos nossa interpretação ate o cerne filosófico de sua produção teórica: “A sociedade do espetáculo”, em cuja interpretação devemos colocar em relevo as virtudes do texto situacionista em seu teor dialético e contracultural. Ressalta-se no texto Debordiano a criação, pelo estilo, de uma revolução sintáticosemântica que subverte as formas e relações que presidem a ordem espetacular, fazendo emergir dela um novo sentido que a supera. É o que denominamos “astúcia da dialética”, cujo conceito o presente trabalho pretende esclarecer.

 

Raquel de Castro dos Santos

  Título:Poética e criação poética

Orientador(a):  Prof. Dr. Antonio José Jardim e Castro

Páginas: 249

Resumo

Primeiras estórias são narrativas instauradas pelo dizer do narrar na amplitude desmedida da linguagem nas estórias rosianas. Cada narrativa apresenta a experiência das personagens rosianas no sertão rosiano. O dizer do narrar mostra o inaugural originalmente, revivificando-o com a ausculta da presentificação da linguagem na obra. A resposta humana se dá no diálogo entre o ser e o tempo inaugurados. As personagens anciãs e infantis experienciam o sertão e compartilham a mundividência rosiana. A ética e a morada são consonâncias mundificadoras nas estórias. A ética requer diálogo para vigorar na unidade harmonizadora. O amor como procura é a cura rosiana. Amar fomenta a asculta de si e do outro no encontro vivificador. A loucura e o real são inaugurações originais. Ir além do imediato e do limite é deambular na existência desmedida. A morte é o eclodir extraordinário rosiano. É a consumação plenificadora do sertão rosiano.

 

Rosinéia de Jesus Ferreira

Título: A construção das identidades em quatro romances de Toni Morrison: The Bluest Eye, Beloved, Jazz e Paradise

Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho

Páginas: 130

Resumo

Esta tese tem como eixo o estudo da construção de identidades afro-americanas nos romances The Bluest Eye, Beloved, Jazz e Paradise. Como estas obras se passam em diferentes momentos da vida afro-americana nos Estados Unidos, a construção das identidades desses povos é focalizada em suas relações com esses momentos históricos. Por essa razão, os temas aqui trabalhados são aqueles que tiveram um papel relevante na maioria desses momentos: o sentimento de comunidade, a importância da música, da religião e da natureza na sua maneira de encarar a vida, os problemas da miscigenação e o peso da herança cultural, seja ela africana, americana ou afro-americana.

 

Solange Santana Guimarães Morais

  Título: Os sentimentos de liberdade em João do Vale e Nicanor Parra nos ‘anos de chumbo’

Orientador(a):  Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes

Páginas: 182

Resumo

A presente tese se constitui em um estudo sobre os sentidos de liberdade perceptíveis nas letras de músicas do compositor brasileiro João do Vale (1933-1996) e nos poemas do escritor chileno Nicanor Parra (1914-), nas décadas de 1960 e 1970, correspondentes aos períodos ditatoriais civis- militares no Brasil e no Chile. Entender o fenômeno da liberdade tem motivado estudos e debates desde as mais antigas até as atuais organizações sociais. A liberdade é um bem cultural universal, isto é, sua “invenção” independe de fatores como lugar e tempo, embora sua valoração emirja com maior intensidade em meio às realidades históricas marcadas pela opressão. Duas questões orientaram os caminhos deste estudo: de que forma as letras de músicas de João do Vale e os poemas de Nicanor Parra, contribuem para a compreensão do que é liberdade? Como as composições musicais de João do Vale e os poemas de Nicanor Parra representaram os sentimentos de liberdade em tempos históricos marcados pela opressão?Tendo em vista as questões norteadoras, objetivou-se analisar comparativamente as construções poéticas nos dois artistas, em meio às realidades históricas ditatoriais vividas por ambos. As leituras de Jean Paul Sartre (2012), Hannah Arendt (1989, 2003), Claude Lefort (1983), Roberto Schwarz (2008), Alfredo Bosi (2000), Octavio Paz (1982), Antonio Candido (1994), Carlos Fico (2014), Theodor Adorno (2011), Walter Benjamin (1994), entre outros, subsidiaram o percurso analítico. São relevantes, neste estudo, a demonstração das grandezas poéticas dos dois artistas latino-americanos e, ainda, a possibilidade de alargamento da compreensão de liberdade.

