teses

Quadriênio 2012 - 2009

Total de teses defendidas: 34

TESES DEFENDIDAS EM 2012

Total de teses defendidas: 02

Leila Míccolis
Título: O épico poético brasileiro: reescrevendo a nação

Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho

Co-orientador(a):  Prof. Dr. Henrique Cairus Fortuna

Páginas: 229

Resumo

Nossa intenção, na presente tese, foi enveredar pela trilha pouco ou nada desbravada pelos ensaios teóricos, na direção de aproximar o épico poético brasileiro contemporâneo de questões relativas à nação, ao nacional, incorporando as mudanças conceituais recentes, oriundas principalmente dos estudos pós-colonialistas, à Teoria Literária, mais especificamente à área taxinômica, geralmente circunscrita ao âmbito literário e alijada dos debates sociopolíticos e econômicos mais abrangentes. Escolhemos um corpus triplo para desenvolver nossa argumentação: Calabar – um poema dramático, de Lêdo Ivo, Camongo, de Gilberto Mendonça Teles – cordel –, e Manu Çaruê, de Geraldo Carneiro, por serem três obras escritas no mesmo período, década de 1980, porém por cada uma delas tratar da perspectiva nacional de modo próprio e diferenciado. Encontramos no levantamento de seus respectivos intradiscursos uma riquíssima heterogeneidade de questões – desde o “balbucio teórico” das nações do terceiro mundo até a poesia contracultural “desbundada” da Geração 70, como reação à violenta repressão ditatorial; no macro interdiscurso com que dialogam, vimos a oportunidade de tratar de temas atuais como a quinta-fronteira, o multiculturalismo, o transculturalismo, a criação do entrelugar, o regionalismo como espaço estigmatizado, a Modernidade Líquida, a mudança na formação da sensibilidade, entre vários outros aspectos, demostrando que o épico poético contemporâneo brasileiro exerce uma ferrenha crítica à sociedade atual – exacerbadamente consumista e individualista – e reescreve o nacional não no sentido de refazê-lo, mas sim no de escrevê-lo e lê-lo de modo diferente (não assim), nesses nossos tempos atuais de declínio do Estado-Nação.

Palavras chaves: Taxinomia, nação, Calabar, Lêdo Ivo, Camongo, Gilberto Mendonça Teles, Manu Çaruê, Geraldo Carneiro, contemporaneidade, Teoria Literária.

Abstract

Our purpose, in the present thesis, was to head for the trail practically unexploited by the theoretical essays, in the sense of approaching the contemporary Brazilian’s epic poetic of questions related to the nation, the national, incorporating the recent conceptual changes, mainly brought about post colonialist studies, to the Literary Theory, most specifically to the taxonomic area, generally limited to the literary ambit and ignored in the more wide-ranging socio-political and economical debates. We chose a triple corpus to develop our argument: Calabar – a dramatic poem by Lêdo Ivo, Camongo, by Gilberto Mendonça Teles – cordel (String Literature), and Manu Çaruê, by Geraldo Carneiro, since they are works written in the same period, 1980’s decade, although each one focuses on the national perspective in a peculiar and distinct way. During the survey about their respective intra-discourses, we found a very rich heterogeneity of questions – from the “theoretical babbling” of the Third World nations up to the “desbundada” countercultural poetry of the 70´s Generation, as a reaction against the violent dictatorial repression; in the macro interdiscourse they dialog with, we saw the opportunity of approaching current themes such as the fifth-frontier, the multiculturalism, the transculturalism, the between-place creation, the regionalism as a stigmatized space, the Liquid Modernity, the change in the sensitivity’s formation, among various other aspects, demonstrating that the contemporary Brazilian’s epic poetic is extremely critical of the current society – extremely consumerist and individualistic – and rewrites the national, not in the sense of remaking it, but in the sense of writing and reading it in a different way (not like this), on those current times of the Nation-State’s decline.

Keywords: Taxonomy, nation, Calabar, Lêdo Ivo, Camongo, Gilberto Mendonça Teles, Manu Çaruê, Geraldo Carneiro, contemporaneity, Literary Theory.

