teses

Triênio 2008 - 2006

Total de teses defendidas: 51

TESES DEFENDIDAS EM 2008

Total de teses defendidas: 14

Alessandra Garrido Sotero da Silva
Título: A Literatura infanto-juvenil engajada de Georgina Martins: a busca de novos valores diante da indiferença pós-moderna à exclusão social brasileira Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Helena Parente Cunha Coorientador(a):  Prof(a). Dr(a). Angélica Soares Páginas: 159 Resumo Esta tese discute os problemas advindos com a Pós-modernidade e a consolidação do Capitalismo no mundo Ocidental e estuda o fazer literário em uma proposta ecológica enquanto fonte inesgotável de energia planetária, conseqüentemente como o espaço de conscientização de saídas humanitárias possíveis, nestes tempos de relações líquidas (BAUMAN). As obras literárias estudadas, de cunho infanto-juvenil são: No olho da rua: historinhas quase tristes (2002) e Uma Maré de desejos (2005), de Georgina Martins as quais, na nossa leitura, configuram a proposta mencionada. A relevância dessas obras citadas se dá, sobretudo, como energia (WILLIAN RUECKERT) formadora de mentalidades críticas no mundo pós-moderno, em que se percebe o silenciamento das massas, a exclusão social marginalizante, a indiferença ao outro, a alienação e a fragmentação do sujeito frente à manipulação midiática. Evidencia-se, nestes textos, o resgate das subjetividades da população marginalizada brasileira frente à massificação das mentalidades. Traçamos um breve histórico do foco exclusão social em algumas obras literárias infanto-juvenis editadas no Brasil e constatamos que as obras referidas de Georgina Martins não inauguram, mas contribuem para um novo gênero literário infanto-juvenil: engajado, sensível, belo e reflexivo. No olho da rua: historinhas quase tristes (2002) e Uma Maré de desejos (2005) educam sem dizer que estão educando, tornam o jovem ou a criança um ser mais sensível e mais receptivo ao bem sem se rotular religioso. Proporcionam a quem lê a fruição estética através da simplicidade e da sensibilidade com que desenvolvem suas causas, expõem a defesa do oprimido sem se tornarem panfletários. São obras capazes de suscitar no jovem mais alienado e indiferente a causa do outro, desmistificando a imagem de medo e terror institucionalizada pela mídia quando se trata de menores abandonados e moradores de favelas. Enfim, busca-se evidenciar, através das obras citadas, o poder utópico de um texto literário, que tratando-se de necessidade vital do ser humano, pode além do prazer estético, portar uma busca de valores mais igualitários, mais humanos, resgatando a proposta ecológica, em uma sociedade em que o capitalismo dita modelos de comportamento e a essência do ser humano é esmagada pelo poder do capital.  
Alexander Meireles da Silva
Título: O admirável mundo novo da república velha: o nascimento da ficção científica brasileira no começo do século XX Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de F. Coutinho Páginas: 193 Resumo Este trabalho analisa a ascensão e a expressão da vertente romanesca da literatura fantástica conhecida como Ficção Científica dentro do cenário da Literatura Brasileira durante o período histórico da República Velha (1889-1930). Assim como ocorrera na Europa, as grandes questões dos períodos da Belle Époque e do entre guerras promoveram as condições para o surgimento da Ficção Científica no Brasil. Em nosso país, essa forma literária se apresentou através de duas vertentes: a primeira, ocorrida durante o período de 1898 a 1914, manifestou-se sob a forma da Ciência Gótica, e a segunda, restrita ao período do entre guerras, se expressou por meio da tradição da Literatura de Distopia. No Brasil, a Ciência Gótica surgiu como resposta ao longo processo de modernização pelo qual o país, e particularmente a cidade capital do Rio de Janeiro, passou. Coelho Neto e João do Rio foram dois dos escritores mais representativos da Ciência Gótica brasileira, e suas obras, marcadas por elementos simbolistas e decadentistas, refletiram o misto de fascinação e terror que a ciência e seus produtos causaram na mente do homem da virada do século XX. A Literatura de Distopia, por sua vez, refletiu os medos e as tensões sociais do período de entre guerras, marcado pelo debate sobre a relação do homem com a sociedade. No Brasil, essa literatura foi representada pelos romances distópicos de Gastão Cruls e Monteiro Lobato, em que se observa uma preocupação da parte das elites dirigentes com as teorias eugenistas da época e com a constituição miscigenada do povo brasileiro.  
Andréia Penha DelMaschio
Título: A máquina de escrita (de) Chico Buarque Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho Páginas: 218 Resumo Diferentemente da maior parte dos textos “sobre Chico Buarque”, dedicados a sua biografia, e dos muitos escritos acerca do conjunto das canções, esta tese se centra no estudo dos romances. Partindo da profusa onomástica bioficcional do escritorcompositor, esclarece de que modo o nome “Chico Buarque”, com sua constelação de variantes, vai além de um mero nome próprio ou nome de autor, deixando de remeter sempre a um mesmo e único referente, para designar antes um personagem, um anônimo, um ghost writer, um duplo e uma griffe. Se ao narrador de Estorvo falta um nome, condição em tudo compatível com sua cisão identitária e a deambulação sem destino que realiza em meio aos resquícios de utopias modernas, ao protagonista de Budapeste angustia a vivência de nome e personalidade duplos, desdobráveis depois em um coro de vozes, ao mesmo tempo em que o nome de autor “Chico Buarque” se recolhe, gradativamente, à condição de personagem, costurando perguntas sobre o emaranhado real-ficcional, a função autoral, os conceitos de aura, mito e obra. O aparato da engrenagem social que em ambos os textos conduz da riqueza à miséria e da fama ao anonimato também habita Benjamim, no qual sobressai a maquinalidade como modelo, opção que é simultaneamente causa e efeito de imobilidade e violência. Os três romances delineiam, conjuntamente, um panorama da atual sociedade capitalista, com seu contingente de refugos humanos e sua legião de teleguiados.  
Antônio Máximo Ferraz

Título: Fernando Pessoa em obra: a teatralização da metafísica

 

