teses
Quadriênio 2016 - 2013Total de teses defendidas: 51
TESES DEFENDIDAS EM 2016
Total de teses defendidas: 06
Ronaldo Eduardo Ferrito Mendes
Patricia Maria dos Santos Santana
Maria Rita Vieira Coelho
Mario René Rodríguez Torres
Título: A LITERATURA FORA DO LUGAR NA AMÉRICA LATINA: TRÊS MOMENTOS INDECISIVOS (UM CONTO INACABADO DE GUIMARÃES ROSA, DOIS TEXTOS IRREMEDIÁVEIS DE BOLAÑO E A ESCRITA POSTERGADA DE MACEDONIO).
Orientador(a): Prof. Dr. Luis Alberto Nogueira Alves
Páginas: 245
Resumo
Neste trabalho defendemos que não é possível dizer que a literatura é ou alguma vez foi uma ideia no lugar na América Latina. Tal defesa parte da constatação de que não houve formação de Estados nacionais soberanos e inclusivos, e não é mais possível acreditar que haverá; motivo pelo qual falar de uma literatura brasileira ou latino- americana formada perdeu o sentido. Como consequência, afirmamos que é preciso reler com outra perspectiva os autores que foram considerados o ponto de chegada de um processo formativo. Em um primeiro momento, nos ocuparemos de alguns textos de um deles, Guimarães Rosa, escritor que, entre outras coisas, predisse que para o ano 2000 o colonialismo chegaria ao seu fim na América Latina. Posteriormente iremos analisar o conto “El gaucho insufrible” de Roberto Bolaño, que transcorre na crise da Argentina de 2001, um dos acontecimentos que desmentiram a previsão de Rosa. A análise do conto será seguida da do ensaio “Literatura + enfermedad = enfermedad”. Estes textos nos permitirão indagar sobre o significado de escrever “literatura” desde a “América Latina” em tempos sem perspectiva formativa. Renunciando intencionalmente a linearidade histórica, a tese termina com um estudo de Macedonio Fernández, cujos escritos não tem como horizonte a formação de uma literatura nem de um Estado nacional, mas sua histerização e suspensão. Com a análise dos autores citados tentaremos mostrar que se já não é mais possível acreditar em um fim formativo nos velhos termos, também não é possível simplesmente deixar de falar de literatura e da América Latina, nem de reivindicar uma formação global e local menos assimétrica.
Fábio Galera Moreira
Cristiane Brito de Oliveira
TESES DEFENDIDAS EM 2015
Total de teses defendidas: 11
Alexandre de Oliveira Fernandes
Francisco Renato de Souza
Frederico Antunes de Oliveira Figueiredo
Título: Uma reentrada na forma: Cem dias sobre uma tradução inacabada do romance de estreia de Lukas Bärfuss
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Vera Lucia de Oliveira Lins
Páginas: 344
Resumo
Esta tese se propõe a apresentar ao público brasileiro, pela primeira vez, uma imagem do escritor suíço contemporâneo Lukas Bärfuss a partir de seu romance de estreia, Hundert Tage, publicado originalmente em 2008, na Alemanha. Seu marco teórico é esboçado a partir das refexões do próprio escritor, seus ensaios e sua obra de dramaturgia, com breves digressões de Teoria Literária sobre o húngaro Imre Kertész e a americana Ruth Klüger. Para aferir a consistência das teses sugeridas neste trabalho de apresentação, uma tradução experimental do romance, sob o título Cem dias, é inserida em anexo.
Janaína Laport Bêta
Título: Prospecções: Artes Visuais, História e Crítica no Vigorar do Poético
Orientador(a): Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro
Páginas: 210
Resumo
Acreditamos seja a arte a porção mais humana do homem, constituindo sua essência tanto quanto a liberdade. Vivemos dias ensombrecidos, onde, em nome da arte, desde Marcel Duchamp, apresentam-se dispositivos conceituais que nos causam perplexidade. Uma fissura abissal se instala entre arte e obras. Obras ausentes de arte. Onde o homem se perdeu de si mesmo e da essência do criar? Neste estudo imbricam-se artes visuais e sua escrita nos descaminhos do contemporâneo. Na modernidade o homem embrenha-se pelos caminhos do desvelamento explorador, e, enveredandose pela técnica moderna desconecta-se da face originária da arte. Tudo passa a girar em torno da funcionalidade e dos fins. Proclama-se o fim da arte e o fim da história. Mas o que é o homem sem arte e história? O que é arte? O que é história? Tais questões nos conduzem ao pensamento originário de Martin Heidegger acerca das questões do sentido do ser e do vigorar do poético. Para compreendermos os descaminhos da produção artística em nosso tempo e da escrita que a acompanha, antes haveremos de nos interrogar a respeito do que seja arte. Do que seja homem. Do que seja a humanidade do homem. Haveremos de pensar a essência do agir humano, a que os gregos nomearam poiésis.