 

Valderi Ximenes de Meneses

  Título: O PERFIL DA POESIA DE NAURO MACHADO NO CENÁRIO DA LITERATURA MARANHENSE

Orientador(a):  Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto

Páginas: 156

Resumo

Esta Tese Doutorado desenvolve nossas reflexões críticas sobre a obra poética do poeta maranhense Nauro Dinis Machado, procurando mostrar o perfil de sua poesia no cenário da literatura maranhense. Nosso intuito durante esta etapa concentrar-se- á em tentar fazer com que a obra de Nauro Machado ganhe maior reconhecimento pela crítica literária de caráter acadêmico e que todo o material aqui produzido possa contribuir como fonte de pesquisa para futuros trabalhos acadêmicos que, por ventura, alguém queira se dedicar a trabalhar a obra desse sólido poeta. Sua poesia é vista por uma pequena parcela de críticos como de alto nível, no entanto ainda não se tem trabalhos acadêmicos que sustentem tal afirmação. Sabe-se que seu poder verbal apresenta várias possibilidades de sua magia com o verso. É um poeta digno da representação de um vocabulário violento, forte e nítido. Diante da necessidade de se quebrar a barreira de silêncio em torno da obra naurina participa do diálogo de nosso trabalho, uma abordagem sobre a forma como o poeta se comporta em meio a sua geração. Daí a necessidade de fazer um estudo teórico da problemática da geração, para se ter uma verdadeira noção da relação de Nauro com a produção literária de sua época. Num outro momento observamos a relação do erotismo e da metalinguagem como objetos partícipes da criação poética desse autor maranhense, sendo o primeiro o agente que move o ato poético e o segundo o elemento que se utiliza da palavra escrita para falar da própria poesia. Fechando nosso propósito, apresenta-se a poesia de Nauro Machado sob o olhar existencialista e da memória, onde o primeiro percorre as linhas de força que tentam explicar a existência do homem em seu meio e a outra relaciona a poesia aos aspectos da imaginação metafórica em que o poeta exaspera sua carga imagística dos versos.

 