 

Osmar Soares da Silva Filho
Título: “A alma ao nível da terra”: (Ressonâncias do “Amém” na poesia de Cecília Meireles)

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Angélica Maria Santos Soares

Páginas: 215

Resumo

Este trabalho é uma leitura das questões suscitadas pelo poema “Amém”, de Cecília Meireles (1901-1964), publicado originalmente no volume Vaga Música, de 1942. Os versos do poema nos levam, em diálogo com o pensamento de Heráclito (aprox. 540 a.C. – 470 a.C), Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), Martin Heidegger (1889 – 1976) e Hannah Arendt (1906 – 1975), a repensarmos os sentidos de phýsis e suas referências ao homem no ocidente. A primeira estrofe de “Amém” põe em questão a linguagem e a capacidade humana de atribuir verdade ao dizer. A segunda estrofe nos apresenta a imagem poética da “profusão do mundo”, que nos convoca a revisitarmos a essência da ciência e a relação do homem com outros elementos da Natureza. Com a terceira estrofe, entra em questão a técnica, a qual chamamos de “quadratura do círculo”, emblema da tentativa de medida e de controle do homem sobre todas as coisas. Com a última estrofe, percebemos como o dizer poético propõe uma diferente tomada de posição do homem no mundo, não pelas hierarquias ou pela dominação dos outros elementos da Natureza, mas pela compreensão de que a “alma” humana está “ao nível da terra”, postura que Cecília Meireles, em toda sua obra poética, visa, ecopoeticamente, a resgatar.

 

TESES DEFENDIDAS EM 2011

Total de teses defendidas: 03

Licia Maria Kelmer Paranhos
Título: O mundo justo está nas mãos de quem? Uma análise da obra de J.M. Coetzee

Orientador(a):  Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins 

Páginas: 213

Resumo

Tomando como base o cenário presente em que as subjetividades pouco se delimitam, em que as crises identitárias colocam o homem à mercê de uma obscura realidade e de uma temporalidade pouco reconhecível, este trabalho investiga na obra de J.M.Coetzee a representação dessa crise por que passa o homem contemporâneo.Como objeto de análise foram selecionadas as obras Desonra (1999), A Vida dos Animais (1999) , Elizabeth Costello (2003) e Homem Lento (2005) de J.M.Coetzee. A pesquisa trata da maneira como a produção ficcional e suas relações contextuais com a cultura e a sociedade apontam para novos paradigmas culturais que reflitam as urgentes demandas que se impõem ao homem contemporâneo. Desse modo, a investigação desenvolve-se em torno dos seguintes eixos temáticos: a crise de representação que se agudizou nos últimos anos do século XX, problematizando questões como o esvaziamento do sentido histórico e de sua matriz utópica a partir da descrença em um conceito de verdade, bem como a impossibilidade da experiência plena e de sua transmissibilidade; a crise de valores que se inscreve neste contexto, cenário em permanente desestabilização das subjetividades e das marcas identitárias, e a maneira como essa crise desdobra uma reflexão à luz da arte literária, em cuja representação se configuram a visão de um mundo opressivo e anárquico e a necessidade de se estabelecer novos padrões éticos que dêem conta desta realidade na qual o sujeito está vulnerável a circunstâncias inimagináveis. O método utilizado é o da sociologia crítica da cultura, iluminado pelo pensamento da filosofia na medida do necessário e do possível. A pesquisa procura mostrar como a crise de representação do sujeito, condicionada ao esvaziamento da crença em um projeto utópico, desdobra-se na reflexão de uma nova base ética que conduza “as escolhas” do século XXI.

 

Patricia da Silva Carmello
Título: Memória e esquecimento no Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa: travessia e melancolia

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Vera Lins

Páginas: 225

Resumo

A presente tese tem por objetivo pesquisar as noções de memória e esquecimento no romance Grande Sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, tomando como principal orientação a fala de Riobaldo, seu narrador. Partindo das articulações entre a memória coletiva, a memória individual e a narrativa, encontra-se uma concepção de memória, no romance, como uma terceira instância, estabelecida sempre como negatividade, pautada nas concepções de inconsciente e real, de Freud e Lacan; e na concepção de um tempo-de-agora, ou tempo entrecruzado de Walter Benjamin. A tensão entre a travessia e a melancolia insere-se tanto nos aspectos históricos e coletivos da rememoração – no testemunho do narrador sobre a cidade que vem acabar com o sertão – como nos entraves para atravessar o trauma relacionado a Diadorim. O processo de rememoração de Riobaldo é concebido como composto de temporalidades que se sobrepõem, como uma montagem não-linear e não-objetiva, constituída a partir dos erros e fracassos da memória, que apontam para sua dimensão de fantasma, de ficção e de esquecimento.