Benjamin Rodrigues Ferreira Filho
Título: Comédia negra e outros assombros: política, história e guerra na ficção de Rubem Fonseca Orientador(a):  Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto Páginas: 201 Resumo Consideração da obra de Rubem Fonseca a partir da discussão da violência entendida como problema político. Seguindo-se as vertentes política, história e guerra, pretende-se discutir a violência, em qualquer nível ou escala, como uma manifestação política, que ocorre ao longo de todos os tempos históricos e configura as relações sociais como guerra. A violência representada na ficção de Rubem Fonseca tem diversas facetas, mas é situada como uma questão humana presente no contexto político global, durante todo o tempo histórico e cujos elementos são aqueles da “guerra de todos contra todos”.  
Cassiana Lima Cardoso
Título: O dia do juízo: ironia e tragédia nos infernos de Rosário Fusco Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Vera Lins Páginas: 133 Resumo Este trabalho é uma leitura e uma interpretação da obra O Dia do Juízo, de Rosário Fusco, que busca demonstrar um possível diálogo do romance desse autor com as tradições irônica e trágica da literatura universal, questionando ainda os princípios da metafísica que nortearam o Homem ao longo de sua história e a moralidade de costumes que delinearam sua conduta.  
Francisco C. Mucci

Título: Banalogias: uma leitura de Roland Barthes

 

Juliano Gaeschlin Alonso
Título: Memórias de Ariadne em Pablo Picasso e Julio Cortázar Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo F. Coutinho Páginas: 162 Resumo A tese tem como objetivo geral contemplar e discutir as virtudes dramáticas do Minotauro diversamente figurado por Pablo Picasso na década de 1930, e do Minotauro representado por Julio Cortázar no drama Los Reyes (1949), a partir da memória cultural de Ariadne, personagem que interage com o monstro nas obras do pintor e do escritor. Mais especificamente, pretende-se avaliar a relação erótica entre o Minotauro e Ariadne a partir da memória erótica de Ariadne, que, no âmbito do mito grego, remete ao herói Teseu e ao deus Dioniso (Baco). Tal avaliação será mediada pela análise de um conto de Jorge Luis Borges, “La casa de Asterión” (1949), que igualmente tematiza o Minotauro. O conto, embora não invista na mencionada relação erótica entre as personagens, favorece paralelos com a noção de memória nas obras de Platão e de Dante, autores que, por via da literatura, fomentaram a revisão crítica de padrões mentais e culturais, conferindo a seus escritos, de elevado vigor psicológico, uma singularidade própria. Em suas obras, a concepção e a manifestação do erotismo, que oscila entre a volúpia sensual e o desejo de conhecimento metafísico, ativa o exercício de uma memória que abrange aspectos de cunho histórico, poético e filosófico. Sob esse prisma, busca-se delinear e distinguir os amores de Teseu e Dioniso, no universo de um mito interpretado por miríades de poetas e artistas plásticos que, da Antigüidade ao Renascimento e à era Moderna, antecederam as produções de Pablo Picasso e Julio Cortázar.  
Luciane Said

Título: No limite da cidade: a representação da realidade no documentário Notícias de um guerra particular

 

Luiz Henrique da Costa

Título: Vinícius de Moraes, Escritos sobre cinema

 

Madalena Aparecida Machado
Título: O homem da pós-modernidade: a literatura em reunião Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins Páginas: 501 Resumo O estudo do homem na Pós-modernidade tomando por base o romance O homem duplicado, suscita abordagens variadas dada a complexidade temática. A pesquisa dialoga com as várias vertentes teóricas que se ocupam em compreender o humano e na dialética priorizamos o encontro e não a síntese. Vemos o personagem destituído de qualquer suporte referencial numa jornada de entendimento pessoal; no erro, a errância despista caminhos, oferece outros e nas múltiplas escolhas a maior delas é saber de si. Com sensibilidade diferenciada, o conhecimento por se fazer engloba ignorância, inexatidão e o imprevisível que o habitante da narrativa negava antes de ser abalado nas suas certezas. Olha no espelho e não se vê; se depara com o abismo sem vislumbre do outro lado, então mostra a humanidade característica do tempo em processo, dimensionada pelo vazio. O corpus literário de José Saramago bem como o duplo em vários outros escritores de diferentes épocas e estilos referendam nossas hipóteses de ver na ambigüidade do ser fictício, um retrato da figura humana na contemporaneidade.  
Maria Isabella Bottino
Título: Proust e a leitura ou a infância da escrita Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho Páginas: 206 Resumo Esta Tese tem por objetivo estudar as relações entre a leitura e a escrita na obra do escritor francês Marcel Proust. Partindo do pressuposto de que A la recherche du temps perdu se elabora com a tensão surgida entre aquele que lê e aquele que pretende escrever, portanto diferenças entre o Narrador e seu leitor, o trabalho que ora se apresenta tem por intenção, entendendo a leitura como a infância da escrita, compreender a Recherche no âmbito de uma crítica amorosa empreendida pelo leitor Proust, no âmbito da infância como movimento construtor da vontade de escrever, bem como registrar a passagem que vai da leitura à escrita romanesca.  
Maria José de Ladeira Garcia
Título: O percurso humano em busca de identidade pela memória na tríade ficcional de Oswaldo França Júnior Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Angélica Maria Santos Soares Páginas: 170 Resumo Nesta tese reflete-se sobre o percurso humano em busca de identidade pela memória, em diálogo com alguns aspectos que revelam a escritura de Oswaldo França Júnior em Aqui e em outros lugares, À procura dos motivos e No fundo das águas. Reconhece-se, na estrutura dessas narrativas, uma construção refinada pela reconstrução do passado e pelos processos de alternância e simultaneidade temporal. Considera-se que refletir sobre o agir dos personagens pressupõe vislumbrar a condição humana, quer na sua face gloriosa, quer na sua expressão frágil, onde o interdito é o agente externo que alimenta, por oposição, o desejo incontido da transgressão. Nos romances relacionados, a desconstrução / reconstrução da escritura se faz por encadeamento, encaixamento e alternância; a mise en abyme enriquece a ficção como realidade reflexiva, ao pactuar com a realidade que ela reflete; a alegoria é mais que um conceito retórico, pois desnuda uma visão de mundo, ao expor um pensamento sob forma figurada em que se representa algo para indicar outra coisa por uma relação de semelhança. A narrativa franciana apresenta traços da pós-modernidade por ousar afirmar o desejo e a impossibilidade da volta à origem perdida desde sempre e por revelar que o sentimento agudo do transitório não encontra mais sua razão na eternidade divina, porque a pós-modernidade é um palco isolado de um teatro profano onde a destruição vence sempre. Compreendese,francianamente, que a vida é costurada por labirintos nos quais os desajustes existenciais são contaminados por conflitos reveladores da consciência aguda da temporalidade e a da morte e que, portanto, cabe à arte, imprevisível e questionadora, ativar a sensibilidade e estimular a singularidade para que o homem chegue à sua essência.  
Mônica Genelhu Fagundes
Título: Desastrada maquinaria do desejo: a Prosa do observatório de Julio Cortázar Orientador(a):  Prof. Dr. Edson Rosa da Silva Páginas: 315 Resumo Escritura alegórica de uma máquina do mundo em que se aliam exercício estético e pensamento teórico, fabulação mítica e reflexão histórica, Prosa del observatorio consuma o que será, provavelmente, o princípio essencial da literatura de Julio Cortázar, e seu móvel: a aspiração utópica a uma reordenação do real que se realiza por meio de sua transfiguração em imagem. Partindo da leitura desse texto, que se revela, portanto, nuclear para a compreensão da poética de seu autor, nossa tese pretende estudar este trabalho da imagem – seus fundamentos, suas estratégias, seus efeitos e seu sentido – transitando entre os domínios do artístico, do filosófico e do político.  