Mauricio Chamarelli Gutierrez
Título: Notas a um plano contemporâneo
Orientador(a): Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto
Páginas: 203
Resumo
Este trabalho visa abrir o caminho para um leitura do contemporâneo e de sua poesia, marcadamente no Brasil, recusando, no entanto, qualquer figura de época ou sentido epocal preconcebido, bem como qualquer recorte geracional. Interessa-nos chegar a um desenho anacrônico, desde o qual o contemporâneo, de acordo com uma provocação de Giorgio Agamben, define-se menos por um corpus referente a um período histórico (a outro período da história) do que por uma relação de ressonância que é anterior a quaisquer de seus termos. A espacialização fundamental a toda ressonância – formulada a partir da escuta de um texto de Jean-Luc Nancy – nos leva, então, a postular a figura de um plano, aparentado ao plano de imanência que atravessa o projeto de Gilles Deleuze e Félix Guattari: um plano contemporâneo como um espaço de relações e de experimentação contínua do contemporâneo e da história. O plano assim concebido desmonta cronologias; comporta fluxos anacrônicos, provenientes dos mais diversos tempos, abrindo (e abrindo-se como) a possibilidade de uma escrita anacrônica da história – escrita que perseguimos, marcadamente nas provocações de Walter Benjamin. A partir de tal plano, pretendemos formular algumas perguntas sobre a relação do poema com o tempo, com seu tempo e sua história.
Marco Aurelio Reis
Título: O subúrbio feito letra: o cotidiano da periferia em crônicas ácidas e carnavalizadas
Orientador(a): Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes
Páginas: 112
Resumo
A presente pesquisa de tese tem como tema principal o estudo de uma tradição nas crônicas ambientadas no subúrbio do Rio de Janeiro. Nas obras de Lima Barreto, João Antônio e Léo Montenegro verificou-se que é grande a recorrência à crítica contra as condições de vida dessa região da cidade, merecendo, portanto, um estudo aprofundado. Foram feitas análises de crônicas dos três autores, nas quais se verificou que, em algumas delas, os elementos intertextuais, como referência e alusão, contribuem para crítica que os cronistas, ora de forma ácida e até brutal e ora de forma carnavalizada, imprimem em suas obras. Menos conhecido dos três, Léo Montenegro tem parte de sua obra resgatada.
Maria Clara da Silva Ramos Carneiro
Título: A metalinguagem em quadrinhos: estudo de Contre la bande dessinée de Jochen Gerner
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Ana Maria Amorim de Alencar
Páginas: 281
Resumo
Contre la bande dessinée, do autor francês Jochen Gerner, compõe-se de citações em torno das histórias em quadrinhos, às quais Gerner “responde” com desenhos. Em uma espécie de colagem de textos e imagens em justaposição, Gerner cria um efeito estético e epistemológico que demonstra seu posicionamento ético sobre os quadrinhos e sua crítica. É uma obra que coloca em jogo os próprios códigos que a constitui, em uma metalinguagem em quadrinhos recorrendo às práticas literárias e artísticas do acúmulo, do inventário, da assemblage e da citação. A presente tese analisa esse livro a partir de uma matriz teórica pós-estruturalista e contemporânea francesa.
Paraguassú Tavares Pereira Abrahão
Título: Percussão: toque de sentido
Orientador(a): Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro e Marcia Sá Cavalcante Schuback
Páginas: 232
Resumo
A questão que se coloca com esta tese é, mais propriamente, um convite para a experiência de um toque que se diz como percussão. Como o próprio título sugere – Percussão: toque de sentido –, compreende-se aqui que toque é percussão e que percussão é toque. Há aí um jogo que revela a pluralidade da percussão. Observa-se, a partir desse jogo, o desdobramento de vários sentidos. Percussão é toque que ora diz respeito a quem toca os instrumentos, ora é toque que toca quem está aberto à escuta. Percussão é toque que traduz afeto, é sentido que orienta. Percussão como toque é fenômeno que, ao produzir um sentido poético, se dá como e pela linguagem marcando sua presença no mundo ao ser toque percussivo – que toca e é tocado, instaurando sentido, ou seja, toque. Com isso, pode-se observar que percussão é o que transcende a mera constituição instrumental. Ao ser toque de sentido ela não se restringe a um conjunto de instrumentos musicais, mas se instaura como possibilidade de a própria música ser e realizar-se como sentido poético. Percussão é experiência de mundo atravessada pelo afeto. É pensamento e criação que se dá em diálogo.
Raphaella Mendes Silva de Castro Lira Yaakoub
Título: Cartografia de um naufrágio: Reflexões sobre estilo tardio na literatura latino-americana
Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho
Páginas: 219
Resumo
Em um estudo comparativo de obras de autores latino-americanos, como Jorge Luis Borges, João Guimarães Rosa, Reinaldo Arenas e Roberto Bolaño, verificamos que todos eles apresentam, na fase mais avançada de suas carreiras literárias, certa mudança de estilo, que poderíamos designar, na esteira de Edward Said, de “estilo tardio”. Este conceito, proposto primeiramente por Theodor W. Adorno em um ensaio sobre a música de Beethoven, foi ampliado por Said, passando a significar a expressão encontrada por artistas que, ao serem confrontados com a finitude e o desaparecimento, trilharam uma rota lúcida de contrariedade e rebeldia. Mais do que a mera expressão do choque entre o ser e o seu fim, o “estilo tardio” é, assim, um complexo de elementos contraditórios que, resultante da consciência de um fim irremediável, exprime uma conexão entre biografia e expressão artística, e pode constituir-se como uma via de acesso à obra de autores que vivenciaram essa experiência. No caso específico da América Latina, cujos escritores acima mencionados constituem o corpus de nossa pesquisa, buscamos investigar em que medida o “estilo tardio” empregado por esses autores pôde manifestar, ao lado da consciência de um fim próximo, o confuso amálgama de realidades que constitui a América Latina.