 

Peri Santoro
Título: A hermenêutica da performance musical: uma poética da interpretação da obra de arte

Orientador(a):  Prof. Dr. Antonio José Jardim e Castro

Páginas: 212

Resumo

Este trabalho de hermenêutica trata da interpretação poética de obras musicais através da apreciação e da performance. Foram feitas abordagens interpretativas de gêneros e obras musicais significativas no percurso artístico do autor, do ponto de vista da apreciação poética e pedagógica, tais como as Cantigas Medievais, a Ópera Orfeo de Monteverdi e a Seresta nº 5 de H. Villa-Lobos: Modinha. Também foi estudado o conto “Minha Gente” da obra “Sagarana” de Guimarães Rosa, de onde se procurou desvelar a música do texto. O revival da música antiga, a questão do erudito e do popular, o oral e o escrito, a permanência e atualidade da obra de arte e a inegalité, do ponto de vista da poética da obra, foram questões norteadoras deste exercício hermenêutico. A escuta poética e o diálogo profícuo entre obra e ouvinte resultaram nos métodos de interpretação poética, razão de ser deste trabalho.

 

TESES DEFENDIDAS EM 2010

Total de teses defendidas: 11

André Gonçalves Lopes
Título: O fragmento barthesiano: quando a inquietante filosofia procura uma nova linguagem dentro da dúbia poesia.

Orientador(a):  Prof. Dr. Antônio José Jardim e Castro

Páginas: 366

Resumo

Este trabalho, tripartido, trata da Fotografia a partir da visão de Roland Barthes transpassando-a com o conhecimento de outros do ramo da foto-edição; Escritura Curta e sua eficiente maneira de comunicar e curiosa forma de fazer Arte; terminando com Diário assunto muito usado na prática e ainda assim pouco pesquisado em teoria. Como objetivo secundário, pretendemos a partir do corpus observados e teoria estudada criar outras teorias, para que tais temas nunca terminem de dizer.

 

Antônio Carlos Alves da Silva
Título: O sentir como linguagem: mito-religião-cultura

Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro

Páginas: 201

Resumo

A tese, essa con-junção, é uma reaproximação da intersecção e da referência inaugural, originária, existente entre mito, religião, cultura e linguagem. A releitura tenta trazer à cena as relações fundamentais próprias de todas essas conjecturas da história do ser do ente. Nesse percurso, ora elas são apreciadas pelo vigor de sua própria vigência inaugural e ainda presente, ora são consideradas pelas indisposições que a modernidade a elas conferiu ao longo do percurso do mundo ocidental e o seu pensar metafísico. A tentativa de tal interpretação é de buscar refazer o percurso ontológico que permanece contido em cada uma das quatro referências a partir da dimensão e do vigor do sentir, de modo que o senti(n)do se mostre como o ser sendo e se coloque como também instância originária do pensar e do ser como linguagem, congraçando physis, logos e alétheia no destino histórico da humanidade dessa terra

 

Bárbara Maia das Neves
Título: O ser, o não ser e muitas questões: estudando pestes e epidemias nas obras Doomsday bookm de Connie Willis, e Oryx e Crake, de Margaret Atwood

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Angélica Maria S. Soares

Páginas: 164

Resumo

O objetivo principal desta Tese é evidenciar a representação literária das doenças e epidemias e como estas por vezes são mais impactantes nos seus aspectos sociais e psicológicos do que na própria questão biológica em si; tudo com base nos romances contemporâneos em língua inglesa, Doomsday Book, de Connie Willis, e Oryx e Crake, de Margaret Atwood. Para atingir esta meta, optou-se pelas seguintes estratégias: a) considerar as personagens doentes das duas obras, e também de textos complementares, como metáforas dos problemas enfrentados pelos corpos doentes e sua busca por aceitação dentro de um dado grupo social; b) estabelecer relações intertextuais significativas entre obras literárias em inglês contendo representações dos corpos doentes com os romances estudados, para avaliar a complexidade do processo de abordagem sobre apocalipses, mortes e estados de destruição iminentes; c) ressaltar o papel da ficção científica, em especial das distopias, como gênero literário de importância, sendo um tipo de literatura de denúncia de pontos negativos de um dado ambiente/grupo que mereçam destaque na mente do leitor; e, por fim, d) destacar aspectos ecocríticos, ressaltando como a importância do meio ambiente vai além dos grupos de proteção animal e/ou ambiental, e como a ecologia também encontra seu lugar dentro do universo literário. Embora tenha havido um diálogo com diversas correntes do pensamento, privilegiaram-se nesta tese, sobretudo no que diz respeito às questões de saúde, doenças, papéis do leitor e do narrador, e de estudos ecológicos. Destacam-se, assim, as idéias e postulados teóricos de Félix Guattari, Michel Foucault, Theodor Adorno, Platão, Linda Hutcheon, John Clute, Peter Nicholls, Tzvetan Todorov, Charles Darwin, Susan Sontag, dentre outros.