TESES DEFENDIDAS EM 2013

Total de teses defendidas: 16

Ana Tereza de Andrade
Título: EM CENA ABERTA: A INFILTRAÇÃO DO TRICKSTER NA COMÉDIA E NA VIDA Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Helena Gomes Parente Cunha Páginas: 213 Resumo A escrita de cartas foi uma atividade constante para Cecília Meireles. Por seu caráter lacunar, fragmentário e de índice de afastamento físico as correspondências estão em afinidade com dimensões fundamentais da vida e da obra da poeta: distância e ausência. Assim, tomando as cartas por elemento importante na construção de sua obra, propomos uma leitura da poesia de Cecília Meireles em conjunto com algumas cartas que ela trocou entre 1930 e 1960 com amigos e escritores. Entre eles, Isabel do Prado, cuja correspondência apresenta uma espécie de diário de construção de o Romanceiro da Inconfidência, e com o poeta e intelectual mexicano Alfonso Reyes, um dos principais críticos e ensaístas da América Latina no século 20. A correspondência de Cecília pode ser tomada como espaço autobiográfico de exercício de construção ficcional e diálogos interculturais, o que contribuiu para uma dicção singular da poeta e acabou por colocá-la em um lugar excêntrico em relação aos seus contemporâneos modernistas. As cartas dirigidas à amiga Isabel do Prado, pesquisadas no acervo da Casa de Rui Barbosa, constituem material valioso para refletirmos sobre a relação entre autobiografia e poesia na obra de Cecília, na escrita das cartas como lugar de construção de sua obra, e na importância das redes de amizades entre escritores para o fortalecimento cultural de uma sociedade. Outro corpus de relevo é a correspondência com o poeta mexicano Alfonso Reyes, que se encontra no Museu Capilla Alfonsina, na Cidade do México. Neste caso, a importância explica-se por aí encontrarmos um dos pontos fortes da articulação político-estético- cultural empreendida pela autora, sobretudo no que se refere à Educação e à Cultura mexicana como parâmetros para as transformações sociais idealizadas por Cecília Meireles para o Brasil e às tentativas de diálogos entre o Brasil e a América Latina.  
Ana Maria Bernardes de Andrade
Título: O QUEM DA ASTÚCIA EM TUTAMEIA Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro Páginas: 203 Resumo Esta tese propõe uma leitura de Tutameia — Terceiras Estórias, último livro publicado em vida por João Guimarães Rosa (1967). A hipótese inicial é que a composição de Tutameia seja orientada pela astúcia poética. Nesse sentido, propõe um diálogo entre as Terceiras Estórias e os mitos gregos da astúcia – Métis, Atena, Hefesto, Hermes e Ulisses –, à luz do pensamento de Heidegger. Trata-se de uma obra ainda pouco estudada pela crítica, que a considera demasiadamente hermética. Neste livro, o autor se vale de todos os recursos disponíveis, da retórica à tipografia, para capturar em suas malhas o leitor e convocá-lo ao trabalho, árduo e prazeroso, de lê-lo, letra por letra. Tutameia coloca questões fundamentais para Guimarães Rosa, cuja obra transita na ambiguidade das regiões fronteiriças. Este estudo pretende vislumbrar na leitura deste livro o sentido da astúcia na travessia humana: a valorização de uma sabedoria que supere a megera cartesiana, que reaproxime a gente de uma essência esquecida. Astúcia poética é saber que tudo é e não é. O exercício hermenêutico de leitura do livro leva a uma nova leitura do mundo, sem verdades acabadas nem soluções definitivas: a busca não tem fim, pois sempre coloca uma nova questão. A astúcia deste livro está em justamente desvelar velando, iluminar sombreando, explicar confundindo. A cada nova investida, novos pontos são levantados, tornando mais complexa a visão que ele articula.  
Cláudia Dias Sampaio
Título: Diálogos, afetos e pensamento lírico: a poesia de Cecília Meireles Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Vera Lucia de Oliveira Lins Páginas: 212 Resumo A escrita de cartas foi uma atividade constante para Cecília Meireles. Por seu caráter lacunar, fragmentário e de índice de afastamento físico as correspondências estão em afinidade com dimensões fundamentais da vida e da obra da poeta: distância e ausência. Assim, tomando as cartas por elemento importante na construção de sua obra, propomos uma leitura da poesia de Cecília Meireles em conjunto com algumas cartas que ela trocou entre 1930 e 1960 com amigos e escritores. Entre eles, Isabel do Prado, cuja correspondência apresenta