Sheila de Almeida Machado
Título: Impetuosos coros profanadores, centrifugados ânimos incontinentes: uma perspectiva sobre erotismo, profanação, exílio e inexistência em Crônica da casa assassinada, Lavoura arcaica e O quieto animal da esquina
Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho
Páginas: 219
Resumo
Com fundamento na abordagem comparativa dos romances Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso; Lavoura arcaica, de Raduan Nassar; e O quieto animal da esquina; de João Gilberto Noll, a presente tese estabelece vínculo entre os eventos epigráficos de profanação, erotismo e exílio – em que os protagonistas de tais narrativas investem – e o seu subsequente colapso em termos de identidade. A flagrante aceleração da crise identitária contemplada neste trabalho é marcada por uma sucessão de perdas e espoliações, por meio de despejos físicos e metafísicos: os corpos são exilados das casas; as almas, exiladas dos corpos. Os dois níveis de exílio, concêntricos, contribuem para a diluição e o escoamento dos traços que formavam uma identidade já insegura dos sujeitos em questão, desde os pontos de partida dos romances. Os personagens aqui submetidos à acareação sofrem gradativa e intensificada desconstrução de sua identidade, até atingirem uma despersonificação traduzida em inexistência. As fissuras e a consequente derrocada da identidade dos protagonistas, confrontados neste estudo sob metodologia de base comparatista, acompanham a própria fissura no gênero romance, para a qual Lúcio Cardoso, Raduan Nassar e João Gilberto Noll contribuíram decisivamente, no âmbito da literatura brasileira. Os três escritores transgrediram a estrutura enunciativa, apaziguadora, representacional e moralizante da narrativa cristalizada ao longo do século XIX, e colaboraram para a instituição de um romance marcado pela errância discursiva e pela confluência de linguagens múltiplas, extrapolando larga e gradativamente a singularidade antes centralizada pelo estatuto do literário.
Teresa Andrea Florêncio da Cruz
Título: Intelectuais e vozes da guerra urbana: uma poética da narrativa mediada
Orientador(a): Prof. Dr. João Camillo Penna
Páginas: 264
Resumo
Em um cenário no qual a “fala do crime” é responsável por uma inédita escalada do medo nas grandes cidades, especialmente a partir de fatos dramatizados na mídia popular, inscreve-se uma guerra de relatos que traz, de um lado, um discurso hegemônico sobre os infames, e, de outro, discursos mal-ditos (mal-falados) produzidos pelos próprios infames. Nesta pesquisa, objetiva-se estudar as representações da realidade nas obras de sujeitos que ocupam um entre-lugar no campo da produção simbólica, visando a estabelecer uma linha de coerência entre diferentes tendências observadas ao longo das três últimas décadas e, a partir daí, pensar três possibilidades de fala (ou de balbucios) dos infames. A proposta central desta pesquisa é desenvolver uma leitura do processo de autorrepresentação e do papel da mediação na produção recente, através do estudo de três obras que resultam das tensões estabelecidas entre as produções imagético-discursivas e a realidade do Rio de Janeiro no final do século XX e início do século XXI: Quatrocentos contra um (1991), Abusado (2003) e Elite da tropa (2006). Trata-se de um conjunto de obras que oferece um modelo para pensar – com base nas noções de subalterno, bárbaro, infame, dispositivo, estar lá, fala do crime, atitude textual, estado de exceção e metáforas da guerra, entre outras – a fala dos “planetas sem boca”, sujeitos que não escrevem a partir de nenhuma tradição literária, mas sim a partir da experiência e dos fragmentos de discursos jornalísticos, literários, legais, sociológicos e antropológicos que lhes chegam oriundos de diferentes arquivos. O trabalho visa a analisar três textos de produção recente que, mesmo sendo publicados por grandes editoras (Vozes, Record e Objetiva), foram escritos por autores que faziam suas primeiras incursões no mundo das letras. Investiga ainda de que maneira sujeitos infames puderam sair da invisibilidade de sua condição de vidas redundantes para projetar sua voz como autores (ou co-autores) de textos contemplados com publicação e ampla difusão no circuitos de produção simbólica. Nesse sentido, a leitura aqui proposta sugere um olhar para o resgate de memórias e experiências de três atores importantes do sistema de vigilância e controle: o criminoso (no caso, o traficante de drogas), o policial e prisioneiro. Considerando que em todas essas obras notamos, além da presença de linhas temáticas que se tornariam dominantes da literatura do presente, a importância do lugar de fala e da mediação, impôs-se nesta pesquisa a discussão sobre certos atores sociais que se identificaram no papel de mediadores e que atuaram de modo determinante no processo de construção de uma identidade subalterna, contribuindo para a transformação dessas autobiografias de infames em textos nos quais se destaca uma percepção da memória coletiva e do lugar dos refugos humanos na sociedade carioca.
