dissertações
Quadriênio 2012 - 2009Total de dissertações defendidas: 41
DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS EM 2012
Total de dissertações defendidas: 27
Amanda Garcia Rendeiro
Título: LITERATURA E CIÊNCIA: DIÁLOGOS FICCIONAIS
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira
Páginas: 96
Resumo
A presente dissertação tem como objetivo discutir e problematizar a presença da ficcionalidade não apenas na literatura, mas também em um campo, a princípio, impensável, ou seja, nas ciências. Para tanto, esta pesquisa se inicia com a apresentação dos vários semantismos da palavra ficção, detém-se, a seguir, no pensamento do filósofo Hans Vainhnger, que estabeleceu uma taxionomia para as ficções no campo das ciências e, por fim, percorre as reflexões de Wolfgang Iser tanto a respeito da especificidade da ficção literária, seu estatuto, natureza e função, quanto sobre o ato de ler. Forma de conhecimento privilegiada a ficção, seja na literatura, seja nas ciências, permite o estabelecimento de um diálogo entre esses campos que parecem tão distantes um do outro. Nesse sentido, pode-se afirmar que não existe entre literatura e ciência a supremacia desta última, pois ambas, considerando a particularidade das ficções que realizam, sugerem o quanto as ficções são formas de mediação com a realidade, assim como evidenciam a complexidade de nossas relações com o mundo e a vida.
André Vinicius Lira Costa
Título: POÉTICA E MORTE NA ERA DO CIBORGUE
Orientador(a): Prof. Dr. Manuel Antonio de Castro
Páginas: 134
Resumo
A morte é uma questão universal. Em todos tempos e culturas, os homens viveram na vigência do fenômeno da morte, em vista do qual faziam a experiência da sacralidade da vida. Na pós-modernidade, contudo, a abissalidade do enigma da morte é confrontada a passos largos pelo progresso técnico, que visa a tornar os homens senhores do real, especialmente de seus próprios corpos, entendidos como organismos, sistemas de funções: verdadeiros ciborgues. Argumentamos pela essencialidade da morte, que não se limita a ser o fato do término da vida, mas atravessa-a enquanto vigência do nada. Enraizado no nada, o ser pode mais uma vez ser experienciado como poético, pois não se restringe a uma definição humana, deixando surgir o acontecimento como acontecer, sempre no limiar de vida e morte.
Bruno Bazilio Bentolila
Título: REAPROPRIAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES EM PHAEDRA´S LOVE DE SARAH KANE– ESTUDO SOBRE A RELEITURA TRÁGICA NA CONTEMPORANEIDADE
Orientador(a): Prof. Dr. João Camillo Barros de Oliveira Penna
Páginas: 167
Resumo
A Dissertação problematiza a questão da releitura da tragédia clássica pela contemporaneidade, em específico a escrita de Phaedra´s Love (O Amor de Fedra), realizada pela dramaturga inglesa Sarah Kane em 1996. A proposta desta reflexão inclui pensar como a re-escritura desta peça opera na transposição de uma ação “fora-de-cena”, encontrada desde o texto senequiano e suas releituras subsequentes, até o uso “dentro-de-cena”, proposto como gesto pós-moderno em si, assim como as demais transformações ideológicas que isso impõe.
Bruno Domingues Machado
Título: A DINÂMICA DE DELEUZE
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Ana Maria Amorim de Alencar
Páginas: 109
Resumo
Esta dissertação tem por objeto a lógica pela qual Deleuze constrói seus conceitos, e a dinâmica do real implicada por essa lógica: quando dinâmica e lógica se entrecruzam. Uma lógica que afeta diretamente o real; uma lógica que se torna um afeto do real. Para isso, a tentativa será a de mostrá-la – lógica ou dinâmica – em ação, por meio de noções que a façam e, ao mesmo tempo, extraiam algumas de suas consequências.
Carlos Andrés Alcalde Fuenzalida
Título: LA TORMENTA DE MIERDA: UMA LEITURA DO PRESENTE ATRAVÉS DA NARRATIVA DE ROBERTO BOLAÑO E DA OBRA DE WALTER BENJAMIN
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Vera Lins
Páginas: 112
Resumo
Esta dissertação é fruto da combinação de leituras de Walter Benjamin, literatura de ficção científica e literatura brasileira contemporânea, sobre a base da obra de Roberto Bolaño, cujo romance 2666 contém uma mensagem importantíssima para a compreensão da nossa época. A ideia principal consiste em que, com 2666, Bolaño construiu um emblema que retrata nossa época. Para isso se investigou 2666 em paralelo com o livro A origem do drama barroco alemão, de Walter Benjamin.