 

Cícero César Sotero Batista

Título: O lugar dos galos de briga: Aldir Blanc e a década de 1970

Orientador(a):  Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes

Páginas: 277

Resumo

Este trabalho situa a produção da década de 1970 de Aldir Blanc. Do contexto em torno dos álbuns produzidos no período emerge a figura dos “galos de briga”, emblema da postura combativa da parceria entre João Bosco e Aldir Blanc. Nota-se um consciente discurso de oposição, tanto na audição dos LPs quanto nas declarações à imprensa, pautado pela questão do papel do artista na sociedade. Estavam em jogo não somente a oposição ao regime militar e o anseio pela redemocratização do país, mas também questões mais voltadas à classe dos músicos, tais como a luta pela arrecadação justa de direitos autorais e pela sindicalização dos compositores de música popular. Esta cartilha de princípios do papel do artista na sociedade com a qual a dupla norteava sua produção apontava que, ao lado do que cantar, havia a necessidade de entender para quem cantar, contra o que cantar e como receber de forma justa pelo que foi cantado.
Entretanto, a preocupação com o papel social do artista não era tão rígida a ponto de cercear a independência quanto ao uso de gêneros musicais. A opção da dupla por aqueles que fossem acentuadamente populares e urbanos se somava a outros gêneros musicais, formando um amplo leque de sonoridades que abrangia desde os considerados ultrapassados, como o bolero, até aqueles que incorporaram os recursos tecnológicos de estúdio, característica das produções do final da década de 1960 em diante. Este leque de sonoridades dava suporte às letras que radiografavam a realidade nacional do período com uma linguagem que podia ser tanto sério-metafórica quanto irônica ou debochada, mas sempre caracterizada pela consciência de oposição a um discurso oficial.
De suas crônicas no jornal Pasquim emerge também uma independência semelhante em relação a formas e temas em defesa de uma crítica independente que servisse de contraponto à modernização conservadora e à versão oficiosa da grande imprensa frente aos problemas nacionais da época, com um texto que transita entre a crônica de costumes e o conto humorístico, com a presença de uma linguagem coloquial e, por vezes, chula. Do ponto de vista temático, é forte a presença de tipos populares que povoam o cotidiano num testemunho da realidade social do período, além de uma visão predominantemente idílica da infância.

 

Cristiane Sampaio de Azevedo

Título: O sertão e sua desmedida: finitude e existência em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa

Orientador(a):  Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto

Páginas: 164

Resumo

O sertão e sua desmedida é o tema do presente trabalho. Nele, buscamos nos aproximar do significado insólito, inabitual, do sertão no romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Nossa leitura visa, portanto, a partir da narrativa poética e metafísica do personagem e narrador Riobaldo, sentir e pensar o sertão enquanto uma realidade que extrapola o espaço físico e geográfico, que é sem fim, que é sempre outro sendo o mesmo, ou, como diria o narrador, que “está em toda parte”. Para tanto, partimos de uma reflexão em torno da proximidade existente na obra entre poesia e pensamento. Na fala de Riobaldo, repercute um tom poético e pensante que, guiado pela intuição, coloca o “lugar sertão” a todo instante em suspenso, dando origem, assim, ao caráter insólito do mesmo. Entendemos, nesse sentido, o sertão como uma experiência que, antes de tudo, não se mede e que redimensiona a existência, alargando suas bordas, suas margens, ao permitir que ela seja, em sua finitude, infinita a cada instante; ou que o sertão, a princípio, relacionado a um determinado lugar geográfico, possa ser “dentro da gente”, isto é, possibilite a travessia para o infinito, libertando, assim, o homem do peso da temporalidade, como desejava Guimarães Rosa.