uma espécie de diário de construção de o Romanceiro da Inconfidência, e com o poeta e intelectual mexicano Alfonso Reyes, um dos principais críticos e ensaístas da América Latina no século 20. A correspondência de Cecília pode ser tomada como espaço autobiográfico de exercício de construção ficcional e diálogos interculturais, o que contribuiu para uma dicção singular da poeta e acabou por colocá-la em um lugar excêntrico em relação aos seus contemporâneos modernistas. As cartas dirigidas à amiga Isabel do Prado, pesquisadas no acervo da Casa de Rui Barbosa, constituem material valioso para refletirmos sobre a relação entre autobiografia e poesia na obra de Cecília, na escrita das cartas como lugar de construção de sua obra, e na importância das redes de amizades entre escritores para o fortalecimento cultural de uma sociedade. Outro corpus de relevo é a correspondência com o poeta mexicano Alfonso Reyes, que se encontra no Museu Capilla Alfonsina, na Cidade do México. Neste caso, a importância explica-se por aí encontrarmos um dos pontos fortes da articulação político-estético-cultural empreendida pela autora, sobretudo no que se refere à Educação e à Cultura mexicana como parâmetros para as transformações sociais idealizadas por Cecília Meireles para o Brasil e às tentativas de diálogos entre o Brasil e a América Latina  
Cristiane Agnes Stolet Correia
Título: O UNIVERSO AUTOBIOGRÁFICO DO BUFÃO TRÁGICO DON MIGUEL DE UNAMUNO Orientador(a):  Prof. Dr. Alberto Pucheu Páginas: 176 Resumo A presente tese busca adentrar a obra de Miguel de Unamuno em constante diálogo com diversos autores. A contemporaneidade unamuniana é pensada em sua condição de atualidade permanente não só a partir de declarações do autor, como também dos estudos de Agamben acerca do contemporâneo, da linguagem e da infância. Analisa-se a noção de literatura e de filosofia para Unamuno, sendo este introduzido pelo brasileiro Guimarães Rosa. Assim, questões que permeiam a obra unamuniana, como metafísica e paradoxo, são discutidas com Rosa. Busca-se posteriormente reapresentar a releitura unamuniana da tradição espanhola da vida como sonho e do mundo como teatro, passando pela diferenciação e união entre memória-recordação, diferença-repetição, relacionando-as ao próprio movimento da história-intrahistória, até indagações acerca do legado vanguardista e tradicional do autor hispânico. Para tais considerações, vários pensadores foram introduzidos na discussão, como Calderón de La Barca, Kierkegaard, Deleuze, Bürger, Eurípides, Octavio Paz e Sêneca. Investiga-se o sentimento trágico da vida, a angústia, o nonada e a religião, quando algumas declarações de Heidegger se somam ao debate. O sentimento cômico da vida foi outra questão analisada. Procura-se compreender então o que Don Miguel chama de bufonada trágica / tragedia bufa. Considerando a declaração do autor mesmo, que afirma serem todos seus personagens outros “eus” de si, lança-se a interpretar autobiograficamente sua obra, não sem antes pensar o que Unamuno entende por autobiografia. Por fim, o foco recai no processo educacional, onde a releitura unamuniana de Don Quijote de La Mancha direciona a interpretação do super-homem nietzscheano.  
Diego de Figueiredo Braga Pereira
Título: A POÉTICA DA NARRATIVA: um estudo da obra de Ismail Kadaré Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antonio de Castro Páginas: 266 Resumo Abordagem hermenêutica da poética da narrativa de Ismail Kadaré a partir de oito de seus romances publicados em língua portuguesa, contendo uma elaboração propedêutica a respeito dos parâmetros teóricos que devem fundamentar a leitura de um autor contemporâneo, pressupostos estes que devem estar em correspondência ao próprio modo de composição e sentido da obra do autor em questão. A investigação o sobre a poética que marca as linhas centrais dos romances de Kadaré aqui estudados que conformam a poética da narrativa em questão atravessa quatro temas: a questão da imagem da sistematização opressiva da realidade; a questão da relação estabelecida nos romances entre história, memória e epopeia; o sentido que natureza e cultura ganham como mundo e terra no desenvolvimento em sua poética; como o destino dos personagens tal como se consuma nas formas do amor, da morte e da relação de amizade. Ao longo da tese, foi realizada também, uma discussão da fortuna crítica sobre a obra de Ismail Kadaré.  
Elisa Maria Soares Fernandes Vieira