TESES DEFENDIDAS EM 2014
Total de teses defendidas: 18
Aline Bezerra da Silva
Título: Caetés, São Bernardo e Angústia: mundo-prisão
Orientador(a): Prof. Dr. Ronaldo Pereira Lima Lins
Páginas: 220
Resumo
Esta tese analisa três romances de Graciliano Ramos: Caetés, São Bernardo e Angústia. Fundamenta-se em conceitos filosóficos concernentes à memória e à angústia, visando relacioná-los à questão do cárcere fractal, como reflexo da inevitabilidade do fim trágico dos seres humanos, a solidão inescapável. Tendo em comum um narrador- personagem que almeja escrever um livro, as considerações de ordem íntima imbricadas com questões de ordem social e o esmagamento das humanidades pelo fator econômico irão transparecer nas metaobras e o exercício da escritura se configurará ora como liberdade ora como aprisionamento. Por fim, o estudo dos aspectos técnicos que cercam os romances irá diferenciá-los, estabelecendo relação entre teor e talhe.
Aline Alves de Carvalho
Título: O espetáculo do mundo: Pessoa
Orientador(a): Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno
Páginas: 283
Resumo
Fernando Pessoa cria a biografia de seu heterônimo Ricardo Reis, que se exila no Brasil em 1919. Em 1935, Fernando Pessoa morre, e a partir desse evento, José Saramago decide dar a continuidade à biografia de Ricardo Reis que Fernando Pessoa não deu, e traz de volta a Portugal o heterônimo hedonista e distanciado da realidade. Essa apropriação de Ricardo Reis é o leitmotiv para a construção do romance O ano da morte de Ricardo Reis, escrito em 1984. O romance se desenvolve a partir de um narrador que persegue seu protagonista, que passa seu último ano de morte observando o presente histórico do ano de 1936, quando o salazarismo, o nazismo, o fascismo, a crise econômica compunham o cenário daquele real que Ricardo Reis chama de espetáculo. Neste trabalho, analiso as relações entre ficção e história que o romance apresenta.
Andrea Teresa Martins Lobato
Título: ESCREVER-SE: SIMONE DE BEAUVOIR NA SALA DE ESPELHOS
Orientador(a): Profa. Dra. Ana Maria Amorim Alencar
Páginas: 195
Resumo
Propõe-se uma leitura da obra autobiográfica Memórias de uma moça bem comportada (Mémories d’une jeune fille rangée), de Simone de Beauvoir. Em Memórias de uma moça bem comportada, Simone de Beauvoir engendra uma narrativa cronológica, em que, na voz de Simone, conta sua infância, o início de sua jornada de estudos em uma escola particular católica da elite burguesa parisiense (Institut Adeline Désir), onde conhece a sua amiga Elizabeth Lacoin (em Memórias de uma moça bem comportada, Elizabeth Mabille), a Zaza; em seguida, sua adolescência quando, na “idade ingrata”, sem atrativos e ainda mais interessada por estudos, deixa de acreditar em Deus; por fim, na voz da universitária que encontra com Sartre – com quem protagonizará, num futuro que não está contemplado nas Memórias de uma moça bem comportada, uma das relações mais controvertidas e conhecidas do mundo ocidental entre as décadas de 1930 e 1970 – e que foi, até aquela época, a mais jovem estudante e a nona mulher a ser aprovada na agrégation. Dessa forma, interrogando Memórias de uma moça bem comportada pretende-se refletir, a partir da urdidura da trama autobiográfica, uma escrita de si que se configura como distanciamento e alteridade. Tal reflexão tomará como ponto de partida que o texto autobiográfico é um mirar-se no espelho a fim de mirar-se a si mesmo. Que imagem está aí refletida? O que está disponível ao olhar? Esses questionamentos partem da hipótese de que o que é ser mulher é a pergunta crucial que Simone de Beauvoir se faz ao mirar-se no espelho, assim como da hipótese de que Simone de Beauvoir opera uma escrita de si para efetuar uma desconstrução de si, para entender como Simone de Beauvoir se fez Beauvoir.
Cassiana Lima Cardoso
Título: Samuel Beckett: o jogador melancólico
Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo Mattos Portella
Páginas: 258
Resumo
Investigação, a partir da categoria do jogo, da composição poética na cena beckettiana. Mimicry, ilinx, alea e agôn. O jogo das máscaras e a descentralização do eu. Vertigem e alegoria. As artimanhas do Acaso em face da Necessidade. Esticomítia e quiproquó. O hibridismo de gêneros e o apagamento de fronteiras entre o cômico e o trágico. O grotesco. Compreensão da obra beckettiana como uma crítica aos valores da cultura ocidental. Apontamentos sobre a liberdade no espaço poético. A infância como espaço privilegiado para acolhimento de silêncios procriativos. O impulso libertário do jogo. A melancolia como disposição poética.