Daniela de Oliveira Carvalho
Título: OS ANÉIS DE SATURNO DE W.G. SEBALD Uma representação literária sobre a História Natural da Destruição
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Eleonora Ziller Camenietzki
Páginas: 108
Resumo
Neste trabalho o leitor irá encontrar uma análise sobre o livro Os Anéis de Saturno, de W.G. Sebald, cuja forma ensaística se configura como uma representação estética possível da violência implicada no projeto civilizacional europeu. Através de seu modo de narrar podemos revisar alguns dos pressupostos epistemológicos presentes na representação literária dos séculos XIX e XX, aos quais se correspondem determinados movimentos da história e da cultura, de modo a entrevermos uma forma literária contemporânea capaz de exercer a função de um despertar da consciência crítica a respeito de problemas específicos do nosso tempo. W.G. Sebald é o autor narrador desta prosa que, num percurso circular, partindo de fragmentos efêmeros e particulares sensíveis, aspectos comuns a uma sensibilidade pós-moderna, toca com precisão na crítica materialista da História.
Daniella Ferreira
Título: O COTIDIANO DA LOUCURA ASILADA: Lima Barreto presencia o cemitério dos vivos
Orientador(a): Prof. Dr. André Luiz de Lima Bueno
Páginas: 100
Resumo
Entre os laços que estreitam o fato e a ficção, esta dissertação pretende dar enfoque ao cotidiano da loucura, a partir de uma análise detalhada da construção do Diário do Hospício e de O cemitério dos vivos, de Lima Barreto. Durante o seu trajeto pelo hospício, o autor remonta aspectos marcantes da sociedade brasileira da Primeira República e utiliza a literatura como um projeto militante.
Elaine Zeranze Bruno
Felipe Forain Marques
Gabriel Rodrigues Lanhas
Jun Shimada de Vasconcellos Brotto
Karin Hallana Santos Silva
Leonardo Lusitano Mósso
Luciana G. Barboza
Luiz Costa Lima
Manuel Alejandro Rodríguez Rondón
Maria Castanho Caú
Mauro Sergio de Jesus Apolinário
Nathali Ramos Moura
Renata Vale Ribeiro
Renato Pardal Capistrano
Victor Figueiredo Souza Vasconcellos
Visconti Leitor
Lucas Bandeira de Melo Carvalho
Luiz Guilherme Barbosa
Pedro Barnez Pignata Cattai
Patricia Marouvo Fagundes
DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS EM 2011
Total de dissertações defendidas: 06
Carlos Eduardo Fraga da Silva
Título: Livro infantil e seus poderes: a força que tem e as que agem sobre ele
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Martha Alkmin
Páginas: 100
Resumo
O objetivo desta dissertação é relacionar a literatura infantil com as condições históricas e sociais que lhe deram origem e ainda são determinantes na sua produção. Surgida na Europa do século XVIII trás em si as marcas deste período de afirmação da burguesia e do início do que se tornaria uma indústria cultural de massa.
O romantismo foi outra influência que perdura até os dias atuais em grande parte da produção. Não só numa espécie de idealização da infância como também na forma de ver a literatura e a arte em geral. O ideário romântico está presente nesta dissertação. É com ele que indiretamente muitas vezes debatemos, pois acreditamos ser uma forte influência até os dias atuais nos textos dirigidos a crianças.
No primeiro momento são analisadas as condições históricas que propiciaram o nascimento de uma literatura infantil. Desde o seu início sempre esteve ligada a uma ideologia burguesa. Depois é analisado um texto da autora portuguesa Sophia Andersen. É um texto para crianças que justamente foi escolhido por lhes mostrar o início da formação do mundo burguês. Um texto que tenta conscientizar a criança da sua condição. A sociedade burguesa operou grandes separações. Separou os campos do saber: Isolou o estético do gnosiológico e do ético. Com isto reduziu muito o poder revolucionário tanto da arte como da ciência. Isolou também a criança do mundo através dos cuidados da família e dos muros da escola. Isto enfraqueceu os indivíduos, tornando-os obedientes e adaptados ao sistema. Diminuiu muito sua potência de pensar e agir.