Título: CONSTRUÇÃO E RUÍNA: o arcaico e o moderno no cinema de Pier Paolo Pasolini

Orientador(a):  Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno

Páginas: 253

Resumo

Estudo da fase inicial do cinema de Pier Paolo Pasolini, constituída pela Trilogia romana – Accattone, Mamma Roma e La ricotta -, e pelo filme Il Vangelo secondo Matteo. Os filmes são revistos como “chave de leitura” do presente, e objetiva-se examinar a renovação da forma como instrumento de luta e de oposição à realidade opressiva e como resistência atemporal do Poder que leva à construção e à ruína política, econômica e estética. Sintetiza-se na recusa anticapitalista a vitalidade necessária à ação renovadora. A análise imanente da forma dos filmes é realizada sob a ótica do projeto estético-crítico-político de Pasolini, considerando-se elementos próprios da escrita cinematográfica, referências figurativas, literárias, fílmicas e musicais e aspectos ideológicos. Para tratar de questões atemporais e universais, os filmes partem do subsolo da sociedade italiana – o subproletariado – ou de um tempo longínquo, genérico e mítico do passado. Poder, corpo, sacralização, destino, morte, fixação no passado e religiosidade são temas discutidos, no intuito de ressaltar a visão lúcida, coerente, profética e propositiva de Pasolini sobre a realidade. A renovação da linguagem, refinada e complexa, rompe com modelos e fórmulas para retratar a nova realidade urbana em contínua e acelerada transformação na Itália, contraditória e contrastante, dos anos 1960. Os conflitos gerados pelo processo de modernização e pelo avanço do capitalismo em meio à pobreza das periferias e à mentalidade conservadora, católica e racista são problematizados nos pontos de tensão entre o arcaico, a tradição e o moderno, o periférico e o central, o popular e o erudito.

 