 

Hudson dos Santos Barros

Título: O sagrado e o profano na autobiografia de santidade da Commedia

Orientador(a):  Prof. Dr. João Camillo Penna e Andrea Lombardi

 

José Antônio Cavalcanti

  Título: Deslimites da prosa ficcional em Hilda Hilst: uma leitura de “Fluxo”, Estar sento. Ter sido, Tu não te moves de ti e A obscena senhora D

Orientador(a):  Profa. Dra. Angélica Soares

Páginas: 239

Resumo

A presente investigação corresponde a um caminho de leitura da complexa prosa ficcional de Hilda Hilst, particularmente das narrativas “Fluxo”, Estar sendo. Ter sido, Tu não te moves de ti e A obscena senhora D. Busca-se analisar como a ficção de Hilda Hilst corresponde ao processo de “poesia em expansão”, entendida esta como um caminho de recuperação do inaugural da escrita que produz um texto em que se conjugam simultaneamente drama, poesia e pensamento. Analisa-se como são desregulados os mecanismos representacionais da narrativa pelo apagamento de fronteiras demarcatórias e de distinções genéricas mediante intensa exploração de recursos poéticos, reflexivos e metaficcionais. Investiga-se a deriva das personagens hilstianas num mundo atravessado pelo niilismo devido ao esfacelamento do absoluto, ao hiato entre o humano e o sagrado e ao desamparo do ser humano diante da morte e do incognoscível. O descentramento do sujeito e a indiscernibilidade de fronteiras no campo da criação literária são lidos como inscrição hilstiana no originário e no aberto da obra de arte.

 

Márcia Regina Xavier da Silva

  Título: A travessia cega em torno do vazio: uma poética do desfocamento

Orientador(a):  Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto

Páginas: 196

Resumo

Este trabalho desenvolve algumas reflexões sobre a questão da alegoria do olhar vs. a metáfora da cegueira a partir do romance Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. A novidade seria o debate que a prosa do século XX em diante oferece sobre o que é chamado de “travessia sobre o vazio”, ou seja, uma assunção da condição humana, reconhecendo que há o vazio como operacionalização do movimento de vida e como resto do desejo não acolhido na sua integridade. Logo, esta mesma literatura seria o lugar de trânsito do malestar, da falta, apontando e nomeando os “hiatos”.
O método utilizado é o da sociologia crítica da cultura, sempre iluminado pelo pensamento da psicanálise, na medida do necessário e do possível. Freud acentua que a civilização é necessária e imperfeita e o quanto haverá sempre um resto de insatisfação perante o mundo e o sujeito, que não poderá ser abolido. Por meio dessas metodologias, são analisados os processos de esvaziamento e questionamento das personagens, a fim de debater as ações humanas que são narradas, por intermédio de uma abordagem radical daquilo que se entende por olhar. Sobre a personagem da mulher do médico é centralizado o debate maior. Diante da necessidade que surge da própria natureza do objeto de estudo — o olhar —, participam do diálogo com o romance de Saramago três pinturas de Edward Hopper e o documentário “Janela da Alma”, de onde são retiradas observações e análises dos recursos plásticos da matéria fílmica e das telas que sustentam a tese.
Fechando o circuito, apresenta-se a teoria de uma poética do desfocamento, entendendo, grosso modo, tal prática literária como uma dissociação radical entre som (significante) e imagem (significado) numa intensificação de sentido.

 

Marcos Roma Santa

  Título: A estetização da história: o nascimento da Ideia de Arte no Ocidente

Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho

Páginas: 173

Resumo

Esta tese tem por objetivo buscar as origens do conceito de arte, distinguindo os liames sociais, culturais e mentais que favoreceram a emergência de um novo modo de percepção das produções simbólicas, a partir do alvorecer do que se convencionou chamar de modernidade, com sua consolidação, e paradoxal crise, no século XIX. Claro está que a contextualização desse processo implica observar que o capitalismo em expansão na Europa, ao mesmo tempo em que aniquilou progressiva e lentamente as práticas artesanais, ensejou a valorização de determinadas linguagens artísticas que, embora nascidas da tradição popular, romperam com ela, em favor de uma sofisticada especialização, caracterizada, principalmente, pelo exercício de uma sensibilidade refinada, associada a um elevado padrão intelectual

 

Marcus Rogério Tavares Sampaio Salgado

  Título: Vasos comunicantes: Os castelos de Huysmans Breton e Flavio de Carvalho

Orientador(a):  Prof. Dr. Luiz Edmundo Bouças Coutinho

 