É defendido que um texto emancipatório para crianças é aquele reduz a distância entre a criança e o mundo, um texto que a reaproxime da vida social. Um texto que não separasse estético do gnosiológico e do ético, que fosse além das preocupações estéticas, também poderia ser altamente emancipatório. Por isso analisamos aqui o ensaio, texto com estas características, e a possibilidade de sua utilização também para crianças. Não é a proposta aqui sugerir modelos ou normas para textos literários. Isso não teria nenhum sentido dada a singularidade da produção artística. O que se propõe no final da dissertação é se pensar a possibilidade também de um outro tipo de texto para crianças com outras preocupações além da estética.
Fábio Galera Moreira
Título: A caminho da poesia: a instauração do vigor poético como acontecimento
Orientador(a): Prof. Dr. Antonio Jardim
Páginas: 161
Resumo
Este trabalho pretende pôr em questão os fundamentos da investigação poética, objetivando abrir caminho para uma interpretação mais originária do acontecimento da poesia. Evitando as interpretações literárias fundadas numa compreensão metafísica, o trabalho propõe a investigação da instauração do vigor poético como acontecimento da verdade, procurando dimensionar o que há de mais próprio nesta busca. Esta perspectiva de investigação é fundamentada no pensamento do filósofo Martin Heidegger. Para este intento, afirmamos o primado da poesia, em detrimento das interpretações que buscam a descrição da forma e a categorização do conteúdo. Analisamos a relação entre a arte e o crítico literário, segundo a busca por uma relação proposicional de correção entre o objeto e a proposição afirmativa, o que acaba gerando o fundamento para o juízo estético. O trabalho refletiu também sobre a constituição existencial da Abertura, conceito caro ao pensamento que procura dimensionar o homem enquanto ser-no-mundo. Tematizamos ainda o silêncio da linguagem, abordamos a questão da correspondência entre o ser e a linguagem e tratamos da dimensão da verdade da palavra. Os resultados que pudemos obter mostram que o próprio do fenômeno poético referese à apropriação do acontecimento da verdade, entendida como alétheia, e também à apropriação de tempo/espaço na Abertura. A obra poética, compreendida segundo uma atitude de apropriação, provoca o obrar da obra numa dimensão em que o fazer humano perde o controle sobre o mostrar-se das palavras, instaurando a poesia num vigor mais essencial do que as categorizações do fenômeno literário.
Fábio Santana Pessanha
Título: A hermenêutica do mar em Virgílio de Lemos
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco
Páginas: 179
Resumo
Uma poética talássica… hermenêutica de águas e letras escrita a partir da comunhão que procuramos ter com os cinco poemas iniciais de Para fazer um mar, antologia que reúne um mosaico de olhares, que perpetua a transitividade entre ilhas e Índico, atravessando e ressoando o fazer poético de Virgílio de Lemos. Cinco sonetos foram lidos, interpretados e, por que não, vividos a partir dos mundos realizados no curso da leitura que empreendemos: correntes marítimas em cadência de poesia. Cinco poemas, cinco composições de ondas, cinco maneiras de estar vivo e de concentrar possibilidades de pensar a realidade, de ser mar, de ser humano, de ser.
Jucilene Braga Alves Mauricio Nogueira
Título: A busca por um “exacto limite”: modos de ser e de dizer em ritos de passagem, de Paula Tavares
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Angélica Maria Santos Soares
Páginas: 86
Resumo
Este trabalho apresenta um estudo sobre o primeiro livro de poesias da escritora angolana Paula Tavares, Ritos de Passagem (1985). Os poemas que o compõem propuseram reflexões críticas sobre a construção de um sujeito lírico que busca seu modo dizer, sua voz. Nesse sentido, observa-se que os versos delineiam caminhos que viabilizam a recriação desse processo de construção de identidade e exploram, por meio da palavra ou do silêncio, do excesso ou do vazio, as angústias de uma persona que é acentuadamente angolana e mulher. Destaca-se a forte presença da tradição na referida obra caracterizando-se como instrumento potencial para construção de uma nova realidade. Percebem-se ainda o erotismo e a memória como caminhos do discurso literário. A abordagem teórica contempla, principalmente, o estudo de Lucia Castello Branco sobre o feminino e a memória, as reflexões memorialísticas apresentadas por Ecléa Bosi, além das relações entre poesia e erotismo defendidas por Octavio Paz e Georges Bataille.