TESES DEFENDIDAS EM 2007

Total de teses defendidas: 16

Antonio Carlos Pereira Borba

Título: Heidegger e o Sagrado – Uma leitura budista

 

Celia Regina de Barros Mattos
Título: Dom Quixote à pro-cura da cura: uma leitura heideggeriana Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antonio de Castro Páginas: 419 Resumo Este trabalho apresenta a obra Dom Quixote de la Mancha sob a perspectiva poético-ontológica, dividida em três em périplos, ao modo de círculos hermenêuticos. Dom Quixote, o cavaleiro-filósofo, sai à pro-cura da Cura e, entre nascimento e morte, experimenta os existenciais fundamentais até o momento em que a conjugação angústia-morte inclui “poder-ser” pastor e poder morrer, no elenco de suas possibilidades essenciais. No epitáfio, no entanto, “La muerte no triunfó”. Desde então, passa por experiência originária; vira cavaleiro-hermeneuta; assume a missão de enfrentar a Essência da Técnica __ a face mais radical do pensar metafísico do Ocidente __, travestida de cavaleiro. A luta, há muito anunciada, é inevitável e, no apagamento da modernidade, o esquecimento do ser como destinação exige que Dom Quixote cumpra seu destino heróico e liberte o Ocidente do encantamento metafísico. Na clareira da pós-modernidade, tem lugar uma batalha singular: o cavaleiro-Quixote-vida, narrando-se em experienciar, dis-puta com o cavaleiro-Quixote-ficção o lugar de verdade e, no jogo desvelar-velar, o fidalgo-cavaleiro-filósofo-hermeneuta-pastor-poeta, ampliando infinitamente seu espectro de possibilidades, cumpre seu destino heróico. Dom Quixote vence como obra de arte.  
Dilma Mesquita Loureiro

Título: Descepção e erro: caminhos críticos da contemporaneidade

 