Dinacy Mendonça Corrêa
Título: Da Literatura Maranhense: romance e romancistas maranhenses do Século XX
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira
Páginas: 218
Resumo
Um panorama da nossa literatura local, das suas raízes à contemporaneidade, situando, nesse universo, o nosso objeto de estudo: o romance e os romancistas maranhenses do século XX, numa visão sincrônica e diacrônica do gênero, perspectivando-o, em termos gerais – em suas origens, conceituações e referenciais teóricos; e específicos – identificando-o, no contexto espaciotemporal, sociopolítico e cultural em que foi produzido e do qual se faz testemunha e documento representativo; enfocando-o, em seus primórdios e precursores, autores e obras. Este trabalho, que se justifica na escassez e na necessidade de material básico e específico para o estudo/pesquisa do assunto em pauta, tem como objetivo maior o conhecimento, o resgate e possivelmente a divulgação de um patrimônio cultural ainda desconhecido e/ou esquecido, no constructo de uma historiografia literária especificamente maranhense.
Francine Pereira Fontainha de Carvalho
Título: As escritas íntimas. Análise das escritas de si.
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Flávia Trocoli Xavier da Silva
Páginas: 150
Resumo
A presente tese, intitulada: Penas e pinceis: retratos de Frida Kahlo, propõe um estudo acerca da artista mexicana Frida Kahlo a partir de suas cartas e diários e pretende traçar a trajetória da dor e do dilaceramento presentes em sua vida, portanto, ganharão relevo os escritos em que a expressão e o percurso do sofrimento estão mais visceralmente expressos e transmitidos. A principal e pulsante questão que este trabalho propõe desvendar é: Por que e para quem se escreve? Para a artista, a escrita funciona como um contradepressor, por permitir o registro dos sentimentos e a comunicação com o mundo exterior, nos longos exílios e prolongadas internações. Nesse sentido, a pintura e a escrita – por nós privilegiada na pesquisa – desenvolvem papel essencial na existência de Frida Kahlo por proporcionarem mecanismos de sobrevivência e convivência com a dor.
Iran de Jesus Rodrigues dos Passos
Título: O ESPAÇO DA LITERATURA NA CULTURA POPULAR MARANHENSE: em cena o Auto do Bumba Meu Boi
Orientador(a): Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes
Páginas: 147
Resumo
A presente Tese de Doutorado faz um exame do espaço da Literatura na Cultura Popular maranhense. Tendo como objeto o Auto do Bumba Meu Boi, ela foi construída a partir da constatação de que o Auto do Bumba Meu Boi é uma narrativa dramática, apresentando, portanto, todos os elementos do gênero literário a que pertence, como enredo, ação, personagens, tempo, espaço e diálogo. O Auto do Bumba Meu Boi vem, ao longo do tempo, sendo examinado mais como elemento da Cultura Popular maranhense. Nessa condição, tem sido objeto de pesquisa da Antropologia, do Folclore e da Sociologia, ciências que, inegavelmente, emprestam conhecimentos acerca do fenômeno. Não poderiam assumir comportamentos diferentes, na medida em que essas ciências são afins à Literatura. Na presente Tese, recorre-se a essas ciências afins. No entanto, ela assume mais um viés literário. Examina-se, então, a literariedade do Auto do Bumba Meu Boi. Traz-se à tona a história, as ações das personagens, o lugar e tempo em que essas ações ocorrem.
Lucimar Ribeiro Soares
Título: O romance Um beiral para os bentevis: a visão lúcida de Josué Montello
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Teresa Cristina Meireles de Oliveira
Páginas: 166
Resumo
Análise da narrativa Um beiral para os bentevis, de Josué Montello (RJ: Nova Fronteira,1989 ) cujo enredo é constituído de personagens ficcionais e outros retirados da realidade local, em São Luís. Destes últimos o autor apropriou-se de seus nomes e ocupações reais, desvelando-lhes o caráter individual e ações que rotineiramente executam ou executaram. As lembranças, as alienações e os devaneios das personagens ficcionais permitem ao leitor estabelecer relações e desvelar a memória histórica da cidade e a crítica ao contexto social e político maranhense.
Luciana da Costa Ferreira
Título: Entre a Colombo e a Academia: O intelectual boêmio Emílio de Menezes
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Vera Lúcia de Oliveira Lins
Páginas: 283
Resumo
A proposta deste trabalho é desenvolver reflexões sobre a figura do escritor paranaense Emílio de Menezes (1866-1918). A análise foi centrada nos aspectos biográficos e bibliográficos e no que diz respeito à sua ambiguidade em suas trajetórias pessoal e profissional. O satírico transgressor contrastava com o bem comportado poeta parnasiano; o boêmio da “Confeitaria Colombo” com o imortal da “Academia Brasileira de Letras” (ABL). Sua obra satírica era comparada a do escritor baiano Gregório de Matos, já o seu apreço pela forma poética arrancava elogios dos críticos da época. O auge da tensão entre o satírico e o lírico ocorreu na luta empreendida entre o escritor e a Academia na redação do discurso de posse à cadeira de imortal. A censura do discurso de posse pela instituição machadiana criou uma das mais comentadas polêmicas literárias da Belle Époque Brasileira. Polêmica essa que ressoou na memória da obra emiliana que de uma grande popularidade na sociedade de outrora caiu em um profundo obscurantismo após o seu falecimento. Este trabalho teve como pano de fundo discussões sobre os conceitos de memória, relações de poder, gêneros literários e cânone literário. O objetivo, ao final da Tese, é comprovar que as indecisões artísticas de Emílio de Menezes (ser um acadêmico conservador ou um satírico transgressor) foram os pontos principais para uma crise de identidade que resultou na ausência de seu nome do cânone literário brasileiro.