Natália da Silva Gama
Título: Partituras literárias: duo para Marcel Proust e René Girard
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Vera Lins
Páginas: 104
Resumo
Neste trabalho propomos uma leitura do romance Em busca do tempo perdido de Marcel Proust em parceria com a teoria do desejo mimético desenvolvida por René Girard. Privilegiamos para essa leitura o processo de reconhecimento da mímesis no desejo e a sua implicação tanto na literatura como na vida. Para nos auxiliar nesse projeto, recorremos aos estudos sobre a memória involuntária e a sua relação com o romance, pois se a memória transfigura o objeto, o romance nos descreve não como uma ilusão vivida no momento do desejo, mas como uma ilusão nova. A partir dessa perspectiva, acompanhamos o trabalho do narrador de salvaguardar na obra literária o tempo de outrora em seus enganos e desenganos. Tarefa de refazer travessias imaginárias, caminhos da memória, ficções, tempos perdidos e recuperados. Malhas de um pentagrama sobre o qual a escrita literária se impõe. História de um canto. Partitura para o concerto de Em busca do tempo perdido na nossa interpretação de Proust e Girard
DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS EM 2010
Total de dissertações defendidas: 11
Gregory Magalhães Costa
Título: Grande canção: civis – a Musa no texto em forma de espiral
Orientador(a): Prof. Dr. Ronaldo P. Lima Lins
Páginas: 285
Resumo
A dissertação “Grande Canção: Civis” busca extrair verdades civis das fábulas rosianas do Sertão, sobretudo no que diz respeito à tensão da primitividade, enquanto originalidade, e a imposição da civilização, encenada por meio da cena do julgamento e, não só, mas principalmente por meio do personagem Zé Bebelo. O Grande Sertão é visto como uma Grande Canção e a narrativa riobaldiana como um canto musal de sofrimento pela irreparável perda de Diadorim, representado, sobretudo, pela canção de Siruiz. A dissertação faz uso da fortuna crítica acerca da obra rosiana e situa-se na tangente das correntes que a constituem: a exegética, a sociologia e a mística
Janaína Laport Bêta
Título: Madras: as dobras do sagrado no tecido poético de Artur Bispo do Rosário
Orientador(a): Prof. Dr Manuel Antônio de Castro
Páginas: 155
Resumo
Desejo neste estudo habitar as obras que através de Arthur Bispo do Rosário vieram à presença. Uma busca por restaurar a potência do olhar pensante, habitando o que nelas se doa. Habitar é de-morar. De-morando no olhar a possibilidade de retorno ao ver inaugural, ao espanto, ao não-visto de tudo aquilo que vem à presença. Re-conhecendo, no que não se doa em totalidade ao ver, num resguardar-se, o vigorar inesgotável da própria Arte. Entrever a silenciosa e originária fonte de todo o não-visto: A Linguagem, essência da arte, morada do ser. Nas obras sua fala. As mais de oitocentas obras de Bispo o revelam como um dos guardiões dessa morada. A Linguagem fala através das obras, mas por vezes é inaudível, abafada por ensurdecedor ruído dos muitos conceitos que a história da arte enquanto disciplina formula, brada. Conceitos que disseminam ainda espécie de miopia que oculta a verdade ao submeter a Arte à razão. O exercício de pensamento proposto não buscará catalogar ou conceituar, mas dialogar com questões corporificadas em obras na condição poética do a-se-pensar. Contudo, questões que permeiam o universo de Bispo são complexas. Paradoxalmente afirmamos que tal complexidade se dá pela simplicidade que as constituem. Desabituamo-nos com o simples, soterrados sob montanha de teorias estéticas. Há que se ajustar as lentes. No percurso, avistaremos conceitos: contemporâneo, subjetividade e vanguardas artísticas – lotes lindeiros, quase miragens, ladeando veredas do próprio, do delírio inspirado, caminho que conduzirá à questões da ordem do tempo, da loucura e do sagrado.
Jander de Melo Marques Araújo
Título: Walter Benjamin: uma perspectiva literário-filosófica a partir de rua de mão única e infância berlinense por volta de 1900
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Martha Alkimin de Araújo Vieira
Páginas: 106
Resumo
A proposta da dissertação é, num primeiro momento, a defesa do viés literário no escritor alemão Walter Benjamin; busca-se enfatizar seus aspectos literários, mas não se esquecendo, a seguir, do teor filosófico do autor. Partindo desses pressupostos, a dissertação segue com a formulação de uma hipótese a que denominei filosofia em ato. Tal conceito é discutido a partir das obras mais literárias de Walter Benjamin, a saber, Rua de mão única e Infância berlinense por volta de 1900. Fazem parte também do conteúdo do trabalho considerações sobre linguagem, relacionadas especificamente à Infância berlinense, bem como a abertura de uma poética para o autor analisado.