Eduardo Guerreiro Brito Losso
Título: Teologia negativa e Theodor Adorno: a secularização da mística na arte moderna Orientador(a):  Prof. Dr. João Camillo Barros de Oliveira Penna Coorientador(a): Christoph Türcke (Universität Leipzig) Páginas: 343 Resumo A Tese analisa a relação da filosofia, especialmente a estética, de Adorno, com a teologia negativa e a mística. Essa relação não é de identificação nem de equivalência: Adorno resgata, com filtro crítico, a própria negatividade e a transformação secularizada da mística sem se ater a “relíquias teológicas”. Mas essa operação secularizadora descobre que a própria teologia negativa e a mística tradicional foram o efeito de um avanço emancipatório do esclarecimento. Desde o seu surgimento, e passando por diversas transformações históricas, a mística sempre esteve ligada a grandes questões existenciais da filosofia, além de apresentar relações intrínsecas com a experiência estética moderna. E é justamente para esta região que se encaminha o foco do trabalho: localizar a questão da teologia negativa e da mística na modernidade lá onde elas encontraram seu melhor refúgio profano: na obra de arte moderna; e pensar a maneira com que a teoria estética de Adorno contribui para entendermos o estatuto da negatividade teológica e da mística na arte moderna e contemporânea.  
Genilda Maria Souza e Silva
Título: Ascensão e morte do escritor João do Rio na utopia modernista do Rio de Janeiro Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho Páginas: 234 Resumo O presente estudo aborda o exame da produção literária do autor Paulo Barreto (1881-1921), mais conhecido como João do Rio, pseudônimo com o qual marcou presença no início do período republicano, da dita Belle Époque carioca. Período político de profundas transformações nas estruturas urbana, intelectual e artística do país, a decantada Belle-Èpoque mudou a face do Rio de Janeiro em sua aparência geográfica, através das reformas urbanas, sanitárias e tecnológicas promovidas pelas reformas de Pereira Passos e inaugurou finalmente a inserção do país no processo de modernização. É a época também de transformações significativas no campo literário brasileiro, marcado por importantes manobras de autores nacionais, que buscavam legitimação naquele momento literário conhecido como o pré-modernismo brasileiro. Acompanhar a trajetória do autor João do Rio, que buscava afirmarse naquele singular cenário artístico e intelectual do pré-modernismo até sua morte precoce ocorrida às vésperas da revolução modernista é o que se quer aqui realizar. O estudo dedica-se ainda a elaboração de um aprofundamento crítico quanto aos recursos estilísticos utilizados por João do Rio na construção de sua enunciação literária, sobretudo buscou-se desvendar o significado da enigmática figura do raisonneur Barão de Belfort em suas diversificadas aparições em alguns exemplos mais representativos destacados da sua crônica, do seu conto, do romance e da sua obra dramática. Tais figurações compõem a polêmica persona que o próprio João do Rio forja do dândy tropical . Por sua atitude e identidade literária, pelo seu enunciado literário incompreendido por seus contemporâneos João do Rio atraiu muitos detratores e seu nome e sua obra, _ naquele momento histórico que a sociedade brasileira era ainda fortemente marcada pelas mazelas do preconceito de etnia e de sexualidade _ que tinha alcançado êxito meritório seria rapidamente esquecido. Esquecimento este que, felizmente, hoje é reparado pela revisão crítica mais recente, cujo presente trabalho visa contribuir.  
Júnia Nogueira Neves
Título: Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso Orientador(a):  Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno Páginas: 176 Resumo Esta Tese se debruça sobre quatro dramas de Lúcio Cardoso: O Escravo, A Corda de Prata, O Filho Pródigo e Angélica escritos e encenados entre 1937 e 1950. Para compreender a singularidade do universo estranho e violento de Lúcio Cardoso, as análises levam em consideração as transformações sociais ocorridas no Brasil naqueles anos e o projeto artístico do Autor. Por esta razão, associa os elementos dramáticos ao universo romanesco do escritor composto por suas novelas e romances. Considera, ainda, a situação do Teatro no Brasil tanto no que diz respeito à trajetória das peças que não procuravam cativar o público apenas através do riso – o chamado “teatro sério” – quanto os espetáculos mais significativos das décadas de 30 e 40 no Rio de Janeiro que antecederam a estréia de Lúcio Cardoso nos palcos. O estudo privilegia o texto dramático cardosiano e não leva em conta aspectos do espetáculo teatral, tais como cenário, figurinos e comportamento dos atores porque não há registros gravados dos espetáculos.  
Laura Goulart Fonseca
Título: Nos labirintos da memória: a poética de Autran Dourado em Os sinos da agonia e ópera dos mortos Orientador(a):  Prof. Dr. Marcus Maia Páginas: 168 Resumo Trata-se de um estudo hermenêutico dos romances Os Sinos da Agonia e Ópera dos Mortos, de Autran Dourado. Pela interpretação original da tragédia grega e do Barroco o autor constrói narrativas labirínticas, fundadas nas técnicas da narrativa em blocos e na da falsa pessoa. Questões fundamentais como destino, tempo, ser, memória, e o próprio fazer poético, são interpretadas. As regras rígidas de composição não destroem a inventividade das obras porque se comprometem com a verdade poética, que opera em tensão com a não-verdade. A tragédia grega como tensão entre limite e não-limite. O Barroco como movimento literário vivo, em diálogo fértil com a atualidade. Os Sinos da Agonia: os três pontos de vista de uma esma história e a questão da verdade. Ópera dos Mortos e a questão da memória.  
Laura Ribeiro da Silveira
Título: Na narrativa historiográfica de Salústio: entre memória e ficção, o lugar indecidível do testemunho Orientador(a):  Prof. Dr. Henrique Fortuna Cairus Páginas: 171 Resumo A presente tese tem por objeto de estudo as relações entre história, memória, ficção, verdade e testemunho na narrativa historiográfica de Gaius Salústio Crispo, autor romano do século Ia.C., analisando-se, para tanto, as suas monografias De Coniuratione Catilinae e Bellum Iugurthinum, tomando-se os modelos gregos existentes, sua recepção no mundo romano e permanência na civilização ocidental, à luz de considerações teóricas transdisciplinares. O deslinde do texto salustiano se dá pela suspensão de fronteiras entre as áreas do conhecimento, sobretudo no terreno movediço entre história e literatura. Transita-se da Antigüidade Clássica à pós-modernidade na compreensão e contextualização de conceitos e categorias como verdade, tempo e memória, para surpreender os modos e estratégias de produção da história e da literatura em Salústio, pelo que elas engendram e refletem, tanto na crise republicana testemunhada pelo autor, quanto na sociedade brasileira do século XXI, apesar do arco temporal que a separa de Salústio.  
Luiz Manoel da Silva Oliveira
Título: Subvertendo o legado de Caliban: perspectivas pós-coloniais de superação da subalternidade em um estudo comparativo de Jasmine, Bharati Mukherjee, e Alias Grace, de Margaret Atwood Orientador(a):  Prof. Dr. Peonia Viana Guedes (UERJ) Páginas: 262 Resumo O objetivo principal desta Tese é evidenciar a representação literária da superação da subalternidade e da conseqüente aquisição de agenciamento, voz e poder pelo sujeito póscolonial feminino, nos romances contemporâneos em língua inglesa Jasmine, de Bharati Mukherjee, e Alias Grace, de Margaret Atwood. Para atingir esta meta, optou-se pelas seguintes estratégias: a) considerar a personagem shakesperiana Caliban, de A Tempestade, como metáfora fundacional dos sujeitos colonizados representados literariamente, enfatizando o seu potencial de resistência à dominação do colonizador europeu, simbolizado por Próspero, através do aprendizado da língua inglesa; b) estabelecer relações intertextuais significativas entre obras literárias em inglês contendo representações dos colonizados com os romances estudados, para avaliar, sob uma ótica comparatista, a complexidade do processo de construção das identidades híbridas do sujeito subalterno, em geral, e em condição feminina, especificamente, assim como a sua liberação das características subalternas herdadas de Caliban; c) ressaltar o papel fundamental das Teorias Pós-Estruturalistas, do cruzamento das Teorias Feministas com as Teorias Pós-Coloniais, e da Desconstrução derrideana para o estudo do processo de formação de identidade das protagonistas dos romances em causa, focalizando em especial a correlação existente entre a fragmentação das narrativas dos romances e das personalidades de Jasmine e Grace Marks; e, por fim, d) sublinhar a relevância do domínio da língua inglesa para a emancipação do sujeito pós-colonial feminino. Embora tenha havido um diálogo com diversas correntes do pensamento, privilegiaram-se nesta tese, sobretudo no que diz respeito às questões da subjetividade, identidade e alteridade, as contribuições das Teorias Pós-Estruturalistas, das Teorias Pós-Coloniais, das Teorias Feministas e dos Estudos Culturais. Destacam-se, assim, as idéias e postulados teóricos de Roland Barthes, Jacques Derrida, Michel Foucault, Roberto Fernández Retamar, Bill Ashcroft, Gayatri Chakravorty Spivak, Homi K. Bhabha, Edward W. Said, Stuart Hall, JeanFrançois Lyotard, Fredric Jameson, Sarah Mills, Luce Irigaray, Leela Gandhi, Linda Hutcheon, Ania Loomba e Patricia Waugh, dentre outros.  
Marcos de Carvalho

Título: Drama em movimento: a sinfonia de símbolos da poesia pessoana

 

Maria de Lourdes de Melo Pinto

Título: Memória de autoria feminina nas primeiras décadas do século XX: a emergência da obra periodística de Chrysanthème.

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Angélica Maria Santos Soares

Páginas: 269

Resumo

Esta tese tem por objetivo inventariar toda a produção cronística de Chrysanthème, pseudônimo de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello de Vasconcellos, publicada em A Imprensa, O Paiz, Correio Paulistano, O Mundo Literário, Única, Diário de Notícias, O Cruzeiro e Gazeta de Notícias, perfazendo um total de 1.530 escritos, considerando-se de suma importância, para os estudos literários, o resgate de obras de autoria feminina, que não tiveram visibilidade de sua crítica contemporânea. Apresenta as transformações da crônica dentro do universo literário e caracteriza o gênero, apontando estratégias que a tornem um possível exercício para o registro da memória feminina, com base em considerações de alguns teóricos que se debruçaram sobre a temática da memória. Tece ainda a leitura de crônicas de Chrysanthème, selecionadas entre o período de 1907 e 1948, voltadas para espelhos da condição feminina, indicações da crítica de costumes e imagens de contextos sócio-políticos.