José Eduardo Marques de Barros
Título: De rerum natura: a experiência do real na poesia contemporânea brasileira e francesa Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Vera Lucia Oliveira Lins Páginas: 192 Resumo A presente tese tem por objetivo estudar o conceito de real de Jacques Lacan em relação à poesia. Vai nos interessar sobremaneira a questão da poética, na medida em que vamos trabalhar a experiência do real na poesia contemporânea francesa e brasileira visando elucidar alguns aspectos do conceito. Iremos nos debruçar nos poemas de alguns escritores contemporâneos, entre eles, Christian Prigent, Jean-Marie Gleize, Sebastião Uchoa Leite e Régis Bonvicino visando construir uma nova abordagem crítica a partir da posição teórica do poeta e ensaísta Christian Prigent, que introduz o real como um operador poético possibilitando um avanço para o estudo da crítica literária.  
Leandro Gama Junqueira
Título: Vida, caminho, verdade: poética do destino Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro Páginas: 231 Resumo Procuramos desenvolver neste trabalho a tese de que vida, caminho e verdade se conjugam no que chamamos de poética do destino atrelando poesia e pensamento na confluência de manifestação do real. Tomamos como ponto de partida dois dos maiores poetas e pensadores do século XX: Carlos Drummond de Andrade e Martin Heidegger, dialogando também com outros poetas e pensadores da prosa e da poesia. Nosso objetivo é promover a interação entre o poetar pensante e o pensar poético e refletir sobre alguns princípios que norteiam o acontecer do destino na poética a partir do poema “A máquina do mundo”, de Drummond. Nosso caminho de reflexão partiu de alguns poemas de Drummond e ensaios de Heidegger que manifestavam o destino, vida, caminho e verdade como questões e não conceitos. As reflexões nos conduzem a um entendimento ontopoético de destino e da liberdade como caminho, distanciando tanto do determinismo como da predestinação. Assim, vida, caminho e verdade giram em torno de destino num circulo poético de manifestação de sentido trazendo à tona outras questões como: corpo, tempo, pensar, ausculta e silêncio, renuncia e oferta, morte, memória, amor, o nada, finitude e permanência, procura e encontro, arte e vida, sentidos e intuição, linguagem, mito e natureza, mistério e manifestação, travessia e trajetividade, limite e não-limite, o Belo, sólido e insólito, sentido, compreensão e significância, experienciação, aprendizagem e sabedoria.  
Luciana Oliveira de Barros
Título: CONSTRUÇÃO E RUÍNA: o arcaico e o moderno no cinema de Pier Paolo Pasolini Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira Páginas: 323 Resumo O propósito desta tese é investigar as capacidades do texto autobiográfico de Maksim Górki, através da trilogia Infância, Ganhando meu pão e Minhas universidades. Propõe-se uma percepção mais aguçada de um movimento de ida ao encontro a uma versão de palavras próprias, de um “eu” particular, de uma mundividência única que ratifica e muitas vezes retifica a base histórica que no passado a circunscreveu. Retornando à escuta da fala em primeira pessoa de Górki, pretende-se entender a conciliação, no discurso autobiográfico, da atitude de não desistir do intrigante exercício do autoconhecimento diante da verdade apresentada pela história. Através de um questionamento sobre a possibilidade de reconhecer a frase e a imagem adequadas que se expressam em prosa, objetiva-se também traduzir o vivido que resiste às marcas do mal-estar causado em uma consciência cuja memória é a sua maior singularidade e a arte de ficcionalizá-la, o seu maior desafio.  
Marcio Fonseca Pereira
Título: Memórias do cárcere: Acordos e desacordos entre o intelectual e o político Orientador(a):  Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno Páginas: 182 Resumo O presente ensaio tem por objetivo fazer uma análise literária da autobiografia Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, tendo como ponto de partida a interpretação clássica de Antonio Candido em Ficção e confissão, cujo foco nos valores ético, testemunhal e artístico do relato influenciou boa parte da crítica subsequente. O propósito é mostrar um viés alternativo, porém não diametralmente oposto ao do crítico, levando em conta a visão de Graciliano sobre o fazer literário bem como sobre o papel do escritor na sociedade brasileira de sua época. De modo complementar, um estudo das contradições políticas do autor também fará parte do trabalho visto ser um elemento muito relevante na forma do texto. A análise dessa combinação peculiar de posições intelectuais e políticas terá por objetivo não só uma compreensão mais ampla da obra como também do escritor enquanto cidadão e intelectual inserido no debate político e cultural dos anos 30.  