João Paulo Goss Coelho
Título: Dança – Encaminhamento poético do repouso
Orientador(a): Prof. Dr. Manuel Antonio de Castro
Leandro Nascimento Cristino
Título: A metáfora do jogo e a resistencia pela ginga: percepções do malandro na literatura brasileira
Orientador(a): Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes
Marcela Leite Medina
Título: O secreto bailado do mar: uma leitura de No tempo dividido e Mar Novo de Sophia de Mello Breyner Andresen
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Angélica Maria Santos Soares
Páginas: 106
Resumo
Essa leitura de No Tempo Dividido e Mar Novo é um exercício de interpretação que se move no diálogo de Sophia de Mello Breyner Andresen com a vasta mitologia mediterrânea (sobretudo com a que antecede a cultura indoeuropéia). Para além das maravilhosas estórias de deuses e homens, e orientados, principalmente, pelos pensamentos de Walter Otto e Eudoro de Souza, buscamos o universo religioso dos mitos: rituais que, de fato celebravam a maravilhosa presença dos deuses. Nesse sentido, privilegiamos Homero e Hesíodo; a beleza divina de seus versos nos conduziu por uma luminosidade de poesia em que forças míticas e poéticas relacionam-se intimamente no corpo das imagens, secreto bailado do mar.
Marco Aurelio Reis
Título: A crônica de Léo Montenegro: um olhar sobre o carnaval do subúrbio do Rio entre 1965 e 2003
Orientador(a): Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes
Páginas: 157
Resumo
A presente dissertação busca resgatar crônicas escritas pelo jornalista Léo Montenegro no matutino carioca O DIA entre 1965 e 2003, ano de sua morte. A proposta foi buscar, nessas crônicas, traços de continuidade com a tradição literária nacional, em particular com a retratação do malandro, do cronismo sobre o subúrbio da cidade do Rio de Janeiro e com os textos dos cronistas de Carnaval, os chamados cronistas de Momo. O primeiro passo foi localizar e recuperar em parte crônicas que estão em sua totalidade arquivadas em empresa privada, de acesso restrito. Pontuar o estado atual em que se encontra tal acervo. Depois a proposta foi descobrir sinais claros de continuidade com o cânone literário, em especial com a obra de Lima Barreto, com a chamada dialética da malandragem e com o cronismo de Momo. Por fim, resgatou-se todo o conjunto de textos citados, entre eles o raro texto inaugural do autor no cronismo diário.
Mauricio Chamarelli Gutierrez
Título: Mar e desterritorialização: questões de escrita e devir em uma leitura de Deleuze e Melville
Orientador(a): Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto
Páginas: 109
Resumo
Este trabalho busca tecer uma leitura conjunta da obra-prima Moby Dick, de Herman Melville e de alguns conceitos da filosofia de Gilles Deleuze. Para tanto partimos ao mesmo tempo da diferença que Ismael, o narrador do romance, faz entre o mar e a terra – como duas possibilidades do espaço – e do conceito deleuzeano de devir. Em seguida, tendo em vista a reflexão de Deleuze sobre a figura do personagem Original de Melville como o traidor da ordem estabelecida e desencadeador de devires, procedemos a uma análise das linhas de força que definem alguns personagens marcantes de Moby Dick: o arpoador Queequeg, o náufrago Pip, o primeiro imediato Starbuck, o capitão monomaníaco Ahab, e ainda o protagonista da novela melvilleana Billy Budd, marinheiro. Feito isso, nos voltamos mais uma vez para o narrador Ismael, figura paradoxal e fugidia. Duplamente traidor, Ismael encarna uma espécie de síntese da selvageria marítima e da hospitalidade terrena, reunindo os termos que ele próprio havia separado. Para melhor darmos conta desta complexa figura, torna-se necessária uma problematização da escrita e do testemunho, para o que trazemos as reflexões tecidas por Giorgio Agamben em O que resta de Auschwitz. Sendo assim, somos levados a concluir por um entendimento da linguagem, a partir da ótica do testemunho de Ismael e da reflexão agambeniana, como o lugar de uma radical selvageria traidora e marítima: um devir, como diria Deleuze.