 

Maria Luiza Franco Busse

Título: Então a China: uma análise semiológica dos romances Bombons chineses e complexo de Di

Nelson Luiz Romeiro da Silva
Título: A farsa sincera: o tragicômico na crônica rodrigueana Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho Páginas: 168 Resumo A crônica de Nelson Rodrigues é, com certeza, uma presença literária que permite, à psicanálise extensiva, um instrumento fundamental de ilustração da arte e de sua função propriamente dita. Traz sua verdadeira lógica subversiva enquanto relação ao seu legítimo progresso. Sabe perfeitamente enquanto obra diferenciar moralidade, mentalidade e fetichismo. Tinha a percepção de que a genealogia da arte era mais importante que lhe estudar os efeitos sociais da mesma. Foi uma matriz fértil e invasora da cultura de massa, e soube como poucos enfatizar uma antropologia do kitsch do mercado modelo, o folhetim a novela a crônica o seriado e o romance policial.Compreendeu como poucos a nova e impositiva estética das mídias transitando nas estéticas intelectuais vigentes. Sempre antecipou no seu texto a diferença e a lei divina “não matarás”, sublimando no seu texto o constante e atual mal estar da civilização. Desvelou um Brasil inédito, pela sua novidade sublimatória. Revelou ao país o sans lê savoir. Introduziu nossa única lógica narcísica quando inventou nosso primário futebol, o de Garrincha e Pelé, deixávamos de ser feridos e passamos a fazer piadas. Soube como poucos diferenciar burrice da loucura. Talvez por isso tão paradoxal e tão significante. Uma humilhação de coragem alheia.  
Nilton José dos Anjos de Oliveira
Título: Frei Luis de León: do cantar dos cantares refewrido a Jó Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho Páginas: 225 Resumo Luis de León foi o mais importante tradutor da Universidade de Salamanca no século XVI. Dentre as obras que traduziu nos ocupamos neste trabalho, fundamentalmente, de seus comentários a dois livros veterotestamentários: o Cântico dos Cânticos e o Livro de Jó – os únicos livros bíblicos que ele traduziu por completo. A questão que permeou toda a tese foi: por que esses dois livros e não outros? Quais as relações possíveis entre eles? O primeiro, um canto nupcial, amores, o canto que se sobrepõe a todos os outros, o canto de amor; o segundo, o sofrimento do inocente transcrito em poéticos clamores, beirando o absurdo e a desdita. Poeticamente, nos ocupamos de certos ‘paralelismos’ temáticos que se insurgiam tanto num livro quanto no outro: a sombra, proximidade e distância, o toque, a esperança, os campos, fluxos e refluxos da vida. Além de alguns retóricos e poetas romanos, Luis de Léon foi influenciado por Agostinho de Hipona e são Jerônimo. Do mundo medieval, teve Petrarca como grande referência e, do moderno, Erasmo de Roterdã. Em função disso, nos ocupamos mais ou menos detidamente desses autores que supracitamos. Um outro viés relevante em nosso trabalho foi o de tentar compreender até que ponto a caridade pode se constituir em método interpretativo (da vida do texto e do texto da vida), já que esse é o cerne do livro da Doutrina Cristã de Agostinho.  
Reheniglei Araújo Rehem
Título: hipertexto.com.literatura – o processo de criação em obras de Italo Calvino Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho Páginas: 189 Resumo Esta pesquisa faz uma retomada histórica e dialética do conceito de hipertexto, apresentando-o como um corolário dos valores estéticos cultuados no último século; valores que propugnam a intertextualidade, a confusão entre os papéis do leitor e do autor, o texto escrevível e a obra aberta, tendo como objeto de análise os romances As cidades invisíveis, O castelo dos destinos cruzados e Se numa noite de inverno um viajante, do escritor italiano Italo Calvino. Esta análise discute como o conceito de hipertexto pode operar e estar presente no processo criativo em textos de papel que primam pela fragmentação, interconectividade, arquitetura labiríntica e interatividade com o leitor.  
Samuel Sampaio Abrantes

Título: A representação do corpo feminino entre 1850 e 1925 – Uma leitura interdisciplinar – nas tramas da história da moda

TESES DEFENDIDAS EM 2006

Total de teses defendidas: 21

Adriana de Fátima Barbosa Araujo
Título: Migrantes nordestinos na literatura brasileira Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de F. Coutinho Páginas: 192 Resumo Esta pesquisa é sobre os migrantes nordestinos que figuram como protagonistas em obras canônicas da literatura brasileira, mostrando como em sua trajetória, ao longo do século XX, eles passaram de tema a sujeito da narração. O corpus da pesquisa reúne Vidas secas, de Graciliano Ramos, Morte e vida Severina: auto de natal pernambucano, de João Cabral de Melo Neto, Essa terra e O cachorro e o lobo, de Antônio Torres, A hora da estrela, de Clarice Lispector e As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto. No primeiro capítulo, “Nação e região”, faz-se uma revisão da literatura regionalista brasileira para mostrar como a produção regional nordestina foi sempre encarada pela crítica por uma perspectiva preconceituosa. Os três capítulos seguintes consistem na análise do corpus e seu foco principal reside na investigação do estatuto do narrador e da natureza de seu discurso. No primeiro, estuda-se o êxodo da região rural e suas motivações e efeitos sobre os personagens; no segundo, as relações entre os migrantes e a cidade para onde eles se transferem; e, finalmente, no terceiro, a sua reconciliação com o seu local de origem. A análise aborda ainda a questão da classe social e a relação entre a cultura letrada e a oralidade. A conclusão revela que a passagem do migrante de tema a sujeito da narração na literatura brasileira é acompanhada de uma valorização cada vez maior do ponto de vista regional.  
Ana Lúcia Lima da Costa
Título: Machado de Assis tradutor: o labirinto da representação Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins Páginas: 200 Resumo Esta tese observa as relações de Machado de Assis com a tradução, que são abundantes, e de grande impulso na constituição do escritor e de sua obra. Será verificado tanto o Machado de Assis tradutor, através do exame de excertos de textos traduzidos de vários escritores de diversos gêneros e idiomas, como o Machado de Assis crítico e teórico, abordando as seguintes feições: a relação com a tradução, que ora atua como meio de modernização, ora como obstáculo ao aparecimento de talentos nacionais; a postura das literaturas periféricas e a recepção de modelos externos; a releitura da dependência cultural; a diluição de modelos exclusivos de referência; a revisão de conceitos de cópia, imitação e plágio; a relação entre tradução e processos criativos e a migração da tradução teatral para a ficção. Para isso, situamos Machado de Assis no contexto teatral dos anos de 1850 e 1860 do século XIX, passamos por sua extensa produção jornalística, na qual se notabilizou como crítico teatral e folhetinista, detendo-se também na atividade de censor do Conservatório Dramático Brasileiro que o escritor exerceu por algum tempo.  
Anderson Figueiredo Brandão
Título: O teatro desagradável de Nelson Rodrigues Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins Páginas: 255 Resumo No início de sua produção dramática, nos idos anos 40 do século XX, Nelson Falcão Rodrigues (1912-1980) escreveu a série de peças que ele denominou de “desagradáveis”: Album de família, Anjo negro, Senhora dos afogados e Dorotéia. Esses textos criavam uma imediata identificação dos leitores das tramas, pois os personagens habitavam os paradigmas da cultura brasileira. Muitas vezes horrorizado, aquele que assistia às encenações dessas peças, via esses personagens cometerem as mais sórdidas transgressões no palco, o que lhe causava o efeito “desagradável” de estar diante de espelhos retorcidos que, no início, foram límpidas identificações. Este ensaio procura desvendar os meandros dessas peças ao compará-las a determinados dados culturais de sua época de formação. Buscamos compreender que o desagradável não foi uma premissa de Nelson Rodrigues, mas que esteve presente em autores consagrados da literatura ocidental, como Emily Brontë, Charles Baudelaire, Marquês de Sade e Franz Kafka.  
Anna Beatriz da Silveira Paula
Título: Margens silenciosas: a escritura da mulher na literatura indiana contemporânea Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Helena Parente Cunha Páginas: 185    
Ataíde José Mescolin Veloso