Luciane Maria Said Andersson
Título: As cadeias da humanidade são feitas de papel – O testemunho da ditadura civil-militar no romance K.
Orientador(a): Prof. Dr. João Camillo Penna
Páginas: 204
Resumo
A tese tem por objetivo analisar a tensão entre literatura e testemunho que move o romance K., de Bernardo Kucinski. A contribuição original da pesquisa é demonstrar a maneira como o autor construiu um relato a partir da ausência da cena central do romance: o desaparecimento. A partir desta hipótese, trata-se de investigar as implicações éticas suscitadas pela utilização da ausência como metáfora da representação em um relato tardio sobre uma cena inexistente, com a finalidade de representar aquilo que não se dá à representação ou não se quer representado. A tese investiga a maneira com que a ficção testemunhal de Bernardo Kucinski, K., resgata e apresenta através da ficção o passado de um país afogado no estado de exceção e no trauma. A hipótese defendida pela tese é a de que a ficção tem embutida nela a possibilidade de testemunho, assim como, por outro lado, todo testemunho jurídico tem implícito nele a possibilidade do perjúrio e da mentira, ou seja, de ficção.
Maria Sílvia Antunes Furtado
Título: MARGUERITE DURAS: NO RAVINAMENTO DA ESCRITA
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Flavia Trocoli Xavier da Silva
Páginas: 158
Resumo
A presente tese analisa o ravinamento da escrita em Marguerite Duras, a partir de romances e roteiros de teatro produzidos em épocas distintas. Nos três capítulos da tese, a análise se faz pela delimitação de escritos que estabelecem um diálogo entre si, nas mais diferentes perspectivas. Os romances Barragem contra o Pacífico (1950) e O amante (1984) têm um mesmo fundo temático, mas formas distintas; o primeiro estabelece uma narrativa metafórica e o segundo uma narrativa topológica. O arrebatamento de Lol V. Stein (1964), O vice-cônsul (1965) e India Song (1973) trazem a questão das figuras de exílio, a transitividade entre essas personagens e a prevalência dos temas do olhar e do esquecimento. O jardim (1955), Destruir, diz ela (1969) e O caminhão (1977) trazem uma linguagem hermética, que é impossível de ser acessada pelo entendimento. Em comum, a literatura durassiana levanta questões sobre a escrita que, ao mesmo tempo em que se desfaz e se torna estilhaçada, constrói uma nova subjetividade.
Maria do Socorro Carvalho
Título: OS TAMBORES DE SÃO LUÍS: ECOS DA MEMÓRIA E ESPAÇOS RECONSTRUÍDOS NA FICÇÃO DE JOSUÉ MONTELLO
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira
Páginas: 113
Resumo
O objetivo desta tese é uma análise dos espaços culturais maranhenses, habitados e
percorridos pelos personagens, e reconstruídos através da memória, no romance Os tambores
de São Luís, de Josué Montello, visto que há uma preocupação do autor em manter vínculos
com o passado formador de uma história, e os espaços reconstruídos rememoram o legado de
um povo. Os espaços externos e internos; amplos e restritos, contem uma troca entre os
grupos que os habitam, e constroem suas identidades de homens negros, brancos e mulatos.
Tudo acontece com a trajetória de um homem negro, que atravessa a cidade de São Luís,
sempre ao som dos tambores da Casa-Grande das Minas, para encontrar o seu trineto que o
aguardava para nascer. Essa pesquisa acontece de forma interdisciplinar, unindo Literatura, a
História, a Geografia, Sociologia, Antropologia e Filosofia, possibilitando a relação
personagens/espaço culturais, espaço/tempo.
Maria Iranilde Almeida Costa
Título: O múltiplo e o uno: os (des)caminhos bolañianos em Putas Assassinas
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira
Páginas: 127
Resumo
A tese propõe-se a analisar o livro de contos Putas assassinas (2001), do escritor chileno Roberto Bolaño, tomando-o como uma obra marcada pela multiplicidade de gêneros, de temas e de modos de narrar, que inscreve um discurso autoficcional problemático ao mesmo tempo em que desestabiliza o lugar da representação literária. A pesquisa visa problematizar o sujeito autoral que aponta para fora de um eu, revelando outros sujeitos, e também para uma interioridade denunciadora da memória ficcionalizada, ao mesmo tempo em que se constrói performaticamente numa nova subjetividade que não se apaga no texto nem se apropria de uma verdade transcendente à obra. Desse modo, a pesquisa desenvolve-se a partir dos seguintes pontos: a crise na representação, dado que a narração de eventos traumáticos culmina em silenciamentos de narradores e personagens, sinalizando a própria impossibilidade de narrar; a inserção do autor no universo do narrado, conferindo-lhe um protagonismo ficcional que potencializa o evento autobiográfico; a literatura como problema, demarcando um procedimento autorreflexivo em que a ficção é questionada dentro dela mesma. Na pesquisa foi privilegiada a escrita ensaística por esta se coadunar melhor à dinâmica da obra, cujo inacabamento dos contos é uma marca recorrente. Como método de abordagem dos contos, optou-se tanto por cotejá-los em diálogo uns com os outros como também estudá-los individualmente, como no caso do conto Putas assassinas, o qual apresenta a personagem que é o epítome da obra.