Raphaella Mendes Silva de Castro Lira
Título: Escrever é trair: o labirinto do falso em Jorge Luis Borges
Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo de Faria Coutinho
Páginas: 101
Resumo
O gênero autobiográfico sempre esteve alojado no terreno das incertezas. Fruto híbrido de relato pessoal e ficcional, a autobiografia é um perfil psicológico de um determinado eu, que coloca em jogo diversos problemas, como a memória, a construção da personalidade e mesmo a auto-análise. Outros dois gêneros relacionados à autobiografia e também marcados por grande indefinição são a biografia, espécie de retrato que visa iluminar, por meio da narração em terceira pessoa, a personalidade de um indivíduo, e a autoficção, um dos gêneros que mais se destacou nos últimos anos. Problemáticos, questionados e também motivadores de questionamentos distintos, os três formam o poliedro teórico que servirá como base para o desenvolvimento do presente trabalho. No espaço intermediário entre ficção, autoficção e (auto)biografia, encontra-se a obra de Jorge Luis Borges, escritor que nunca hesitou em fundir o factual e o imaginário em sua prosa e que, por esse mesmo motivo, deixou como legado uma das obras mais ricas da literatura hispano-americana. Assim, nos indagamos como abordar um texto de Borges, no qual todos os caminhos se confundem, criando um labirinto onde a única regra é a multiplicidade. A ficção de Jorge Luis Borges suscita diversos questionamentos acerca da relação entre autor e narrador. Como estabelecer limites entre realidade, experiência individual, autobiografia e mera reflexão? Seriam necessários os limites ou poderíamos considerar a obra de Jorge Luis Borges um grande jogo com as temáticas que encontramos no cerne de toda a literatura? São essas questões que o presente trabalho visa desenvolver.
Ronaldo Eduardo Ferrito Mendes
Título: A via excêntrica
Orientador(a): Prof. Dr. Manuel Antônio de Castro
Páginas: 78
Resumo
Nesta dissertação, pretende-se dialogar com a tradição crítica a partir de premissas tomadas como ancila nas análises críticas das obras poéticas. Propõe-se em paralelo a cada pressuposto formativo da teoria crítica, uma reflexão que parta da experiência poética da linguagem, e não de sua conceituação, a fim de distanciar a nossa proposta das orientações formalistas, estéticas e ideológicas dos estudos críticos majoritários. Propõe-se também um pensar poético da crítica, deixando-a surgir na linguagem própria à obra de arte, entendendo-a já como uma obra em diálogo com outra: o diálogo das obras se propõe como tarefa essencial da crítica. Para tanto, a dissertação propõe-se como obra que reflete criticamente a criação pela linguagem poética, mostrando-se uma proposta, tentando cumprir seu desiderato pela experiência da linguagem.
Thiago Carneiro de Almeida
Título: Adelino Magalhães: o mundo escrito por dentro
Orientador(a): Prof. Dr. Vera Lins
DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS EM 2009
Total de dissertações defendidas: 13
Carlos Eduardo S. da Cruz
Título: Pouca luz em muitas trevas Euríco Presbítero do liberalismo português.
Daniela de Araújo Vieira
Título: Alegorias da cegueira
Orientador(a): Prof. Dr. André Luis Lima Bueno
Páginas: 213
Resumo
Nessa dissertação, pretendemos analisar como se configura a forma literária em “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago, visando levantar dessa especificidade como o processo social emerge. Assim, quanto mais concentramos nossa análise no enredo, no narrador e nas personagens principais da trama, enfim, na ficção montada, no mundo particular, mais vemos projetado o universal, mediante a instauração da violência como ordem vigente na cidade fictícia, causada pela total destruição do Estado de Direito e conseqüente predomínio do Estado de Exceção como lei da selva. Dessa facilidade de romper os limites entre civilização e barbárie ensaia-se a reflexão e, porque não, a revisão de uma série de questões inerentes à condição humana na sociedade do capitalismo avançado, traduzidas pelas várias formas de alegorias da cegueira: a despolitização da polis impulsionando -a para um retorno à ordem primitiva , as várias formas de organização do Contrato Social, as relações entre o indivíduo e o coletivo, dentre outras.