Título: Num copo de mar, o canto de Orfeu

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Helena Parente Cunha

Páginas: 258

Resumo

Este trabalho é uma reflexão a respeito de algumas questões centrais no pensamento de Martin Heidegger: a hermenêutica, a linguagem, a obra de arte, o sagrado e a memória. Nessa experiência com o extraordinário, a poética de Jorge de Lima se constrói: é o canto de Orfeu que celebra o duplo domínio da vida e da morte.

 

Beny Ribeiro dos Santos

Título: Os conceitos de ficção e verdade em Platão, Nietzsche e Bernardo Carvalho

Orientador(a):  Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho

Páginas: 216

Resumo

A tese apresenta um estudo comparativo dos conceitos de ficção e verdade presentes nos diálogos de Platão, nos aforismos de Nietzsche e nos romances de Bernardo Carvalho. A presunção enganosa da verdade substancial que subordina a ficção mimética à reprodução de um mundo previamente constituído é posta em questão através da crítica dirigida à natureza objetiva da pesquisa da verdade imutável na dialética platônica. A domesticação da ficção poética na teoria do conhecimento platônica é considerada sob uma variedade de pontos de vista que esclarecem o substrato metafísico do discurso filosófico quando desqualifica a precariedade da verdade múltipla e transitória. Se a teoria das idéias com seus arquétipos de formação do cidadão e da cidade tornou-se possível no interior da cultura que concedia um grande valor ao cosmo de ordem equilibrada, harmônica e perfeita, não é menos verdadeiro que a mudança dos fundamentos que constituem os paradigmas conceituais trouxe a efetiva possibilidade de se verem os conceitos de ficção e verdade como formas da evolução de idéias mutantes e conflitivas. A crítica nietzscheana à crença compulsiva na realidade do ser imutável, como também no critério de verdade da razão objetiva, serve de base fundamental à problematização da auto-suficiência da verdade que se considera imutável e uniforme. A suspeita que paira sobre a natureza de cada realidade ser realmente o que parece ser na narrativa de Bernardo Carvalho revela que o problema do fundamento da existência não é uma questão exclusiva de um campo específico do conhecimento. O esforço por se conservar no interior da tensão constitutiva da realidade faz com que a narrativa de Bernardo Carvalho recuse a evidência necessária do ser bem formado e explore um domínio em que falta determinação essencial à natureza da verdade para que se apresente como uma realidade completa. Platão, Nietzsche e Bernardo Carvalho protagonizam nesta tese uma reflexão abrangente sobre a natureza do verdadeiro e do ficcional como formas de conhecimento do mundo (in)determinado.

 

Danielle dos Santos Corpas

Título: O jagunço somos nós: visões do Brasil na crítica de Grande sertão: veredas

Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins

Páginas: 272

Resumo

Esta análise da recepção de Grande sertão: veredas no Brasil reflete sobre procedimentos e resultados de uma parcela de sua fortuna crítica: aquela em que se engendram interpretações do romance de Guimarães Rosa nas quais é posta em discussão alguma possibilidade de vínculo entre a configuração estética do livro e processos políticos e sociais vividos no país.

 

Ercília Bittencourt Dantas

Título: Dialética do escuro e das luzes em Clarice Lispector

Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins

Páginas: 244

Resumo

Esta Tese analisa A maçã no escuro (1961), quarto romance de Clarice Lispector, à luz da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, especialmente da Dialética do esclarecimento (1947), de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. Segundo eles, a origem da calamidade hoje é uma tripla dominação: da natureza pelos seres humanos; dentro deles e, em ambas, a dominação de uns sobre outros. Afirmam que o mito já é esclarecimento e o esclarecimento reverte à mitologia. Nosso principal objetivo é provar que A maçã no escuro revigora o mito de Adão e Eva: a trajetória de Martim refaz simbolicamente a gênesis do mundo e do homem num percurso dialético que vai da culpa à expiação, da queda à salvação para alcançar a individuação e o esclarecimento. Nesse sentido, A maçã no escuro ultrapassa as fronteiras do Bildungsroman para tornar-se um moderno texto de iluminação.

 

Fabio Mario Iorio

Título: Rastros do cotidiano: futebol em versiprosa de Carlos Drummond de Andrade

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Beatriz Resende

Páginas: 349

Resumo

Rastros do cotidiano analisa a importância do futebol brasileiro nas crônicas jornalísticas de Carlos Drummond de Andrade publicadas no Correio da Manhã e no Jornal do Brasil durante 1954 até 1983 e reunidas na coletânea “Quando é dia de futebol “de 2002. Aborda o período de afirmação e supremacia da escola do futebol-arte brasileiro no âmbito internacional, enquanto resultado da participação étnica e social de grupos excluídos desde da profissionalização, dos anos 30, concomitantemente ao contexto republicano pós -1950, pressionado pela conjuntura internacional da guerra fria. As crônicas traçam a tensão entre o texto e o contexto, relacionando futebol e política, desdobrada em arte e mídia. Delimita a geração Maracanã até os anos 80, assinalando sua contribuição pelo discurso do oprimido.