TESES DEFENDIDAS EM 2009

Total de teses defendidas: 12

Ana Maria Gonçalves Lysandro de Albernaz
Título: Vertência do Viver no Grande Sertão: Veredas

Orientador(a):  Prof. Dr. Manuel Antonio Carneiro

Páginas: 175

Resumo

Este trabalho desenvolve algumas reflexões sobre a obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, a partir de uma leitura da experiência existencial e poética da personagem Riobaldo, simultaneamente à constituição do mundo que habita, o sertão – coalescente realização denominada na narrativa como travessia. Da força agraciadora que a propicia – reconhecida como a personagem Diadorim – ao consumar de sua manifestação como linguagem, poeticamente, se revela o percurso ontológico de dimensionamento humano, cujo esforço hermenêutico, compreendido como diálogo criativo com a obra, reverbera sua dinâmica constitutiva, redundando em travessia também para o leitor.

 

Celso Garcia de Araújo Ramalho

Título: Música: escuta para linguagem

 

Eduardo Gatto
Título: Caminhos do ser: música e abismo

Resumo

O que nos chama são as questões. Aqui, elas se revelam na medida em que a poética pensante se dá a pensar musicalmente. A música nos toma de tal maneira que a ela nos rendemos celebrando a consagração de sua presença. Por ela, música, somos.
O trabalho que se apresenta se mostra na perspectiva dos caminhos. Os caminhos se dão na guarda e na senda do ser em seu mistério. Caminhantes, buscamos nos encontrar na referência ao que se concede ontologicamente. A música ontologicamente se manifesta em uma copertinência originária nos caminhos do ser. A partir dessa copertinência ela se dá unidade na medida do que por ela se apresenta. Portanto, buscando nos encaminharmos pelos caminhos que se mostram, buscamos a unidade própria em que a música se dá resguardada. Nessa medida, o caminho não poderia ser outro que a investigação e pesquisa profundas no âmbito do ser. Na medida em que o ser a tudo resguarda, ele resguarda a música em sua unidade de modo a conceder-se musicalmente. Assim resguardada, a música se apresenta como questão convocando para a discussão o que lhe é inevitável. Na medida do profundo, inevitavelmente se dispõe a conceder seu dito o ser, a linguagem, o homem, a música. Os caminhos do ser se revelam de modo a congregar o que se apresenta como questão que, assim, se dá resguardado no embate entre mundo e terra. Portanto, partimos em busca das questões na disposição de uma escuta atenta e cuidadosa. Em tal escuta, nos encontramos na esperança de que a poética pensante e o pensamento poetante se manifestem radicalmente a ponto de nos concederem os caminhos do ser em sua verdade. Ao longo do percurso, fazemos uso do procedimento poético hermenêutico, que procura pensar a partir da verdade das palavras. Partimos também da própria experiência com o fenômeno na medida em que ele se concede de modo inequívoco e, assim, dá a pensar poeticamente.

 

Jean Calmon Modenesi
Título: HomemTempo

Orientador(a):  Prof. Dr. João Camillo Penna

Resumo

Análise das relações estabelecidas entre a subjetividade, o Tempo e a liberdade através de uma perspectiva filosófica. Demonstração da hipótese segundo a qual, ao criar o indivíduo subjetivado ao modo do Tempo, a subjetivação engendra sua própria liberdade. Elaboração dos seguintes conceitos: HomemTempo, efeito bumerangue, retrojeção-dejeção, projeção-dejeção, injeção-ejeção. Investigação acerca das descobertas, encobrimentos, redescobertas e reencobrimentos do Tempo no âmbito do pensamento filosófico: Platão e a descoberta do passado; Kant e a descoberta do futuro; Bergson e a redescoberta do passado; Heidegger e a redescoberta do futuro; Deleuze a as sínteses do Tempo.