Gilson Ribeiro da Silva
Título: O ocultismo na obra de Éliphas Lévi Zahed
Orientador(a): Prof. Dr. Antônio José Jardim e Castro
Páginas: 93
Resumo
Este trabalho consiste em um esforço de síntese da obra do filósofo ocultista Éliphas Lévi Zahed, no que concerne à sua teoria sobre os conhecimentos que regem secretamente a vida do homem e do universo. Para tal, foram pontua dos os elementos mais significativos desse conhecimento, sendo eles: a Cabala, o Hermetismo e a Ciência dos Números.
Natasha Alves Carvalho de Castro Rüb
Título: A ética e a estética da dor: um olhar para Fogo Morto, de José Lins do Rego
Orientador(a): Prof. Dr. Ronaldo Lima Lins
Páginas: 150
Resumo
A partir dos conceitos de ética e estética podemos delinear as representações da dor na arte. A ética é estudada e por vezes entendida como “moral”. Essa mesma, representada na arte, delineia o conceito de estética, que vem sofrendo grandes transformações ao longo dos séculos. A experiência estética que valorizava o belo, como valores morais e físicos, agora, concerne tudo que suscite algum tipo de epifania ao sujeito receptor. Em meio a essas definições, no romance Fogo Morto, de José Lins do Rego, podemos ver as formas de dor e de sublimação de seus personagens mergulhados na paisagem e na condição de vida precárias.
Marcos da Silva Coimbra
Título: Rosa na telona – a hora e a vez da imagem em movimento
Milla Benício R. de Almeida
Título: “A caverna”, de José Saramago: uma narração além do romance histórico
Mariana Quadros Pinheiro
Título: Na fenda dos dias: leituras a partir de algumas datas na obra de Armando Freitas Filho
Orientador(a): Prof. Dr. João Camillo Barros de Oliveira Penna
Páginas: 153
Resumo
Este trabalho busca iluminar as fraturas instauradas pelas marcas do calendário dispersas pela obra de Armando Freitas Filho. Para tanto, discutimos as relações e as dissociações entre o tempo crônico, registrado por algumas datas, e o tempo lingüístico, desenvolvido nos textos redigidos pelo poeta carioca. Os diferentes procedimentos de datação na obra de Freitas Filho nos levam a analisar, em três ensaios, os vários registros sugeridos pelas datas, sempre de forma lacunar. A leitura da inscrição instersticial de história, sujeito e vida é guiada por aquelas marcas resistentes à significação. Na fenda dos dias, seguimos os vestígios da cronologia.
Raul M. Borges
Título:Chico Buarque em três tempos: canção, teatro, ficção
Rosinéia de Jesus Ferreira
Título: Die Verwandlung: O mundo administrado
Sonia Branco Soares
Título: Pensamento e crítica na Rússia oitocentista: preâmbulos de uma revolução
Tatiana Maria Gandelman de Freitas
Título: Alétheia, Eídolon, Mímesis: verdade, simulacro e crise da representação em Platão
Orientador(a): Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto
Páginas: 108
Resumo
A presente dissertação de mestrado aborda a questão platônica da crise da representação(mímesis) nas artes, que está presente no seu pensamento e permance até nossos diascom o mesmo vigor. Para tanto, é imprescindível analisarmos o conceito de verdade platônica, bem como as categorias de cópia, imagem, simulacro e representação. Através de alguns diálogos escolhidos, pretendemos mostrar como Platão articula seu pensamento, colocando em questão a sofística, a poesia e a pintura, como garantia do triunfo da filosofia.
Vinícius Carvalho Pereira
Título: Literatura e abjeção: um estudo da imagem das fezes na obra de Rubem Fonseca
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Ana Maria de Amorim Alencar
Páginas: 136
Resumo
A obra de Rubem Fonseca é notória pela temática do baixo e do maldito, envolvendo as esferas da violência, do erotismo e d a abjeção. As duas primeiras instâncias têm sido muito estudadas no meio acadêmi co, havendo ampla discussão de seu rendimento literário. A esfera do abjeto, no en tanto, tem sido tratada com repulsa pelos próprios críticos, que, na maioria das vezes, a ignoram ou a subestimam. Este trabalho propõe, pois, uma análise do hórrido corpo ral na ficção fonsequiana, tomando como objeto principal de estudo uma recorrente imag em dos contos e romances do autor: as fezes. Discutindo suas dimensões literári a, psicanalítica, filosófica e cultural, esta pesquisa contribui para a compreensão de como o discurso do corpo torna-se matéria artística no corpo do discurso fonsequiano, especialmente no que tange ao secret(ad)o bolo fecal.