 

Iolanda Cristina dos Santos

Título: O aprendizado do olhar na obra de João Guimarães Rosa

Páginas: 249

 

Irineu Eduardo Jones Corrêa

Título: Bernardo Guimarães e o paraíso obsceno: a floresta enfeitiçada e os corpos da luxúria no romantismo

Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho

Coorientador(a): Prof(a). Dr(a). Celina Maria Moreira de Mello

Páginas: 247

Resumo

Estudo sobre os poemas “Orgia dos duendes” (1865), “Elixir do pajé” e “A origem do mênstruo” (1875), de Bernardo Guimarães (1825-1884). O satanismo e a
obscenidade que os textos convocam fazem deles obras estranhas ao paraíso poético, do romantismo literário nacional. O primeiro circula em antologias oficiais, mas os outros dois são marginalizados, surgindo apenas em publicações dedicadas a obras pornográficas e marginais. As análises dos poemas colocarão em perspectiva o contexto em que eles se constituíram, considerados os valores simbólicos vigentes na literatura brasileira, do tempo em que foram escritos e em diferentes momentos em que foram lidos. Serão experimentados conceitos como campo literário, grupo hegemônico, valor, habitus, lector propostos pela teoria do poder simbólico de Pierre Bourdieu. O texto do poeta será considerado enquanto produtividade e, portanto, de leitura condicionada a novas e constantes requalificações, conforme propuseram a teoria do texto de Roland Barthes e Julia Kristeva.

 

Jorge Lopes dos Santos

Título: Violência à flor da pele – vertentes e vontades: uma abordagem poética

Orientador(a):  Prof. Dr. Edmundo Bouças Coutinho

Páginas: 206

Resumo

Este trabalho procura refletir, através da leitura de textos dramáticos, alguns tipos de violência manifestada num período compreendido dos anos 60 a 80 aproximadamente, quando uma série de modificações de ordem econômica, política e social vem refletir-se no plano da cultura, dentro do qual enfocamos a violência evidenciada nos textos teatrais como objeto de análise.Tenta-se abordar a repressão levada a cabo pelo regime militar que se instaurou no País, após o Golpe de 64.

 

José Carlos Pinheiro Prioste

Título: A unidade dual: (Manoel de Barros e a poesia)

Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins

Páginas: 218

Resumo

A poesia de Manoel de Barros destaca a palavra como invenção de um mundo no qual as oposições não constituem paradoxos, mas uma unidade complementar dos contrários. O conhecimento racional defende a separação entre o sentir e o pensar para estabelecer um método seguro e firme de uma avaliação exata da realidade e da verdade. A poesia prefere a contradição de um pensar em que os contrários, como clareza e obscuridade, se unam em uma integração indivisível. O pensar poético procura uma concepção diferente da análise linear e objetiva dos estudos literários. A linguagem deste outro pensar combina o imaginativo ao intuitivo como meio de apreensão de uma lógica próxima à condição originária do humano encoberta tanto pelo racionalismo calculador objetivo como pela linearidade objetiva.

 

José Eliseo de Barros
Título: O modernismo integralista nos romances “O esperado” e “O estrangeiro”, de Plínio Salgado Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins Páginas: 218 Resumo O objetivo desta Tese é estabelecida os limites e o caráter dos romances O Estrangeiro e O Esperado de Plínio Salgado onde o formalismo e o teleologismo se impõe de forma rigorosa: A modernização da forma e a permanência de um conteúdo reacionário, torna-se o aspecto central desta abordagem chegando ao que Bertolt Brecht caracterizar como formalismo.  
Jositania Souza dos Santos

Título: Inveja Gula e Luxúria: pecados e desejos de um corpo camaleônico

Páginas: 221

Resumo

O presente trabalho propõe-se a discutir a questão da corporeidade ao refletir sobre a relação de identidade e de alteridade perante a nova ordem corporal contemporânea. A partir de um breve roteiro histórico, o corpo emerge no momento atual potencializando a questão imagística do indivíduo em processos que incluem desde o padrão da boa forma até a body modification. Alternando-se entre o “eu” e o “outro”, o indivíduo incorpora sucessivas máscaras do cotidiano, que irrompem os domínios do corpo narrativo, subvertendo a própria escritura, a qual abre espaço para o dialogismo no texto literário tendo como base a intertextualidade, a ambigüidade e a pluralidade de sentidos, conceitos destacados pela teoria bakhtiniana. O discurso literário sinaliza na contemporaneidade para novas vertentes de subjetivação, abordadas de acordo com o viés teórico de Villaça & Góes. Convêm ainda ressaltar as considerações barthesianas acerca do corpo como signo de ruptura e prazer na estrutura ficcional. O estudo destas propostas de análise tem como base a leitura dos pecados capitais relativos à inveja, à gula e à luxúria, cujos respectivos temas servem de inspiração para as obras Mal secreto de Zuenir Ventura, O clube dos anjos de Luís Fernando Veríssimo e A casa dos budas ditosos de João Ubaldo Ribeiro, que mesmo lançadas sob a proposta de “best sellers”, não conseguiram evitar os desafios vindos do próprio interior da escrita, diminuindo os limites entre cultura erudita e cultura de massa.

 

Marcelo Diniz Martins

Título: O Elogio da Instabilidade – ensaio por uma semiologia do corpo

Páginas: 154

 

Marcos Francisco Pedrosa Sá Freire de Souza

Título: Inventário ilustrado e recepção crítica comentada dos escritos do anjo pornográfico

Orientador: Eduardo de Faria Coutinho

Páginas: 237

Resumo

Esforço de síntese sobre o inventário e a recepção crítica da obra de Nelson Rodrigues, esta Tese procede a uma avaliação de sua produção como repórter, dramaturgo, folhetinista, contista e cronista, destacando três pontos que exercem centralidade em sua escrita: o interesse por explorar discursivamente uma dimensão mítica em seus textos, o questionamento permanente sobre os limites entre fato e ficção e o gosto em trabalhar um pensamento que tem o paradoxo como matriz. Esses três aspectos são destacados através de análise das reportagens, peças, folhetins, contos, crônicas, em exame que discorre sobre a linguagem trabalhada no âmbito mais amplo do discurso e em detalhes formais na estrutura dos períodos, orações, frases e mesmo do repertório vocabular do texto nelsonrodrigueano. É nesse momento que encontramos um criador de narrativas ricas em sua diversidade de abordagem de temas recorrentes, um escritor com raro dom para o estabelecimento de imagens de efeito surpreendente, além de deflagrador de expressões e repertório lexical personalíssimos. Por trás de toda a discussão levada a efeito nesse longo ensaio, temos uma perspectiva que se ancora nos estudos em Literatura Comparada.