 

Leusane da Rocha Lordeiro

Título: O poder topográfico do signo: configurações topopoéticas da ‘Rosa’ simbólica em algumas obras literárias

 

Maria do Socorro Brito Araujo
Título: Nas quebradas da voz: o lugar e a mãe na crônica poética do rap

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Heloisa Buarque de Hollanda

Resumo

Este trabalho examina, através da crônica poética do rap, a função da mãe e a importância das quebradas – um dos nomes das favelas – para os jovens que moram nas periferias das grandes cidades no Brasil. A obra do grupo Racionais MC’s é o corpus desta análise por ser considerada uma referência importante para o hip hop nacional. O enfoque teórico foi projetado a partir das especificidades do objeto, que exige uma articulação transdisciplinar. Nesse caso, trabalhou-se com os estudos literários, a semiologia, os estudos culturais e a psicanálise. A pesquisa foi baseada também na investigação de campo, quando se visitou as quebradas onde vivem os personagens das letras do rap. Foram realizados encontros, entrevistas e trocas de mensagens com mães e rappers de várias periferias do Brasil. Este trabalho quer observar nessas formas narrativas o que dizem essas vozes quando afirmam: “o rap é uma mãe”.

 

Maximiliano Gomes Torres
Título: Literatura e ecofeminismo: uma abordagem de A força do destino, de Nélida Piñon e As doze cores do vermelho, de Helena Parente Cunha

Orientador(a):  Prof(a). Dr(a). Angélica Maria Santos Soares

Resumo

Esta Tese de Doutorado desenvolve uma abordagem dos romances As doze cores do vermelho, de Helena Parente Cunha e A força do destino, de Nélida Piñon à luz da teoria crítica ecofeminista. Partindo de uma leitura mítico-simbólica e trazendo à baila o mito de Pandora, defende-se a idéia de que o arquétipo dessa primeira mulher se mostra como uma possibilidade de interpretação da estrutura de um imaginário misógino no Ocidente. Entendendo o movimento feminista como uma prática política que sempre se revê teoricamente, apóia-se em diversas áreas do saber, que unem Feminismo e Ecologia. Esta, pensada filosoficamente, permite a ultrapassagem das dicotomias na concepção da Natureza e propicia uma compreensão mais extensa do seu significado, superando a preocupação única com o ambiental. Com apoio teórico da Ecocrítica literária e do Ecofeminismo, elabora-se uma leitura dos romances supracitados concluindo que estes estabelecem um projeto ético-estético que propõe romper com os dualismos redutores e denunciar a hegemonia do poder patriarcal, que se sustenta pela opressão. De diferentes modos, os romances focalizados contribuem para a conscientização da necessidade urgente de ações transformadoras no meio ambiente, na sociedade e na subjetividade, em busca do equilíbrio global.

 

Ronaldo Só Moutinho

Título: Quando samba e jazz dialogam acontecem caminhos poéticos doados a Cartola e Ellison?

 

Sônia de Almeida do Nascimento
Título: Música: a dinamogênese do poético

Orientador(a):  Prof. Dr. Antônio José Jardim e Castro

Páginas: 182

Resumo

Partindo da recusa em aceitar a tese como um princípio teórico averiguável e comprovável, nossa escolha nos enviou ao caminho do pensar que é deixar fazer- se: o Hermes da musicalidade. Essa é a viagem com as asas da liberdade. Isso significa que, na recusa, fizemos a verdadeira escolha e adentramos o caminho do deixar fazer-se da cadência harmoniosa. Assim, trilhamos o caminho da dinamogênese do poético como a dobra do ser. A dobra é ondulação rítmica. É movimento de proximidade e distância instaurador da medida: musicalidade. Nesse caminho, recuperando o sentido gestual/musical da palavra tese, nos jogamos na experiência de transformação também da compreensão acerca da essência da música. Essa é a experiência de pensar a essência da música como a dinamogênese do poético. Nessa caminhada, revelou-se aquela medida que faz com que todas as artes sejam Arte: a musicalidade. Afirmamos, portanto, que este é o caminho da necessária coragem para nos colocarmos no movimento dinamogênico: a dinamogênese do poético. Como dinamogênese, ou seja, como fonte da onda em movimento, a thésis, o tempo da música, se apresenta no presente estudo como o lugar da poesia, abrigando a essência velada do ritmo. Nessa caminhada também enfrentamos o confronto entre causalidade e musicalidade.

 

Stella Maria Ferreira

Título: Oscar Wilde – um corpo poéticamente mascarado de alegria nietzschiana e ressonâncias em Jorge Luis Borges, Paulo Barreto, Elysio de Carvalho e Gómes Carrillo

 

Tatiana Gueorguieva Mariz

Título: O visível do invisível

 

Theotônio de Paiva Botelho

Título: A cena aberta: o sentido e as formas arcaicas do teatro arlequinal brasileiro