Marta Ferreira Pimentel
Título: A LITERATURA NA FORMAÇÃO DOS JOVENS BRASILEIROS UM NOVO OLHAR PARA OS ESTUDOS LITERÁRIOS NO ENSINO MÉDIO Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo F. Coutinho Páginas: 175 Resumo Este trabalho teve a perspectiva de refletir acerca da Literatura Brasileira como disciplina do Ensino Médio. Com base em questionamentos, como “O que é ensinar literatura no Ensino Médio e como se ensina?”, “Qual a função da literatura na pósmodernidade e na formação dos jovens desse tempo?”, ele apresenta alternativas para corrigir inadequações conteudistas e metodológicas, em relação às expectativas dos jovens atuais e às demandas do mundo contemporâneo. O estudo estruturou-se em dois planos: um teórico, que desenvolveu pesquisa nas áreas da Teoria da Recepção, do Letramento, dos Estudos Culturais, Teoria Literária, Literatura Comparada e Historiografia; e outro, prático, que apresentou dez sugestões didáticas, que comprovam a viabilidade da tese nele defendida. Durante um longo período, o ensino da disciplina baseou-se na história literária do país, privilegiando as obras canônicas e as relações de causalidade entre elas e seu contexto de produção. Esse viés oscilou entre uma concepção colonialista, que valorizava o eurocentrismo, e um projeto nacionalista, em que as obras literárias eram documentos da trajetória histórica do país, ora com acento na política, ora com ênfase na construção da identidade nacional. De toda forma, era um estudo a serviço da compreensão histórica da nação e centrado muito mais no passado do que no presente. Para adequar o ensino às características de provisoriedade, contemporaneidade e pluralismo da sociedade pós-moderna, este trabalho propõe a inclusão da Literatura no campo da Cultura Brasileira, que passa a ter o status de disciplina. Dado o seu caráter de abrangência e atualidade, ao estabelecer diálogo entre diferentes setores sociais, entre experiências humanas e linguísticas diversas e de diferentes épocas, acredita-se que o estudo da cultura nacional seja o caminho para construir a cidadania brasileira e formar mentes críticas e livres, capazes de enfrentar os desafios da vida pós-moderna. É nessa perspectiva que se propõe um ensino baseado na prática permanente da leitura interdisciplinar e contextualizada, para desenvolver indivíduos leitores habilitados a ler o mundo em que vivem e a intervir nele. O trabalho não pretendeu chegar a conclusões definitivas, mas estimular a reflexão sobre tema tão desafiador e inesgotável, que é o ensino da Literatura Brasileira no Nível Médio.  
Mônica Farias de Souza
Título: IMAGENS DO JECA TATU E DO GAÚCHO PLATINO NA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE MONTEIRO LOBATO, DOMINGO FAUSTINO SARMIENTO E RICARDO GÜIRALDES: UM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES BRASILEIRA E ARGENTIN Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho Páginas: 173 Resumo A presente tese de doutorado trata de um processo de construção da identidade nacional na Literatura Brasileira e Argentina, tendo como foco a figura do Jeca Tatu, criada por Monteiro Lobato, e do gaúcho, construída por Domingo Faustino Sarmiento e Ricardo Güiraldes. Focalizando dois momentos distintos, este estudo revela que, tanto no caso brasileiro quanto no argentino, o mestiço é visto por uma perspectiva diferente, e até oposta, em cada um desses momentos, e que esta alteração corresponde à que ocorreu com o tipo por ele representado, cuja visão se modificou de acordo com os interesses da elite dominante. No primeiro momento estudado, o discurso que a elite intelectual produziu para falar sobre o caboclo e o gaúcho tanto no Brasil quanto na Argentina se aproxima, e em ambos os casos o mestiço é mostrado por uma ótica negativa, sendo apresentado como preguiçoso e incapaz, e consequentemente responsável pelo atraso em que se encontrava o país; no segundo momento, ele é encarado por uma perspectiva positiva e louvado como produto da riqueza étnico-cultural do país. As duas imagens correspondem a duas políticas distintas adotadas pelos governos brasileiro e argentino em ocasiões diferentes: uma política de embranquecimento, caracterizada pelo estímulo à imigração da mão-de-obra estrangeira, de origem europeia, para o trabalho da lavoura, seriamente afetado pela abolição da escravatura, e uma política de valorização do elemento local para substituição do estrangeiro, que estava constituindo uma ameaça à segurança nacional com a realização de greves e a criação de sindicatos. Para fundamentar a perspectiva sócio-histórica adotada, a autora baseou-se em textos de estudiosos da Sociologia, da Antropologia e da História brasileira e argentina, além evidentemente dos estudos de Teoria Literária e de Literatura de ambos os países, e para a questão mais específica da identidade cultural e nacional serviu-se de textos como os de E. Hobsbawm, E. Renan, B. Anderson, E. Said e S. Hall. Foram também de utilidade os estudos que compõem a fortuna crítica de Monteiro Lobato, no caso brasileiro, como também de Domingo Faustino Sarmiento e de Ricardo Güiraldes, no caso argentino.  