Plínio Fernandes Toledo
Título: A ASTÚCIA DA DIALÉTICA: O DESVIO EM GUY DEBORD
Orientador(a): Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno
Páginas: 315
Resumo
Neste trabalho procura-se realizar uma leitura dialética e fenomenológica da densa obra Debordiana, através da construção de uma síntese textual do procedimento estilístico usado amplamente pelo pensador situacionista: o détournement (desvio). Mediante um conjunto de ensaios articulados segundo um plano coerente de composição, tenciona-se demonstrar o modo pelo qual Guy Debord, através de um simples procedimento estilístico exemplificado no détournement (desvio), propõe e executa uma complexa atualizaçao da filosofia por meio da superação da arte moderna. Inserindo uma força contraditória no interior das formulações canônicas da cultura burguesa, Debord opera a subversão imanente das expressões fundamentais da cultura literária e filosófica, revitalizando a linguagem e a potência dialética da teoria crítica. Através da leitura de textos fundamentais de Debord, conduzimos nossa interpretação ate o cerne filosófico de sua produção teórica: “A sociedade do espetáculo”, em cuja interpretação devemos colocar em relevo as virtudes do texto situacionista em seu teor dialético e contracultural. Ressalta-se no texto Debordiano a criação, pelo estilo, de uma revolução sintáticosemântica que subverte as formas e relações que presidem a ordem espetacular, fazendo emergir dela um novo sentido que a supera. É o que denominamos “astúcia da dialética”, cujo conceito o presente trabalho pretende esclarecer.
Raquel de Castro dos Santos
Título:Poética e criação poética
Orientador(a): Prof. Dr. Antonio José Jardim e Castro
Páginas: 249
Resumo
Primeiras estórias são narrativas instauradas pelo dizer do narrar na amplitude desmedida da linguagem nas estórias rosianas. Cada narrativa apresenta a experiência das personagens rosianas no sertão rosiano. O dizer do narrar mostra o inaugural originalmente, revivificando-o com a ausculta da presentificação da linguagem na obra. A resposta humana se dá no diálogo entre o ser e o tempo inaugurados. As personagens anciãs e infantis experienciam o sertão e compartilham a mundividência rosiana. A ética e a morada são consonâncias mundificadoras nas estórias. A ética requer diálogo para vigorar na unidade harmonizadora. O amor como procura é a cura rosiana. Amar fomenta a asculta de si e do outro no encontro vivificador. A loucura e o real são inaugurações originais. Ir além do imediato e do limite é deambular na existência desmedida. A morte é o eclodir extraordinário rosiano. É a consumação plenificadora do sertão rosiano.
Rosinéia de Jesus Ferreira
Título: A construção das identidades em quatro romances de Toni Morrison: The Bluest Eye, Beloved, Jazz e Paradise
Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho
Páginas: 130
Resumo
Esta tese tem como eixo o estudo da construção de identidades afro-americanas nos romances The Bluest Eye, Beloved, Jazz e Paradise. Como estas obras se passam em diferentes momentos da vida afro-americana nos Estados Unidos, a construção das identidades desses povos é focalizada em suas relações com esses momentos históricos. Por essa razão, os temas aqui trabalhados são aqueles que tiveram um papel relevante na maioria desses momentos: o sentimento de comunidade, a importância da música, da religião e da natureza na sua maneira de encarar a vida, os problemas da miscigenação e o peso da herança cultural, seja ela africana, americana ou afro-americana.