 

Maria Beatriz G. L. de Albernaz
Título: Paidéia poética na cidade sitiada: um estudo baseado em Clarice Lispector Orientador: Manuel Antonio de Castro Páginas: 300 Resumo A leitura do romance “A cidade sitiada” de Clarice Lispector, assim como de outras duas obras da mesma autora: “A maçã no escuro” e “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” baseou-se na premissa da aprendizagem poética na cidade. No interrelacionamento das trajetórias dos personagens dessas três obras, foi possível perceber a originariedade do pensamento pelo exercício do olhar, o processo de cidadanização pelo “caminho do campo” e a descoberta da cidade como lugar de realização prazerosa de si-próprio. A interpretação foi aprofundada pela retomada de algumas questões levantadas por Martim Heidegger, principalmente a visão do pensamento enquanto poiesis, a percepção das coisas como um “nó de luta” das dimensões Terra e Mundo, e a possibilidade da linguagem des-velar a verdade de ser. O trabalho foi escrito de modo que suas partes possam ser lidas como ciclos, em aproximações sucessivas das obras: parte-se de um posicionamento em relação à educação, ao poder e às possibilidades do pensamento realizado na proximidade com as coisas; busca-se um despojamento do discurso com a desconstrução de conceitos tradicionais ligados à aprendizagem; destacam-se modos de perceber a poiesis na cidade; ensaia-se a identificação possível entre o urbano e o humano; e chega-se à participação da poética perceptível nas obras investigadas, pela escritura de poemas da cidade enquanto lugar de céu, de terra, de mortalidade e de mistério.  
Monica Amim
Título: MABBINOGION: o maravilhoso e o utópico na construção da identidade galesa Orientador: Eduardo de Faria Coutinho Páginas: 208 Resumo A partir de uma reflexão sobre os elementos do maravilhoso e do utópico, presentes no conjunto das onze narrativas galesas denominadas Mabinogion, este trabalho tem como objetivo discutir quatro eixos temáticos relevantes que emergem da leitura dos textos. Assim, a importância do ato de narrar, as relações entre os poderes mágicos e o poder temporal, o papel da mulher e as linhagens, e as utopias medievais recriadas no texto são as linhas mestras para nossa reflexão. Em nosso percurso para abordar esses eixos temáticos procuramos oferecer – de modo a proporcionar ao leitor uma melhor compreensão das narrativas analisadas – um breve panorama da cultura celta e da literatura galesa medieval, um resumo dos principais aspectos do contexto sócio-político e cultural da Europa e do País de Gales entre os séculos XI e XIV e uma revisão das principais teorias e formulações (apresentadas por teóricos da literatura e por historiadores) sobre os elementos do maravilhoso e do utópico. Finalmente, ao procedermos à análise do tratamento dado nessas narrativas aos quatro eixos temáticos selecionados, procuramos refletir sobre a relevância do papel da narração na construção da identidade nacional galesa.  
Perola Engellaum

Título: Samuel Rawet – a alma que sangra

Orientador: Eduardo de Faria Coutinho

Páginas: 104

Resumo

Esta tese tem como um dos objetivos fazer renascer o interesse  pela leitura da obra de Samuel Rawet, cuja obra foi  em parte  republicada em finais de 2004 pela editora Civilização Brasileira. E despertar nos meios acadêmicos o desejo de melhor entendê­la. Na primeira seção lançamos as diretrizes básicas que nortearão  nosso enfoque, do ponto de vista teórico , no qual tentamos combinar  sempre que possível, elementos histórico sociais da época em que  nosso escritor viveu  com as questões pertinentes da  expressão da  identidade judaica diaspórica na referida obra. 
No segundo capítulo abordamos a fortuna crítica de Rawet, que  não é vasta. Na terceira seção apresentamos conjugação entre vida e obra. Na quarta seção apresentamos reflexões minuciosas sobre  a  novela Abama. Na quinta seção com o mesmo cuidado escrevemossobre Viagens de Ahasverus. É claro que estão presentes as necessáriasIntrodução, Conclusão  e Bibliografia. Apresentamos ainda um Anexo, que julgamos enriquecer a  compreensão das segunda e terceira seções

 

Vicente Marins Rangel Junior

Título: As artes do Daimon: à procura de uma poética perdida

Orientador: Antonio Jardim

Páginas: 423

Resumo

A partir da hipótese da existência, no ser humano, de uma contraparte não-material que recebe a denominação de espírito (pneuma) ou alma (psyché), e da conseqüente pressuposição de sua sobrevivência à morte dos corpos densos – idéia fundamentada em antigas e modernas concepções filosóficas, científicas e religiosas formuladas pela humanidade – , o presente estudo visa a investigar a atuação desse elemento (também conhecido na cultura grega antiga sob o nome enigmático e polissêmico de daimon) na produção de obras de arte, quer no apelo ao “inconsciente” (entendido como repositório de conhecimentos localizados no psiquismo do próprio artista), quer na incidência de influências externas (oriundas de personalidades estranhas a este mesmo psiquismo). Tal atuação, que se presentifica na história da poiesis como inspiração, foi classificada em dois tipos principais: o endógeno, no primeiro caso, e o exógeno, no segundo. São reportados, no de-curso da arte ocidental, vários exemplos que atestam a ocorrência concreta do fenômeno inspirativo ou intuitivo no campo da gênese artística. Em torno desta constatação, resultante da investigação empreendida, procede-se então a um protesto veemente contra a redução/compressão das dimensões da realidade – fato verificado na histórica e sistemática negação do fator espiritual na procedência das obras de arte – , seguido de uma provocadora sugestão de alargamento daquelas mesmas dimensões configurativas do real, a partir da possibilidade concreta de vigência de um outro nível de realidade, paralelo ao nível tangível, cujos contornos abrem novas possibilidades interpretativas do fenômeno “poiético”, entendido como fruto das relações entre os mecanismos psíquicos do artista criador e a correspondente praxis criativa. Levantando elementos conceituais oriundos de sistemas espiritualistas de abordagem do real, mais especificamente o corpus doutrinário do Espiritismo, no qual se baseiam explicações e categorizações aqui presentes, o texto se dis-põe na interseção de disciplinas literárias, estéticas, filosóficas, psicológicas, científicas e religiosas, realizando na prática uma interdisciplinaridade cujo objetivo é o aclaramento de uma origem específica da obra de arte – o que nos permite considerá-lo, na medida em que propõe uma di-ferente descrição do processo criativo em sua proveniência imediata, um trabalho de caráter “genético”, no qual se estabelecem os fundamentos de uma vertente pneumática ou mediúnica na pro-dução de obras de arte.