Priscila Saemi Matsunaga
Título: TRABALHO DO LATÃO Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Eleonora Ziller Camenietzki Páginas: 228 Resumo Esta tese objetiva discutir o trabalho teatral desenvolvido pela Companhia do Latão, grupo paulistano formado em fins da década de 90. O estudo perpassa a produção dramatúrgica e cênica, bem como sua produção teórica, com o intuito de identificar o projeto estético forjado por um preciso projeto ideológico anticapitalista. Nesse sentido, debruça-se sobre a peça Ópera dos vivos, estreada na cidade do Rio de Janeiro em 2010. Pelo estudo desenvolvido compreende-se que a Companhia do Latão se insere, com alto grau de consciência da linguagem, nas contradições do presente, nas quais o pressuposto crítico problematiza, pela composição cênica, o campo representacional em que o capitalismo ideologicamente se projeta e constantemente se recompõe.  
Ricardo Alexandre Rodrigues
Título: A poética de Arthur Bispo do Rosario: Compêndio de encantamentos do mundo Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de A. Vieira Páginas: 194 Resumo Esta Tese de Doutorado é constituída de estudos ensaiados a partir e sobre os arranjos engendrados por Arthur Bispo do Rosario, com enfoque especial naqueles cuja estrutura permite associações com o gênero lista, arquivo ou compêndio. Nesses arranjos, o impacto criado pela exposição do óbvio ou da aparência imediata dos objetos afeta o pensamento e o modo de ver. Por esse motivo, apostou-se numa proposição de leitura pelas vias do pensamento semiológico e poético, com o interesse de ampliar o repertório de reflexões a respeito da organização e composição dos trabalhos de Bispo do Rosário. Tendo em vista a natureza prosaica do material usado na composição dos arranjos e o fato de que Bispo nunca pretendeu um efeito artístico, a operação de leitura desta Tese retoma e atualiza o debate acerca das “iminências poéticas” ou “potências poéticas” percebidas nas formas de relacionar e forjar um nexo para aquilo que impressionou a percepção. Trata-se, por assim dizer, de um trabalho reflexivo nos horizontes poéticos da linguagem a respeito de um conjunto de imagens, cujo autor não reclamou nem autorizou o título de “arte”. Entretanto, como falar poeticamente de composições que não foram concebidas para figurar no plano artístico-poético? A escrita desta Tese traz, inevitavelmente, a marca desta tensão. Para administrar tais inquietações, investiu-se pensamento na criação de novas “categorias de análise” buscando explorar os aspectos poéticos dos trabalhos de Bispo do Rosário. A acepção de poético, nesse caso, faz referência às manifestações de linguagem que desguarnecem os limites do mundo e potencializam suas multiplicidades.  
Wellington Augusto da Silva
Título: O desmanche em Inferno Provisório Orientador(a):  Prof. Dr. Luis Alberto Nogueira Alves Páginas: 147 Resumo Este trabalho tem por objetivo analisar Inferno Provisório, do escritor brasileiro Luiz Ruffato. O estudo procura demonstrar a unidade dos cinco volumes, sob sua aparência fragmentada, relacionando essa organização às últimas transformações neoliberais. Esse ciclo de modernização configura o derrotismo programático, uma forma peculiar de realismo urbano e contemporâneo.  
Wilson José Flores Jr.
Título: AMBIVALÊNCIAS EM PASÁRGADA: A POESIA DE MANUEL BANDEIRA EM SUAS TENSÕES Orientador(a):  Prof. Dr. André Bueno Páginas: 283 Resumo Esta tese procura analisar as tensões, a negatividade e os impasses constitutivos da lírica de Manuel Bandeira, sem deixar de considerar os momentos de alumbramento, numa tentativa de confrontar as ambivalências que repontam por toda essa poesia. O que se pretende é a discussão de um aspecto decisivo da produção bandeiriana que tem sido pouco explorado, por meio da análise detida de poemas, de considerações a respeito dos vínculos sociais do poeta, bem como do enfrentamento de diferentes perspectivas críticas, algumas das quais se encontram hoje esparsas e dispersas, relegadas a um segundo plano não ordenador dos estudos que se têm dedicado à poesia de Bandeira. A intenção não é a construção de um sistema explicativo: não é a sistematização o que se procura, mas o reconhecimento das arestas de uma obra densa em tensões que a partir de certo momento de sua recepção tornou-se excessivamente afável, delicada e conciliada.