Solange Santana Guimarães Morais
Título: Os sentimentos de liberdade em João do Vale e Nicanor Parra nos ‘anos de chumbo’
Orientador(a): Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes
Páginas: 182
Resumo
A presente tese se constitui em um estudo sobre os sentidos de liberdade perceptíveis nas letras de músicas do compositor brasileiro João do Vale (1933-1996) e nos poemas do escritor chileno Nicanor Parra (1914-), nas décadas de 1960 e 1970, correspondentes aos períodos ditatoriais civis- militares no Brasil e no Chile. Entender o fenômeno da liberdade tem motivado estudos e debates desde as mais antigas até as atuais organizações sociais. A liberdade é um bem cultural universal, isto é, sua “invenção” independe de fatores como lugar e tempo, embora sua valoração emirja com maior intensidade em meio às realidades históricas marcadas pela opressão. Duas questões orientaram os caminhos deste estudo: de que forma as letras de músicas de João do Vale e os poemas de Nicanor Parra, contribuem para a compreensão do que é liberdade? Como as composições musicais de João do Vale e os poemas de Nicanor Parra representaram os sentimentos de liberdade em tempos históricos marcados pela opressão?Tendo em vista as questões norteadoras, objetivou-se analisar comparativamente as construções poéticas nos dois artistas, em meio às realidades históricas ditatoriais vividas por ambos. As leituras de Jean Paul Sartre (2012), Hannah Arendt (1989, 2003), Claude Lefort (1983), Roberto Schwarz (2008), Alfredo Bosi (2000), Octavio Paz (1982), Antonio Candido (1994), Carlos Fico (2014), Theodor Adorno (2011), Walter Benjamin (1994), entre outros, subsidiaram o percurso analítico. São relevantes, neste estudo, a demonstração das grandezas poéticas dos dois artistas latino-americanos e, ainda, a possibilidade de alargamento da compreensão de liberdade.
Valderi Ximenes de Meneses
Título: O PERFIL DA POESIA DE NAURO MACHADO NO CENÁRIO DA LITERATURA MARANHENSE
Orientador(a): Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto
Páginas: 156
Resumo
Esta Tese Doutorado desenvolve nossas reflexões críticas sobre a obra poética do poeta maranhense Nauro Dinis Machado, procurando mostrar o perfil de sua poesia no cenário da literatura maranhense. Nosso intuito durante esta etapa concentrar-se- á em tentar fazer com que a obra de Nauro Machado ganhe maior reconhecimento pela crítica literária de caráter acadêmico e que todo o material aqui produzido possa contribuir como fonte de pesquisa para futuros trabalhos acadêmicos que, por ventura, alguém queira se dedicar a trabalhar a obra desse sólido poeta. Sua poesia é vista por uma pequena parcela de críticos como de alto nível, no entanto ainda não se tem trabalhos acadêmicos que sustentem tal afirmação. Sabe-se que seu poder verbal apresenta várias possibilidades de sua magia com o verso. É um poeta digno da representação de um vocabulário violento, forte e nítido. Diante da necessidade de se quebrar a barreira de silêncio em torno da obra naurina participa do diálogo de nosso trabalho, uma abordagem sobre a forma como o poeta se comporta em meio a sua geração. Daí a necessidade de fazer um estudo teórico da problemática da geração, para se ter uma verdadeira noção da relação de Nauro com a produção literária de sua época. Num outro momento observamos a relação do erotismo e da metalinguagem como objetos partícipes da criação poética desse autor maranhense, sendo o primeiro o agente que move o ato poético e o segundo o elemento que se utiliza da palavra escrita para falar da própria poesia. Fechando nosso propósito, apresenta-se a poesia de Nauro Machado sob o olhar existencialista e da memória, onde o primeiro percorre as linhas de força que tentam explicar a existência do homem em seu meio e a outra relaciona a poesia aos aspectos da imaginação metafórica em que o poeta exaspera sua carga imagística dos versos.
TESES DEFENDIDAS EM 2013
Total de teses defendidas: 16
Ana Tereza de Andrade
Ana Maria Bernardes de Andrade
Cláudia Dias Sampaio
Cristiane Agnes Stolet Correia
Diego de Figueiredo Braga Pereira
Elisa Maria Soares Fernandes Vieira
Título: CONSTRUÇÃO E RUÍNA: o arcaico e o moderno no cinema de Pier Paolo Pasolini
Orientador(a): Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno
Páginas: 253
Resumo
Estudo da fase inicial do cinema de Pier Paolo Pasolini, constituída pela Trilogia romana – Accattone, Mamma Roma e La ricotta -, e pelo filme Il Vangelo secondo Matteo. Os filmes são revistos como “chave de leitura” do presente, e objetiva-se examinar a renovação da forma como instrumento de luta e de oposição à realidade opressiva e como resistência atemporal do Poder que leva à construção e à ruína política, econômica e estética. Sintetiza-se na recusa anticapitalista a vitalidade necessária à ação renovadora. A análise imanente da forma dos filmes é realizada sob a ótica do projeto estético-crítico-político de Pasolini, considerando-se elementos próprios da escrita cinematográfica, referências figurativas, literárias, fílmicas e musicais e aspectos ideológicos. Para tratar de questões atemporais e universais, os filmes partem do subsolo da sociedade italiana – o subproletariado – ou de um tempo longínquo, genérico e mítico do passado. Poder, corpo, sacralização, destino, morte, fixação no passado e religiosidade são temas discutidos, no intuito de ressaltar a visão lúcida, coerente, profética e propositiva de Pasolini sobre a realidade. A renovação da linguagem, refinada e complexa, rompe com modelos e fórmulas para retratar a nova realidade urbana em contínua e acelerada transformação na Itália, contraditória e contrastante, dos anos 1960. Os conflitos gerados pelo processo de modernização e pelo avanço do capitalismo em meio à pobreza das periferias e à mentalidade conservadora, católica e racista são problematizados nos pontos de tensão entre o arcaico, a tradição e o moderno, o periférico e o central, o popular e o erudito.